A Parábola Dos Dois Fundamentos

A Parábola dos Dois Fundamentos é uma das parábolas de Jesus encontrada nos Evangelhos de Mateus (cap. 7:24-27) e Lucas (cap. 6:47-49). Essa parábola também é conhecida como “A Parábola dos Dois Construtores”, ou “A Parábola dos Dois Alicerces”.

Embora existam algumas diferenças entre os textos de Mateus e Lucas, tais diferenças são apenas detalhes de descrição de cada texto, portanto, o ensino é o mesmo, e trata-se da mesma parábola.

A Parábola dos Dois Fundamentos

Vamos utilizar o texto do Evangelho de Mateus, mas o texto em Lucas também pode ser utilizado:

Todo aquele, pois, que escuta estas minhas palavras, e as pratica, assemelhá-lo-ei ao homem prudente, que edificou a sua casa sobre a rocha;
E desceu a chuva, e correram rios, e assopraram ventos, e combateram aquela casa, e não caiu, porque estava edificada sobre a rocha.
E aquele que ouve estas minhas palavras, e não as cumpre, compará-lo-ei ao homem insensato, que edificou a sua casa sobre a areia;
E desceu a chuva, e correram rios, e assopraram ventos, e combateram aquela casa, e caiu, e foi grande a sua queda.
(Mateus 7:24-27)

Contexto Histórico da Parábola dos Dois Fundamentos

Jesus utilizou essa parábola para concluir Seu sermão (Sermão da Montanha – Mt 5-7, ou Sermão da Planície – Lc 6), logo, diferente de outras parábolas em que Jesus se dirigiu apenas aos discípulos, essa, Jesus Cristo pronunciou para uma grande multidão.

As diferenças que podemos notar entre a descrição de Mateus e a de Lucas acorrem, sobretudo, pela distinção dos destinatários. Mateus escreveu para os judeus que viviam em Israel, enquanto Lucas escreveu para os gregos e helenos que viviam na Ásia Menor e na região do Mediterrâneo.

Como Jesus, na ocasião, contou essa parábola para judeus, Ele utilizou elementos comuns aos judeus, ou seja, Jesus descreveu as técnicas típicas de uma construção rural na Palestina daquela época. Como Lucas escreveu para gentios de outra região, ele utilizou uma descrição das técnicas de construção que eram familiares às pessoas para quem ele escrevia. Além disso, ele também levou em consideração as diferenças climáticas e geográficas que existiam entre as regiões para melhor compor a parábola em seu Evangelho. Mesmo com todas essas pequenas diferenças, o significado da Parábola dos Dois Fundamentos permanece o mesmo.

Explicação da Parábola dos Dois Fundamentos

Ao analisarmos as características das construções rurais dos dias de Jesus, podemos facilmente entender a ilustração que Jesus utilizou. As casas eram bem diferentes das construções que estamos habituados hoje em dia. As paredes não eram tão sólidas, ao contrário, eram feitas com uma mistura de barro endurecido, de modo que era comum que ladrões furassem as paredes para entrar nas casas (Mt 6:19). O telhado também era frágil, feito com uma mistura de terra e palha, podia tranquilamente ser aberto (Mc 2:3,4).

Algumas pessoas preferiam construir suas casas bem longe do leito de um rio, porém isso também poderia ser um problema, pois era muito importante para o estilo de vida da época, ter um riacho nas proximidades da casa. Isso favorecia a criação de animais, as plantações, e o abastecimento da própria casa. Logo, era preferível construir uma casa perto do leito de um rio, mesmo que ele estivesse seco, pois quando a estação das chuvas chegava, o riacho que se formava garantia a água necessária até mesmo para atravessar o período de seca. Muitas vezes as tempestades também ocasionavam o transbordamento dos rios, principalmente com mudanças climáticas repentinas que são comuns naquela região.

Quando percebermos a fragilidade das construções da época, e consideramos o padrão climático da região, fica nítida a importância que havia no alicerce da casa. O construtor prudente escolhe bem o local onde sua casa será construída. Ele tira a terra solta, cava buracos profundos até encontrar a rocha, e, então, ele constrói o alicerce na rocha (Lc 6:48). Já o construtor insensato não faz nada disso. Ele edifica sua casa na terra árida e solta, em plena areia. O insensato não considera as mudanças climáticas. Ele se ilude com o sol brilhando fortemente no período de seca, e não pensa nas tempestades que certamente virão.

A mensagem principal da parábola é bastante óbvia: o construtor prudente é o que constrói a casa sobre uma base sólida. O próprio Jesus, na introdução da parábola, explica que o significado figurativo do alicerce é “estas minhas palavras” (Mt 7:24; Lc 6:47). Podemos entender que essa expressão “estas minhas palavras”, não se refere apenas ao Sermão do Monte, mas a todas as palavras de Jesus, e, por extensão, a toda Escritura como a infalível Palavra de Deus. Visto que as Escrituras revelam Cristo como Filho de Deus, também é correto dizer que, no significado espiritual da parábola, o próprio Cristo é a Rocha (Is 28:16; 1Pe 2:6; Rm 9:33; 1Co 3:11; 10:4). Jesus também deixa claro que praticar o Evangelho, ao invés de apenas ser um ouvinte, diferencia o prudente do insensato.

Lições da Parábola dos Dois Fundamentos

Segundo a graça de Deus que me foi dada, pus eu, como sábio arquiteto, o fundamento, e outro edifica sobre ele; mas veja cada um como edifica sobre ele.
Porque ninguém pode pôr outro fundamento além do que já está posto, o qual é Jesus Cristo.
(1 Coríntios 3:10,11)