Os amigos de Jó eram três homens que aparecem na Bíblia no livro de Jó, no Antigo Testamento. O texto bíblico registra os nomes dos amigos de Jó como: Elifaz, Bildade e Zofar (Jó 2:11).
Os amigos de Jó entram na narrativa bíblica no contexto do sofrimento de Jó. A Bíblia diz que o Senhor permitiu que Satanás testasse a fidelidade de Jó. Por conta disso, Jó perdeu seus bens materiais, seus filhos e sua saúde.
Os amigos de Jó ficaram sabendo da situação de Jó e foram visita-lo. Cada um saiu de sua própria terra e foi para Uz, o nome do lugar onde Jó vivia. Ao que parece os amigos de Jó eram homens ricos e desfrutavam de elevada posição social. O próprio Jó, antes das calamidades que lhe atingiram, era também um homem riquíssimo. Inclusive ele é descrito na Bíblia como o homem mais importante do Oriente (Jó 1:3).
Quanto aos detalhes pessoais sobre os amigos de Jó, a Bíblia não traz praticamente nenhuma informação. É dito apenas o local em que cada um estava associado. Elifaz é chamado de “o temanita”. Isso provavelmente indica que ele era de Temã, um lugar que no livro do profeta Jeremias é associado à sabedoria (Jeremias 49:7).
Bildade é chamado de “o suíta”. Alguns comentaristas sugerem que esse termo se refere a Suá, um dos descendentes de Abraão com Quetura. Já Zofar é chamado de “o naamatita”. Alguns estudiosos acreditam que talvez essa expressão esteja relacionada a alguma cidade da região de Edom.
Se considerarmos que a ordem em que os nomes são citados no texto bíblico tenha a ver com a idade dos amigos de Jó, então Elifaz era o mais velho e Zofar era o mais novo dos três. Esse tipo de ordem era comum nos tempos antigos. Mas de qualquer forma, os três homens já eram idosos, inclusive eram mais velhos que Jó (cf. Jó 15:10; 32:6).
A visita dos amigos de Jó
A Bíblia mostra que os amigos de Jó se importavam com ele, pois saíram de suas terras e foram visita-lo. Mas o sofrimento de Jó era tão grande que eles não conseguiram nem mesmo reconhecer Jó de longe.
Então ao se aproximarem, eles lamentaram muito a situação de Jó. Eles choraram, rasgaram cada um as suas vestes e jogaram terra sobre suas cabeças. Todas essas coisas sinalizavam o abatimento dos amigos de Jó. Eles agiram como se estivessem de luto. Inclusive, eles ficaram em silêncio durante uma semana ao lado de Jó, sentados no chão.
Mas depois disso a Bíblia diz que Jó rompeu o silêncio e começou a desabafar. Jó estava tendo de lidar com uma avalanche de sentimentos. Ele estava tão angustiado a ponto de amaldiçoar o dia do seu próprio nascimento, enquanto dirigia uma série de questionamentos a Deus (Jó 3:1-26).
Os amigos de Jó, então, também começaram a falar. E foi nesse ponto que eles falharam. Em vez de apenas escutarem o amigo que estava sofrendo e tentarem consolá-lo, eles se propuseram a repreender Jó ao passo em que tentavam explicar o motivo de seu sofrimento. Eles poderiam ter servido como testemunhas da fidelidade de Jó, mas em vez disso fizeram o papel de seus acusadores.
Os diálogos dos amigos de Jó
Quando lemos os discursos dos amigos de Jó a respeito da situação que estava ocorrendo com Jó, e até irônico sabermos que eles tinham ido até Jó para consolá-lo. Na verdade, o “consolo” deles serviu para deixar Jó ainda pior. Teria sido muito melhor se tivessem ficado calados.
O primeiro a falar foi Elifaz. Basicamente Elifaz fundamentou seus argumentos na experiência e na tradição. E nesse sentido ele suprimiu de sua teologia o tema da graça e da misericórdia de Deus. Na lógica de Elifaz, o sofrimento era algo comum apenas ao pecador (Jó 4:7).
O segundo a falar foi Bildade. Em seu discurso Bildade se mostrou ser um grande legalista. Ele não teve sensibilidade com Jó, seu amigo que estava sofrendo. Para ele, se havia sofrimento então havia pecado oculto. Inclusive, ele chegou ao ponto de dizer a Jó, um pai ilutado, que todos os seus filhos morreram porque fizeram mal contra Deus e por isso foram castigados (Jó 8:4).
O último dos amigos de Jó a falar foi Zofar. Mas de forma geral ele seguiu a mesma linha de perseguição contra Jó. Parece que ele não acreditava no sofrimento do justo, o que obviamente representava mais uma acusação de que Jó estava em pecado. Inclusive, Zofar chegou a afirmar que Jó estava sofrendo menos do que de fato merecia (Jó 11:6).
Os erros dos amigos de Jó
Os amigos de Jó falharam por pensar que podiam explicar tudo. Eles falharam ao acreditar que podiam colocar os insondáveis propósitos de Deus em seu sistema de “respostas prontas”. Eles falharam em entender que o relacionamento entre Deus e o homem é governado pela sabedoria divina, não pela sabedoria humana.
A verdade é que os amigos de Jó perderam a oportunidade de exercitar a misericórdia. A ortodoxia deles não deixou espaço para a compaixão. Como bons amigos, eles tinham apenas que consolar Jó, mas em vez disso fizeram da dor de Jó um debate teológico. Nesse processo eles até citaram princípios bíblicos verdadeiros, mas aplicaram esses princípios de forma equivoca e inoportuna. Então realmente teria sido melhor que os amigos de Jó tivessem ficado em silêncio.
Por tudo isso no final os amigos de Jó foram repreendidos pelo Senhor e tiveram de pedir perdão a Jó – que orou por eles (Jó 42:7-10). Se os amigos de Jó falharam ao tentarem explicar o sofrimento de Jó, você já pensou como então eles explicariam o sofrimento de Cristo, Aquele que suportou o maior dos sofrimentos mesmo sem nunca ter pecado? De fato, temos muitas coisas a apreender com o exemplo negativo dos amigos de Jó.