Qual o Significado de Terafins na Bíblia? O Que Eram Terafins?

Os terafins na Bíblia eram ídolos familiares que possuíam propósitos religiosos dentro do lar, além de alguma aplicação legal em determinadas culturas. No hebraico, o significado de terafins é desconhecido, pois sua derivação é incerta.

A palavra terafins ocorre mais de uma dezena de vezes na Bíblia. Então com base nessas ocorrências, alguns eruditos sugerem que essa palavra talvez comunique o sentido de “coisas vis” no texto bíblico. Seja como for, quando esse termo hebraico é traduzido no Antigo Testamento, palavras como “ídolos”, “imagens” e “idolatria” são utilizadas.

Como eram os terafins?

Aparentemente, os terafins eram estatuetas que podiam ter desde um tamanho pequeno até um tamanho quase natural de uma pessoa. Vários terafins com dimensões pequenas já foram encontrados em escavações arqueológicas. Essas estatuetas tinham forma humana, e muitas vezes eram figuras femininas despidas, indicando que eram imagens de deusas.

O livro de Gênesis traz o registro de quando Raquel furtou os terafins de seu pai Labão na ocasião em que Jacó fugiu de Padã-Harã. Esses terafins eram pequenos o suficiente para que Raquel pudesse colocá-los sob a cela de um camelo e sentar por cima deles escondendo-os da investigação de seu pai (Gênesis 31:19-35).

Já em 1 Samuel, o texto bíblico relata um episódio em que Mical, esposa de Davi, colocou um dos terafins da casa deitado sobre a cama coberto por um manto, e alegou aos guardas de Saul que aquele era Davi acamado por estar doente (1 Samuel 19:12-17). Obviamente esse texto faz referência a uma imagem com dimensões compatíveis a uma pessoa adulta e, portanto, muito maior que os terafins furtados por Raquel.

A função dos terafins

A função dos terafins nos tempos bíblicos é bastante discutida. Mas o texto do Antigo Testamento traz alguns detalhes importantes sobre o papel que os ídolos do lar desempenhavam. Além disso, descobertas arqueológicas também ajudam a esclarecer como os povos antigos usavam os terafins.

Começando pela história do furto dos terafins de Labão por parte de Raquel, o texto bíblico não se propõe a esclarecer o real motivo que fez com que Raquel furtasse os ídolos familiares da casa de seu pai.

Mas materiais encontrados na antiga cidade mesopotâmica de Nuzi, no atual Iraque, indicam que os terafins podiam ter uma função que superava o significado exclusivamente religioso. Parece que a pessoa que tivesse a posse dos terafins, também tinha a liderança da família e garantia os direitos de herança.

Então pode ser que Raquel tenha furtado os terafins de Labão com o objetivo de proporcionar a Jacó o direito de reivindicar a posse das terras e a liderança do clã de Labão após a morte do seu sogro. Contudo, documentos de Nuzi parecem indicar os direitos de herança da família podiam não ser decididos exclusivamente pela possessão dos idosos da família.

Isso abre a possibilidade de que Raquel tenha furtado os terafins de Labão também motivada por propósitos religiosos. Ela havia crescido num lar politeísta, e talvez ainda não tivesse totalmente livre das influências pagãs da casa de seu pai. De qualquer forma, os terafins furtados por Raquel foram descartados antes de a família de Jacó subir a Betel (Gênesis 35:1-5).

O historiador Flávio Josefo, afirma que era comum que os habitantes da Mesopotâmia levassem consigo os ídolos do lar quando faziam longas viagens. Isso porque com relação ao propósito religioso dos terafins, geralmente eles representavam proteção especial, prosperidade e fertilidade para o seu dono.

Inclusive, os terafins tinham uma função supostamente profética, pois eram usados para a prática de adivinhação. Na profecia do profeta Ezequiel, lemos que o rei da Babilônia consultava os terafins (Ezequiel 21:21).

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Os terafins na Bíblia na história de Israel

Entre os israelitas, o uso dos terafins remonta pelo menos desde o tempo dos juízes de Israel (Juízes 17—18). Mais tarde, já durante a monarquia, os terafins estavam associados aos médiuns e feiticeiros durante a reforma promovida pelo rei Josias em Judá.

Parece até que entre os israelitas os terafins foram usados como supostas representações do Senhor, contrariando o mandamento divino que proibia o uso de imagens de escultura (cf. Levítico 26:1). Por isso a Bíblia deixa claro que o uso de terafins foi amplamente reprovado pelos profetas do Senhor. Desde o profeta Samuel, considerado o primeiro da escola profética de Israel, o culto a ídolos do lar já era condenado (1 Samuel 15:23).

Da mesma forma, séculos depois, o profeta Zacarias, fazendo referência ao uso dos terafins na prática da adivinhação, disse que os ídolos do lar só falam coisas vãs, e comparou aqueles que dão ouvidos a essas tolices com ovelhas que vagueiam aflitas pela falta de um pastor (Zacarias 10:2).

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