O Que é Pedra de Tropeço?

Pedra de tropeço é uma expressão utilizada na Bíblia em diferentes contextos para se referir de forma metafórica a algo ou alguém. Portanto, para entendermos corretamente o significado de pedra de tropeço na Bíblia precisamos analisar alguns textos onde essa expressão ocorre.

O que significa pedra de tropeço?

A expressão “pedra de tropeço” pode ser usada para traduzir os vocábulos hebraicos mikshol e makhshelah usados para indicar aquilo em que alguém tropeça. Esse termo aparece, por exemplo, em Levíticos 19:14 para se referir à proibição de alguém, porventura, colocar algum meio de tropeço diante de um cego.

Ainda no Antigo Testamento, a expressão “pedra de tropeço”, ou simplesmente “tropeço”, é utilizada para se referir de forma figurada a qualquer objeto de idolatria, por exemplo, falsos deuses e riquezas, os quais são tropeços para a iniquidade (Is 57:14; Ez 7:19; 14:3,4; Sf 1:3).

No entanto, essa mesma expressão também aparece em Isaías 8:14 para se referir ao Senhor no sentido de que Ele é refúgio para o fiel, mas é pedra de tropeço para aqueles que se sentem ofendidos diante d’Ele.

Pedra de tropeço no Novo Testamento

No Novo Testamento são empregadas duas palavras que transmitem o sentido de algo contra o que alguém tropeça. São os gregos proskomma, “pedra de tropeço” e skandalon, um termo com significado amplo mas que refere-se originalmente a vara que fazia com que uma armadilha disparasse, ou seja, assume o sentido de cilada colocada no caminho como ocasião de tropeço a alguém.

Ambos os termos aparecem em diferentes contextos. Em Romanos 14:13 e 1 Coríntios 8:9, a expressão “pedra de tropeço” é aplicada aos cristãos que, por algum motivo, podem tornar-se um obstáculo ou uma causa de tropeço para os irmãos mais fracos, ou seja, ao exercerem toda sua liberdade pela compreensão do ensinamento de Cristo, alguns cristãos poderia magoar e ofender outros que ainda não tinham compreendido tal liberdade.

O modo com que as expressões “pedra de tropeço” e “rocha de escândalo” aparecem em algumas passagens bíblicas, nos adverte para a realidade de que em algumas ocasiões pode acontecer de um cristão tentar alguém a pecar, e tal comportamento deve ser evitado a todo custo ou corrigido rapidamente.

É nesse sentido que em Apocalipse 2:14 lemos sobre alguns cristãos professos da igreja em Pérgamo que estavam apegados aos ensinos de Balaão e se entregando aos prazeres do paganismo, fazendo concessões ao mundo e servindo de escândalo.

Esse texto está se referindo ao episódio registrado no livro de Números onde Balaão deu conselhos a Balaque que fizeram com quer Israel tropeçasse (Nm 22:5; 25:1-4; 31:15,16).

Aqui também vale destaque o episódio registrado em Mateus 16:23, onde Pedro tentou insistir que Jesus desistisse do sofrimento na cruz. Na ocasião o Senhor lhe chamou de “pedra de tropeço”, pois estava expressando o ponto de vista insensato e meramente humano.

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Cristo como a Pedra de Tropeço

Talvez a aplicação da expressão “pedra de tropeço” que mais causa dúvida entre os cristãos é o fato de que algumas passagens bíblicas apontam para Cristo como a “Pedra de Tropeço e Rocha de Escândalo” que faz com que muitos caiam (Rm 9:33; 1Co 1:23; 1Pe 2:8).

Pare entendermos isso vamos utilizar como exemplo o texto de Romanos 9:33, onde o apóstolo Paulo recorre a passagens do Antigo Testamento e escreve: “Eis que ponho em Sião uma Pedra de Tropeço e uma Rocha de Escândalo. Mas aquele que põe nele sua confiança não será envergonhado”. Nesse texto o apóstolo combina duas passagens do livro do profeta Isaías, são elas: Isaías 8:14 e 28:14.

Em Isaías 8:14, o qual já citamos nesse texto, vemos que o Senhor dos Exércitos é mostrado como uma pedra de tropeço e rocha de ofensa às duas casas de Israel. Já em Isaías 28:14 lemos: “Eis que assentei em Sião uma pedra, pedra já provada, pedra preciosa, angular, solidamente assentada; aquele que crer não foge”.

Nitidamente o apóstolo aplica ambas as passagens a Jesus (cf. Mt 21:42; Mc 12:10; Lc 20:17; At 4:11; 1Pe 2:6-8). Com isso, ele está mostrando a raiz do fracasso de Israel, onde os judeus buscaram a justificação pelas obras, ou seja, achavam que poderiam se salvar pela justiça própria, mas acabaram se chocando contra a Pedra de Tropeço.

Logo, eles deveriam humildemente correr para Cristo unicamente pela fé, mas não conseguiram, pois isso implicava em sua ruína, já que para eles a Pedra de Tropeço é também Rocha de Escândalo.

O mesmo apóstolo nos ajuda a entender isso em 1 Coríntios 1:23, onde ele explica que o Cristo crucificado é quem era a “Rocha de Escândalo” para os judeus, isto é, a cruz de Cristo, sua obra redentora, seu Evangelho, levava os judeus a indignação e a irritação.

É claro que a aplicação dessa verdade não se resume apenas aos judeus, mas se estende a todos aqueles que não creem em Cristo. É exatamente isto que o apóstolo Pedro ensina em 1 Pedro 2:7,8. Nessa passagem ele também faz uso dos textos de Isaías já mencionados, e declara que para os que creem, Cristo, a Pedra Angular, é Pedra Preciosa, mas para os que não creem o mesmo Cristo é Pedra de Tropeço e Rocha de Escândalo.

Esses versículos revelam uma mensagem muito clara nas Escrituras, a de que só existem dois grupos de pessoas: aqueles para quem Cristo é Pedra Preciosa e encontram n’Ele salvação, e aqueles para quem Cristo é a Pedra de Tropeço a qual deixa exposta a responsabilidade humana pelo pecado que será cobrado e castigado pela justiça de Deus por toda a eternidade.

Não existe um terceiro grupo ou alguma outra opção, são apenas esses dois. O primeiro grupo recebe o Espírito Santo, enquanto o segundo recebe o fogo do castigo eterno (cf. Mt 3:11,12; Lc 3:16,17).

Agora a grande pergunta talvez seja: Por que a cruz de Cristo é motivo de tropeço? A resposta é simples: A cruz de Cristo destrói qualquer mérito humano ou justiça própria. É por isso que o verdadeiro Evangelho ofende o pecador, porque ele revela que não há nada em nós que nos credencie a salvação.

Sozinhos somos incapazes de ir em direção à salvação ou a fazer qualquer bem diante de Deus. Sem os méritos de Cristo somos inimigos de Deus e filhos da ira (Rm 5:10; Ef 2:3). Sozinhos, nossa miséria faz com que nos choquemos inevitavelmente contra a Pedra de Tropeço.

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