Estudo Bíblico de Êxodo 2

Êxodo 2 é o capítulo da Bíblia que registra o nascimento e a criação de Moisés no Egito. O estudo bíblico de Êxodo2 ainda revela como Deus preservou Moisés milagrosamente para servir como libertador do seu povo.

Por isso Êxodo 2 é um capítulo fundamental para a correta compreensão não apenas do restante do livro de Êxodo, mas também de todo o Pentateuco e, consequentemente, de toda a história de Israel no Antigo Testamento.

O esboço de Êxodo 2 pode ser organizado da seguinte forma:

  • O nascimento de Moisés (Êxodo 2:1-5).
  • A criação de Moisés no Egito (Êxodo 2:6-10).
  • Moisés mata um egípcio (Êxodo 2:11-14).
  • A fuga de Moisés para Midiã (Êxodo 2:15-22).
  • A morte de Faraó (Êxodo 2:23-25).

O nascimento de Moisés (Êxodo 2:1-5)

Êxodo 2 começa de forma simples registrando um casamento numa família levita. Mas aquele não era só mais um casamento hebreu no Egito. O fruto daquela união seria usado por Deus para mudar a história de Israel para sempre (Êxodo 2:1).

Após o casamento, a mulher concebeu e deu à luz a um filho. O menino era muito formoso, e a mulher resolveu esconde-lo por três meses. Naquele tempo havia uma ordem de Faraó para que todo menino hebreu fosse lançado no rio para não fortalecer ainda mais o povo israelita que já era muito numeroso.

Curiosamente em nenhuma parte de Êxodo 2 os nomes pessoais das pessoas envolvidas na trama são revelados – com exceção de Moisés. A mãe, o pai e a irmã do menino permanecem anônimos. Apenas mais a frente, no capítulo 6, o texto bíblico revela que os pais eram Anrão e Joquebede, e a irmã era provavelmente Miriã (Êxodo 6:20).

Por isso alguns poucos intérpretes sugerem até que Moisés não fosse filho direto de Anrão e Joquebede, mas apenas um membro de sua família, ou seja, um descendente daquele casal ­– já que é comum em genealogias antigas os ancestrais serem identificados como “pais”. Mas a melhor interpretação certamente é aquela que entende que de fato Anrão e Joquebede eram os pais de Moisés. Inclusive, Anrão era sobrinho de Joquebede. Mais tarde a Lei Mosaica acabou proibindo esse tipo de união (Levítico 18:12).

O texto bíblico de Êxodo 2 informa que quando a mãe do menino não conseguiu mais escondê-lo, ela colocou o menino dentro de um cesto de juncos de papiro trançados calafetado com betume e o soltou à beira do rio (Êxodo 2:3). A irmã mais velha do menino ficou observando de longe o que haveria de acontecer (Êxodo 2:4). Então naquele momento a filha de Faraó foi ao rio se banhar. Ela viu o cesto e pediu que sua criada o pegasse (Êxodo 2:5).

A criação de Moisés no Egito (Êxodo 2:6-10)

O texto de Êxodo 2 diz que a filha de Faraó abriu o cesto e viu o menino que chorava. Ela entendeu que se tratava de um menino hebreu, mas mesmo assim teve compaixão dele (Êxodo 2:6). Da mesma forma que a família de Moisés permanece anônima em Êxodo 2, o mesmo também ocorre com a filha de Faraó.

Nenhuma informação é dada sobre a identidade da filha de Faraó. Alguns estudiosos sugerem que talvez ela fosse a rainha de Tutmés II, e que governou o Egito em aproximadamente 1504 e 1483 a.C. De qualquer forma, a cronologia do tempo do Êxodo é uma das mais complicadas, e nada pode ser tido nesse sentido com absoluta certeza.

Após a filha de Faraó ter encontrado o cesto, rapidamente a irmã do menino entrou em cena. Ela perguntou se a filha de Faraó desejava que ela lhe arrumasse uma ama de leite entre as hebreias que pudesse criar o menino (Êxodo 2:7). A filha de Faraó aprovou a ideia, e a irmã do menino, claro, chamou sua própria mãe (Êxodo 2:8). Assim a mãe do menino teve permissão para criá-lo, e ainda recebeu um salário por isso (Êxodo 2:9).

Somente quando o menino já estava grande, sua mãe o levou à filha de Faraó. A partir dali ele passou a ser contado como filho da filha de Faraó. O texto também diz que a princesa o chamou Moisés e disse: “Porque das águas o tirei” (Êxodo 2:10).

É interessante notar que o menino recebeu um nome semita. Alguns intérpretes argumentam que talvez esse nome não fosse semita, mas um tipo de adaptação do nome egípcio Mose, que quer dizer “é nascido”. Mas há evidências de que não era incomum haver nomes semitas na corte egípcia. Então Moisés, de fato, pode muito bem ser um nome semita.

Moisés mata um egípcio (Êxodo 2:11-14)

Moisés foi educado no Egito. O livro de Atos dos Apóstolos indica que Moisés recebeu uma criação privilegiada na corte egípcia. Ele cresceu como um jovem nobre e promissor na família real (Atos 7:22).

Mas tudo mudou quando Moisés, já adulto, viu um homem egípcio espancando um hebreu. Ele se identificou com o hebreu que pertencia ao seu povo original, e acabou matando o egípcio agressor. Ele verificou que não havia ninguém por perto e enterrou o homem na areia (Êxodo 2:11,12). Naquele tempo Moisés tinha quarenta anos de idade (Atos 7:23).

Porém, no dia seguinte Moisés encontrou dois hebreus brigando. Então ele questionou um dos homens sobre o porquê ele estava espancando o seu próximo (Êxodo 2:13). Mas a resposta do homem foi uma clara reprovação do juízo de Moisés: “Quem te pôs por príncipe e juiz sobre nós? Pensas matar-me, como mataste o egípcio?” (Êxodo 2:14). É fácil perceber que naquele momento qualquer liderança da parte de Moisés sobre Israel seria rejeitada.

A fuga de Moisés para Midiã (Êxodo 2:15-22)

Então Moisés, que pensou que ninguém havia visto o que ele tinha feito ao egípcio, percebeu que era questão de tempo para que todos do Egito soubessem do seu crime. E realmente foi o que aconteceu. Assim que Faraó soube do ocorrido, procurou matar a Moisés (Êxodo 2:15).

Foi nesse contexto que Moisés fugiu para Midiã, na região da península do Sinai, nas proximidades do Horebe. Midiã não deve ser vista como uma cidade ou algo do tipo, mas como uma área onde provavelmente tribos nômades se ajuntavam no deserto da Arábia. Esse povo descendia de Abraão por parte de Quetura (cf. Gênesis 25:1-16).

Já em Midiã Moisés se assentou junto a um poço (Êxodo 2:15). Então enquanto Moisés estava ali, as filha de um sacerdote de Midiã foram ao poço tirar água para dar aos rebanhos de seu pai (Êxodo 2:16). Mas os pastores da região expulsaram as mulheres dali, até que Moisés se levantou e as defendeu (Êxodo 2:17).

As mulheres voltaram para casa mais cedo, e isso despertou o interesse de seu pai (Êxodo 2:18). Então elas explicaram a seu pai que um homem egípcio havia defendido elas perante os pastores, e ainda tinha dado água ao rebanho (Êxodo 2:19). Foi assim que Reuel, o pai das moças, pediu que Moisés fosse trazido à sua casa (Êxodo 2:20). Também vale saber que esse mesmo homem é chamado na Bíblia de Jetro (Êxodo 3:1; 4:18).

Na sequência o texto bíblico informa que Moisés consentiu em morar na casa de Reuel, e ele deu a Moisés uma de suas filhas, Zípora, como esposa (Êxodo 2:21). Naquele tempo Zípora engravidou de Moisés e deu à luz a um filho, a quem Moisés chamou Gérson, porque disse: “Sou peregrino em terra estranha” (Êxodo 2:22). Isso mostra que até aquele ponto Moisés ainda enxergava o Egito como o seu lar.

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A morte de Faraó (Êxodo 2:23-25)

A parte final de Êxodo 2 mostra um salto temporal de muitos anos. Naquele tempo Faraó já havia morrido, mas o povo de Israel continuava sofrendo muito sob a servidão no Egito (Êxodo 2:23). Então o texto bíblico diz que o clamor do povo subiu ao Senhor, e Deus se lembrou da sua aliança com Abraão, com Isaque e com Jacó (Êxodo 2:24). E assim Deus viu os filhos de Israel e se atentou para a condição deles (Êxodo 2:25).

Nesse ponto é notável a linguagem usada pelo escritor bíblico. Ele disse que Deus “ouviu” o clamor de Israel e “lembrou-se” da sua aliança. Isso não significa que Deus havia se esquecido da aliança. Na verdade essas expressões são chamadas na teologia de linguagens antropomórfica e antropopática.

Isso quer dizer que em vários textos bíblicos características humanas, físicas e sentimentais, são atribuídas a Deus para enfatizar o seu relacionamento próximo do homem, num nível em que possamos entender. Isso fica claro aqui no texto de Êxodo 2, onde o escritor diz que Deus “ouviu”, “se lembrou”, “viu” e “se atentou”. A ênfase no sentido de relacionamento é notável.

Portanto, Deus não havia se esquecido de sua aliança. Na verdade Ele estava conduzindo a história conforme o seu propósito soberano. A prova disso foi justamente o nascimento de Moisés, e sua preservação milagrosa.

O plano de Deus em Êxodo 2

Mas o plano de Deus revelado aqui em Êxodo 2, não apenas se resumia à libertação de Israel do Egito, mas a libertação do homem do pecado. Os atos de Deus estavam estabelecendo a nação de Israel, o povo através do qual Cristo haveria de vir ao mundo.

É por isso que o paralelo entre Moisés e Cristo em Êxodo 2 é impressionante. Assim como Moisés – o grande legislador de Israel – nasceu num tempo de opressão, quando os meninos como ele tinham de ser mortos, e mesmo assim ele foi preservado no Egito; assim também, Jesus Cristo, o fundador do novo Israel, nasceu sob um decreto de morte contra os meninos de Belém, e foi preservado de forma providencial também no Egito (Mateus 2:13-23).

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