Quem Foi o Rei Senaqueribe?

Senaqueribe foi o rei do Império Assírio entre 705 e 681 a.C. Ele sucedeu Sargão II, seu pai. A história de Senaqueribe é amplamente documentada na Bíblia e também em outras fontes históricas.

O nome Senaqueribe significa “Sin, o deus da lua, tem aumentado os seus irmãos”. Senaqueribe era um habilidoso guerreiro, mas também ficou conhecido por ser um homem cruel e orgulhoso. Seu comportamento inconsequente muitas vezes prejudicou a política de seu governo.

O reinado de Senaqueribe

Senaqueribe ascendeu ao trono assírio após o assassinado de seu pai, Sargão II, em 705 a.C. Antes de se tornar rei, Senaqueribe servia como governador da fronteira norte do Império Assírio.

Os registros disponíveis acerca do rei Senaqueribe são provenientes de três fontes principais: as crônicas de Senaqueribe nos registros dos reis assírios; os textos bíblicos; e os escritos do historiador grego Heródoto.

Senaqueribe herdou um império muito bem estruturado por seu pai. Quando Senaqueribe subiu ao trono, a Assíria já era um reino consolidado no antigo Oriente Próximo. Principalmente a partir de 750 a.C. o domínio assírio foi marcado por uma forte expansão. O Reino do Norte de Israel, por exemplo, foi progressivamente invadido por forças assírias até culminar na queda da capital Samaria em 722 a.C.

Parece que os primeiros meses de reinado de Senaqueribe foram tranquilos, principalmente pelos esforços diplomáticos durante o reinado de seu pai. Nesse período, Senaqueribe deu atenção à cidade de Nínive, que era sua capital, e realizou algumas reformas na cidade.

Mas tão logo as coisas começaram a complicar. Senaqueribe não tinha o mesmo comprometimento e desempenho diplomático de seu pai. A falta de uma política conciliadora em seu governo fez com que revoltas começassem a surgir, principalmente nas fronteiras do sul. Os caldeus foram um dos povos que mais deram trabalho a Senaqueribe.

Então um dos primeiros empreendimentos militares do rei assírio foi marchar contra a Babilônia para pôr fim na rebelião que se instaurava ali. Ele teve sucesso em sua missão e voltou para Nínive trazendo muitos cativos e uma grande quantidade de despojos.

Nas fronteiras do norte Senaqueribe não enfrentou grandes problemas. Mas na região oeste, alguns povos também começaram a se rebelar contra o Império Assírio. Para resolver o problema, Senaqueribe avançou contra as cidades da Fenícia, da Filístia, contra Judá e até contra o Egito.

A história de Senaqueribe na Bíblia

A história de Senaqueribe na Bíblia é registrada principalmente nos livros de 2 Reis, 2 Crônicas e Isaías; mas o profeta Miquéias também profetizou sobre os avanços militares de Senaqueribe. Os textos bíblicos se concentram na tensão entre Senaqueribe e o rei Ezequias de Judá.

Ezequias se envolveu numa coalizão contra o Império Assírio, que inclusive contou com o apoio do Egito. Foi nesse contexto que o rei assírio começou sua campanha militar descendo pela costa da Fenícia e capturou Sidom, Serepta e outras cidades. Rapidamente os reis de Moabe, Edom e outras terras próximas se submeteram a Senaqueribe e lhe trouxeram significativos tributos.

Mas algumas cidades da Filístia resolveram resistir ao domínio de Senaqueribe, assim como também fez Judá. Uma grande força militar formada pelo exército egípcio e pela cavalaria etíope não foi párea para as tropas assíria. Mesmo com toda oposição, no geral Senaqueribe continuou seus avanços militares e tomou muitas cidades estratégicas. Ele fez cair Asquelom, Sidqia e Ecrom.

Por causa das alianças feitas com outros povos, o rei Ezequias de Judá se tornou o principal governante da Palestina, e contra quem Senaqueribe direcionou sua ofensiva militar. Os registros de Senaqueribe afirmam que o imperador assírio tomou 46 cidades fortificadas e incontáveis aldeias de Judá. Os registros assírios dizem que mais de duzentas mil pessoas foram levadas cativas e muito despojo foi tomado.

Uma das principais cidades judaicas fortificadas que foram tomadas por Senaqueribe foi Laquis. Essa cidade tinha um papel importante na economia do reino de Judá e também protegia a estrada que levava ao lado sul de Jerusalém. Tento tomado a maior parte do território de Judá, o exército assírio cercou Jerusalém. As crônicas de Senaqueribe dizem que ele enjaulou Ezequias em Jerusalém como uma ave numa gaiola.

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O fracasso de Senaqueribe em Jerusalém

Apesar de ter devastado Judá e cercado Jerusalém, a capital do Reino do Sul não foi tomada. Conforme havia sido profetizado pelo profeta Miquéias, o exército assírio chegou até os portões de Jerusalém, mas não conseguiu invadi-la (Miquéias 1:9).

A ofensiva Assíria, primeiro contra o Reino do Norte e depois contra o Reino do Sul, fez parte do julgamento de Deus por causa do pecado de seu povo (Isaías 10:5-11; Miquéias 1:2-16). A Assíria foi um instrumento nas mãos de Deus para cumprir os Seus planos (Isaías 37:26-28). Mas apesar de Samaria (a capital do Reino do Norte) ter caído, Jerusalém foi milagrosamente poupada da invasão dos assírios, e o exército de Senaqueribe sofreu importantes baixas.

A Bíblia diz que numa intervenção direta do Senhor grande parte do exército assírio foi dizimado, e Jerusalém foi preservada (cf. 2 Reis 18:17-19:37). A preservação dos judeus em Jerusalém tipificou a preservação dos remanescentes que sobreviveram ao exílio babilônico que ocorreu tempos depois.

De fato Ezequias ficou encurralado em Jerusalém. Ele até tentou convencer Senaqueribe a desistir de invadir Jerusalém lhe oferecendo um tributo muito grande. Para pagar o tributo a Senaqueribe, Ezequias usou os tesouros do Templo e do palácio em Jerusalém (2 Reis 18:14-16).

Mas Senaqueribe, através de seu enviado Rabsaqué, afrontou a Ezequias e ao Senhor. Ele basicamente afirmou que assim como os deuses das cidades que ele havia conquistado não puderam impedi-lo, o Deus de Israel também não poderia impedir que ele tomasse Jerusalém (2 Reis 18:19-37; Isaías 36:4-22).

Diante dessa ameaça, Ezequias confiou no Senhor e apresentou em oração aquela situação diante de Deus clamando por Sua misericórdia. Então o Senhor lhe respondeu através do profeta Isaías e prometeu livrar o Seu povo e julgar a Assíria (Isaías 37:21-38).

A derrota do exército assírio e a morte de Senaqueribe

Através do profeta Isaías, Deus anunciou a derrota do exército assírio. Ele disse: “Por causa do teu furor contra mim, e porque a tua arrogância subiu até os meus ouvidos, eis que porei o meu anzol no teu nariz, e o meu freio, na sua boca, e te farei voltar pelo caminho por onde vieste” (Isaías 37:29).

Esta foi uma explicita declaração da soberania de Deus contra os assírios; pois os assírios tinham por costume construir monumentos em que seus cativos eram representados presos com anzóis e argolas.

Então a Bíblia diz que veio o Anjo do Senhor e feriu no arraial dos assírios cento e oitenta mil homens durante a noite. Os soldados que sobreviveram partiram com Senaqueribe pela manhã e retornaram à cidade de Nínive (2 Reis 19:35,36).

Os escritores bíblicos conectaram a derrota de Senaqueribe no cerco de Jerusalém ao evento de seu assassinato. Provavelmente o propósito disso foi indicar que a morte de Senaqueribe ainda era parte do juízo de Deus sobre ele e os assírios. A derrota de Senaqueribe ao tentar invadir Jerusalém ocorreu em 701 a.C. Já o seu assassinato em Nínive ocorreu em 681 a.C.

Os textos bíblicos dizem que enquanto Senaqueribe estava no templo de um deus chamado Nisroque, o qual ele cultuava, dois de seus filhos o feriram à espada e depois fugiram para a terra de Ararate. Registros da Assíria relatam que em 681 a.C. houve um conflito pelo trono e Senaqueribe foi morto por um de seus filhos. Após a morte de Senaqueribe, Esar-Hadom, que também era seu filho, reinou em seu lugar. Conheça também as biografias dos principais personagens bíblicos.

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