A Bíblia diz que Abraão foi o pai da fé. Isso significa que todos aqueles que são justificados pela fé no Senhor Jesus, são seus descendentes espirituais. Isso porque o cumprimento final da promessa de Deus a Abraão é alcançado em Cristo que estende as bênçãos da salvação a todos os povos da terra (Gálatas 3:18; cf. Gênesis 12:3).
Mas além de ser conhecido como o pai da fé, Abraão ainda é chamado na Bíblia de “amigo de Deus” (2 Crônicas 20:7; Tiago 2:23). Isso mostra o relacionamento de fidelidade que ele tinha com o Senhor. No entanto, embora tenha sido o amigo de Deus, e o pai da fé, Abraão não era perfeito, e sua fé foi sendo amadurecida ao longo do tempo. Então Abraão é um grande exemplo para todos que desejam andar pela fé.
Na história de Abraão vemos que ele enfrentou muitas dificuldades e provações. Porém, é em meio às adversidades que a verdadeira fé é aperfeiçoada e se mostra ainda mais notória. E não foi diferente com Abraão, o pai da fé.
O início da caminhada de fé de Abraão
Sabemos muito pouco sobre a vida de Abraão antes de ele ter sido chamado por Deus. O texto bíblico apenas nos informa que seu pai se chamava Terá, e que sua família vivia na Mesopotâmia, na cidade de Ur.
A cidade de Ur, que depois passou a ser conhecida como Ur dos caldeus, era uma cidade pagã que cultuava o deus Lua. Em outras palavras, Ur era um importante centro de idolatria na Mesopotâmia, e foi nesse ambiente que Abraão foi criado.
Antes de ser divinamente chamado em Ur, o pai da fé não conhecia o verdadeiro Deus. Após a Queda, o ser humano suprimiu a verdade de Deus pela injustiça; rejeitou o conhecimento de Deus pelo engano; trocou a glória do verdadeiro Deus por falsos deuses (Romanos 1:18-32). Abraão vivia exatamente assim. Ele não apenas não conhecia o verdadeiro Deus, mas também não merecia conhecê-lo. Mas em sua grandiosa graça, Deus chamou Abraão do meio da idolatria (Josué 24:2).
Deus escolheu e comissionou aquele homem que ficaria conhecido na história como o pai da fé. Deus o convocou a sair de sua terra e do meio de sua parentela (Gênesis 12). Isso mostra que o chamado de Abraão foi tão radical que ele tinha de romper definitivamente com seu modo de vida antigo.
Abraão tinha que abandonar qualquer forma de idolatria e paganismo que tinha aprendido. Ele tinha que abandonar o conforto de sua terra e a segurança da casa de seu pai, para partir em direção a uma terra desconhecida, e ser totalmente dependente de Deus.
Na vida de Abraão, o pai da fé, podemos claramente perceber a soberania de Deus no cumprimento de Seus propósitos. Embora Abraão vivesse em uma sociedade completamente dedicada ao culto estranho com a adoração a falsos deuses, de forma soberana Deus o escolheu e o chamou. Não é o homem quem descobre Deus, mas é Deus quem se revela ao homem. A salvação pertence a Deus, porque é Ele, em sua graça, que chama o pecador perdido.
Os desafios de Abraão, o pai da fé
Engana-se quem pensa que Abraão, o pai da fé, teve uma vida fácil. Apesar de estar cumprindo a ordem do Senhor e confiando em Sua palavra, Abraão enfrentou muitas provações. Na verdade, antes de se tornar um grande exemplo de fé, Abraão precisou passar pela escola da fé.
1. O pai da fé precisou aprender a obedecer
Quando Deus chamou Abraão, ele recebeu a ordem de sair do meio de seus parentes e de sua terra. Mas Abraão acabou levando consigo seu pai e seu sobrinho. A obediência incompleta de Abraão acabou lhe gerando problemas futuros.
Primeiro, a jornada de Abraão foi atrasada, pois em vez de ir direto para Canaã, ele parou na cidade de Harã até a morte de seu pai. Depois, Abraão teve dificuldades com seu sobrinho Ló, e teve de separar dele.
2. O pai da fé precisou a não se apegar aos limites humanos
Abraão, o pai da fé, também teve de lidar com o desafio da impossibilidade. Quando Abraão saiu de Harã em obediência à ordem do Senhor, ele já era um homem idoso e marido de uma mulher estéril.
Abraão e Sara formavam o casal mais improvável possível para servir de pais de uma grande nação. Mas os propósitos de Deus não estão limitados à possibilidade humana. Então nesse sentido foi um grande passo de fé para Abraão receber a promessa do Senhor.
3. O pai da fé precisou a aprender a confiar completamente em Deus
Algumas ocasiões específicas da vida de Abraão revelaram sua debilidade e imperfeição. Após sair de Harã, Abraão finalmente foi para Canaã. Ali o Senhor mais uma vez apareceu a ele, e lhe garantiu que daria aquela terra à sua descendência. Inclusive, Abraão chegou a edificar altares ao Senhor naquele território.
Mas então veio uma terrível crise naquela região. Abraão tinha de ter confiado em Deus, mas em vez disso ele acabou partindo para o Egito. E no Egito Abraão revelou um tipo de concessão pecaminosa que havia feito com sua esposa. Os dois tinham combinado que esconderiam o seu relacionamento conjugal com o propósito de evitar que Abraão pudesse ser morto por alguém que se interessasse por Sara.
Naquele tempo podia acontecer de maridos estrangeiros serem mortos por homens poderosos de uma cidade que queriam tomar suas esposas. Mas Abraão tinha de ter confiado em Deus. Ele escolheu temer o homem ao invés de temer ao Senhor. Inclusive, Abraão errou da mesma forma no Egito e depois em Gerar (Gênesis 12:10-20; 20:1-18).
Em outra ocasião Abraão aceitou seguir o plano de sua esposa e pegar um atalho para a promessa de Deus de ser pai. Isso lhe trouxe problemas familiares. Nessas ocasiões Abraão poderia ter colocado tudo a perder, porque faltou fé ao pai da fé. No entanto, o Senhor, que é fiel à sua Palavra, evitou que o pior acontecesse, e preservou a família da aliança. Deus cumpre os seus propósitos através do homem e apesar do homem.
Mas em todas as adversidades enfrentadas por Abraão, sua fé estava sendo aperfeiçoada continuamente. Inclusive, a maturidade da fé de Abraão foi revelada quando o Senhor lhe pediu seu filho Isaque em sacrifício. Isaque era o filho da promessa, mas Abraão não hesitou em obedecer ao pedido do Senhor. Inclusive, foi nessa ocasião que o pai da fé foi aprovado na escola da fé. O escritor de Hebreus escreve que a fé de Abraão era tão grande, que ele tinha certeza que Deus era poderoso para até dentre os mortos ressuscitar Isaque (Hebreus 11:18).
O exemplo de Abraão, o pai da fé
Como foi dito, Abraão não era perfeito. Ele precisou ser aperfeiçoado até que pudesse dar grandes saltos de fé. Mas a verdadeira fé levou Abraão a mudar, a obedecer, a confiar, a perseguir um objetivo, a labutar, e a jamais ficar estagnado.
A verdadeira fé sempre está acompanhada de ações corretas, atitudes de obediência e boas obras. O apóstolo Paulo explica que a ação sem fé é pecado (Romanos 14:23). Além disso, sem dúvida o crente é justificado pela fé, mas também é verdade que a fé sem obras é morta (Tiago 2:14-26). A obediência comprova a veracidade da fé.
Com o tempo, Abraão entendeu que a fidelidade da Palavra do Senhor era absoluta. E nesse ponto podemos aprender com o pai da fé que uma vida pela fé é sempre uma vida pautada pela Palavra de Deus. A verdadeira fé nos leva à obediência, e não há outra fonte de conhecimento, não há outra bússola que guia o crente senão a Palavra de Deus.
Como diz Warren Wiersbe, Abraão obedeceu a Deus mesmo quando não sabia onde, como, quando e nem por quê. Mas Quando Abraão, o pai da fé, foi aperfeiçoado pelo Senhor, ele descobriu que nenhuma provação era impossível, que nenhuma dor era insuperável, que nenhum fracasso era permanente.