Lição 8: A Grande Tribulação

A Grande Tribulação é o tema da lição 8 das Lições Bíblicas CPAD do 1º trimestre de 2016 para a Escola Bíblica Dominical. Nesta lição estudaremos sobre esse período tão difícil e de grande sofrimento que haverá na terra.

Texto Áureo:

Porque guardaste a palavra de minha paciência, também eu te guardarei da hora da provação, que está para sobrevir ao mundo inteiro, para provar os habitantes da terra.
(Apocalipse 3:10)

Leitura Bíblica em Classe:

Porque então a tribulação será tão grande como nunca foi vista, desde o começo do mundo até o presente, nem jamais será.
Se aqueles dias não fossem abreviados, criatura alguma escaparia; mas por causa dos escolhidos, aqueles dias serão abreviados.
(Mateus 24:21,22)

Então um dos Anciãos falou comigo e perguntou-me: Esses, que estão revestidos de vestes brancas, quem são e de onde vêm?
Respondi-lhe: Meu Senhor, tu o sabes. E ele me disse: Esses são os sobreviventes da grande tribulação; lavaram as suas vestes e as alvejaram no sangue do Cordeiro.
(Apocalipse 7:13,14)

Introdução

Dentro da escatologia bíblica, a Grande Tribulação é um dos temas mais discutidos. Isso acontece devido as diferentes correntes escatológicas. Atualmente a visão mais conhecida entre os cristãos é a de que a Igreja não passará por esse período, porém, historicamente, a visão mais tradicional dentro do cristianismo, defende que a Igreja passará sim pela Grande Tribulação. Nesta lição abordaremos essas diferentes interpretações, além de analisarmos algumas características sobre esse período que certamente será muito difícil.

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A Grande Tribulação

Biblicamente, a Grande Tribulação será um período muito difícil e de grande sofrimento. No Sermão Escatológico de Jesus (Mt 24; Mc 13; Lc 21), podemos encontrar uma detalhada descrição sobre esse período, onde Jesus, profetizando acerca da destruição de Jerusalém e do Templo, também se refere aos eventos do fim dos tempos.

Pela ocorrência do que geralmente é conhecido como “Profecia de Dupla Referência”, ou seja, uma única profecia que se aplica a dois momentos diferentes (algo comum nas profecias bíblicas, principalmente no Antigo Testamento), nem sempre é fácil separar minuciosamente cada detalhe desse sermão, mas é amplamente aceito pelos estudiosos que a própria destruição de 70 d.C. pré-figura o período de Grande Tribulação que haverá.

Em relação a Grande Tribulação, o assunto mais discutido certamente é a cronologia dos eventos do fim. Jesus deixou claro que o período que antecede a Grande Tribulação é o “Princípio de Dores”, um período que abrange desde o primeiro século depois de Cristo até a Grande Tribulação. Sobre essa questão não há muita discussão. As diferentes opiniões acontecem em relação à situação da Igreja em relação a esse período. Sobre isso, basicamente existem três interpretações:

  • Pré-Tribulacionista: divide a volta de Cristo em duas fases, sendo uma secreta para arrebatar a Igreja antes da Grande Tribulação, e outra visível a todos para instituir o reino milenar de Cristo na terra. Essa posição nunca foi ensinada oficialmente antes do século 19. Esse pensamento existe apenas dentro da visão Dispensacionalista onde existe completa distinção entre a Igreja e Israel e, portanto, a Grande Tribulação é um processo para Israel e não para a Igreja, por isso o Arrebatamento precisa ocorrer antes dela.
  • Mesotribulacionista: muito parecido com o Pré-Tribulacionismo, porém defende que o Arrebatamento da Igreja ocorrerá no meio da Grande Tribulação.
  • Pós-Tribulacionista: essa opinião sempre foi defendida na história da Igreja, e era a posição predominante entre os cristãos sobre o arrebatamento até o século 19. O Pós-Tribulacionismo defende que a volta de Cristo ocorrerá após a Grande Tribulação, em um evento visível a todos.

Certamente, na atualidade, a maioria dos cristãos é Pré-Tribulacionistas, principalmente devido a grande produção de material produzido defendendo essa posição, como livros, filmes, peças teatrais e etc. A própria revista oficial da CPAD defende o Pré-Tribulacionismo, isso pela corrente escatológica adotada por eles que é o Pré-Milenismo Dispensacionalista Clássico.

Porém, biblicamente, a posição que contém maior fundamentação é com certeza o Pós-Tribulacionismo. O Pré-Tribulacionismo utiliza textos bíblicos isolados aplicando-os fora do contexto, além de ignorar profundamente a construção literária original no grego. O próprio versículo utilizado como Texto Áureo para defender o Pré-Tribulacionismo é um exemplo de hermenêutica equivocada.

Tanto Apocalipse 3:10, quanto 1 Tessalonicenses 1:10, de maneira alguma afirmam que a Igreja será tirada do mundo antes da Grande Tribulação, ao contrário, eles demonstram que a Igreja de Cristo é guardada pelo próprio Deus, de modo que não será atingida pela ira de Deus que será derramada no dia do juízo. Em 2 Tessalonicenses o Apóstolo Paulo faz uma descrição precisa sobre essa ira vindoura:

Se de fato é justo diante de Deus que dê em paga tribulação aos que vos atribulam,
E a vós, que sois atribulados, descanso conosco, quando se manifestar o Senhor Jesus desde o céu com os anjos do seu poder,
Com labareda de fogo, tomando vingança dos que não conhecem a Deus e dos que não obedecem ao evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo;
Os quais, por castigo, padecerão eterna perdição, longe da face do Senhor e da glória do seu poder.
(2 Tessalonicenses 1:6-9)

Ainda podemos utilizar uma passagem do Evangelho de João onde a expressão “guardar” no grego original é exatamente a mesma utilizada em Apocalipse:

Não rogo que os tires do mundo, mas que os guardes do Maligno.
(João 17:15)

Em última análise, também temos que considerar o contexto histórico do texto de Apocalipse, onde havia terríveis perseguições aos cristãos entre os séculos 1 e 2 depois de Cristo.

Para saber mais sobre isso leia os textos “A Igreja Passará Pela Grande Tribulação?” e “O Arrebatamento Será Secreto?“.

Outro ponto que precisa ser considerado é que na visão Pré-Tribulacionista, a Grande Tribulação é o “Dia do Senhor”, sendo que esse pensamento não pode ser sustentado biblicamente, pois uma leitura simples de Mateus 24, Marcos 13, Lucas 21, Atos 2:19-20, e 2 Pedro 3, facilmente esclarece que o “Dia do Senhor” é o dia de Sua Segunda Vinda, portanto não é o período de Grande Tribulação. Sendo assim, fica fácil entender que a Igreja será poupada da ira de Deus (grero thymos e orge), mas não da tribulação (grego thlipsis).

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A Manifestação da Trindade Satânica na Grande Tribulação

Algo característico na Grande Tribulação será o aparecimento do Anticristo Escatológico. Muitos anticristos já surgiram ao longo da história (1 Jo 2:18; 4:3), sendo que para os próprios irmãos que foram os destinatários primários do livro de Apocalipse, eles reconheceram o “sistema anticristo” como sendo o Império Romano, violento e opressor, liderado pelos imperadores que se intitulavam “deuses” (Dominus et Deus), mas haverá um último, e pior de todos: o homem do pecado, filho da perdição, o abominável da desolação (Mt 24:15; Mc 13:14; 2 Ts 2:4). O Apóstolo João em Apocalipse também fala sobre ele (Ap 13), e esclarece que a Besta que sobe do mar simboliza o poder perseguidor de Satanás incorporado em todos os governos anticristãos do mundo no decorrer da história, ou seja, essa Besta já está em ação, porém, em sua última forma, ela se manifestará na pessoa do homem da iniquidade (Ap 13:3), isto é, o Anticristo, a própria personificação do mal. Saiba mais sobre quem será o Anticristo.

Segundo a Bíblia ele surgirá da grande apostasia, exercerá um governo mundial, será objeto de adoração, usará falsos milagres para impressionar, ele incorporará todo o poder e crueldade dos grandes impérios do passado, ele agirá no poder de Satanás (Dn 7; Mt 24:15-28; 2 Ts 2:1-12; 1 Jo 2:22; 2 Jo 7; Ap 13).

Em Apocalipse 16:13-14, podemos notar a tríade do mal formada pelo Dragão (Satanás), a Besta e o Falso Profeta. Ao Anticristo será conferido o poder do Dragão, e ele será apoiado pelo Falso Profeta, que com uma falsa religião preparará o mundo para adora-lo. Finalmente, no mesmo capítulo 16, poderemos ver que todo esse sistema maligno será derrotado pela vinda majestosa de Cristo. Paulo ressalta que Cristo destruirá o Anticristo com o sopro de Sua boca (2 Ts 2:8).

Uma discussão que também ocorre é acerca do tempo em que o Anticristo governará. Alguns utilizam referências do livro de Daniel e do livro de Apocalipse para estipular um período de sete anos. O problema com essa interpretação é que tanto a passagem utilizada do livro de Daniel, como o próprio livro de Apocalipse é carregado de simbolismos. Os números são muito importantes e simbólicos no livro em Apocalipse, portanto, o período descrito em ambos os livros também pode ser simbólico. O que podemos afirmar com certeza é que ele terá um tempo limitado para agir.

O Juízo de Deus Sobre o Mundo

No livro de Apocalipse podemos perceber o sofrimento da Igreja de Cristo sendo perseguida por esse mundo maligno, porém também percebemos os juízos divinos que são derramados sobre os inimigos da Igreja, e como ela triunfará no final juntamente com Cristo.

Será impossível em um único texto explorar em detalhes os textos do livro de Apocalipse sobre isso. Porém, de forma bem resumida, vejamos um panorama geral:

  1. Os Sete Selos: para entendermos os sete selos é necessária a leitura dos capítulos 4 e 5 do livro de Apocalipse. Para saber mais sobre isso leia os textos “A Visão do Trono de Deus em Apocalipse“, “Os Sete Selos em Apocalipse” e “Os Cavaleiros do Apocalipse“. Também é importante entender como o livro de Apocalipse é estruturado. Para isso leia “Como Estudar o Apocalipse“. Para quem adota a visão futurista de Apocalipse (geralmente o Pré-Milenismo Dispensacionalista), defenderá que esse livro selado com sete selos refere-se ao período aos acontecimentos no período da Grande Tribulação. Uma visão mais coerente biblicamente, considerando o estilo literário do livro de Apocalipse, defende que o livro selado com sete selos, descreve o período desde a ascensão de Cristo ao céu, até a Sua Segunda Vinda. Sendo assim são visões que tratam da perseguição à Igreja e do juízo de Deus sobre os seus inimigos. Dessa forma, entendemos que a história está nas mãos do Cordeiro, Ele é quem abre os selos, e conforme os selos são abertos no céu, diretamente a terra é impactada. Uma maneira fácil de entender Apocalipse 6, é perceber que ele é como um paralelo do Sermão Escatológico de Jesus (Mt 24; Mc 13; Lc 21). Um fato interessante, e que não pode passar despercebido, é que o sexto selo fala sobre as características da vinda do Dia do Senhor (6:17).
  2. As Sete Trombetas: embora as Sete Trombetas apareçam após os Sete Selos, é importante entender que isso não representa uma sucessão cronológica. Apocalipse tem sete seções paralelas que abordam o período desde a Primeira até a Segunda Vinda de Cristo. Isso significa que a mesma história é contata várias vezes (paralelismo), porém progressivamente, ou seja, à medida que vamos avançando na leitura do livro, percebemos que a narrativa vai se intensificando, que a mesma história é contada de perspectivas diferentes de modo que as cenas vão ficando cada vez mais claras. Especificamente sobre as trombetas, podemos dizer que elas falam de um juízo parcial sobre o mundo. É o sofrimento do mundo incrédulo em resposta às orações da Igreja. As trombetas expressam a advertência de Deus sob o mundo que persegue a Igreja. A seção das Sete Trombetas termina com uma descrição da volta de Cristo e do julgamento final (Ap 14:14-20).
  3. As Sete Taças: se as Sete Trombetas falam de um juízo parcial, as taças falam de um juízo total. Os ímpios não se arrependem com as trombetas do aviso de Deus, e, nas Sete Taças, vemos o derramamento da ira de Deus sobre eles. Da mesma forma como na seção sobre os Sete Selos, e a seção das Sete Trombetas, a seção das Sete Taças termina com uma cena da volta de Cristo e do juízo final (Ap 6:17; 14:14-20; 16:15-21).

Conclusão

Escatologia bíblica realmente não é um tema tão fácil, e, claro, existem muitas divergências entre os cristãos sobre alguns pontos, principalmente em relação à cronologia dos eventos sobre o fim dos tempos. Também penso que essas discordâncias não devem ser um motivo de divisão entre os cristãos, ao contrário, o importante é esperarmos juntos, e, ansiosamente, pela vinda do nosso Senhor.

Apoio Teológico

O Livro de Apocalipse

As Sete Trombetas do Apocalipse

As Sete Taças da Ira de Deus

Escola Dominical – Lições Bíblicas 1º Trimestre 2016: O Final de Todas as Coisas – Esperança e Glória Para os Salvos EBD CPAD – Lição 8: A Grande Tribulação.

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