O versículo que diz que “as coisas velhas se passaram, eis que tudo se fez novo” significa que aqueles que estão em Cristo não enxergam mais o mundo da mesma forma. Após serem convertidos a Cristo, os crentes não encaram mais a vida como antes. Eles fazem parte da nova criação e, portanto, possuem uma nova orientação a respeito de Cristo, das pessoas e do mundo ao seu redor.
A frase: “as coisas velhas se passaram, eis que tudo se fez novo” é mais bem compreendida quando consideramos o contexto em que ela aparece. O estudo bíblico mostra que quem escreveu essas palavras foi o apóstolo Paulo ao responder os ataques de falsos mestres que estavam tentando se introduzir na igreja de Corinto. Basicamente essas pessoas mal intencionadas queriam destruir a reputação ministerial de Paulo dizendo que seu apostolado não era verdadeiro, que a mensagem que ele anunciava era falsa, e que suas motivações eram erradas.
Mas Paulo respondeu esses ataques falando aos crentes coríntios que seu ministério era motivado pelo temor ao Senhor e pelo amor de Cristo que o constrangia. Esse amor, inclusive, o inseriu numa nova criação e mudou completamente o seu entendimento a respeito de Cristo, das pessoas e do mundo em geral.
Paulo ensina que aqueles que foram alcançados pelo amor de Cristo não vivem mais de forma egoísta, mas vivem para o Senhor (2 Coríntios 5:15). Eles não consideram mais ninguém do ponto de vista humano, mas do ponto de vista do amor de Cristo (2 Coríntios 5:16). O próprio Paulo outrora havia considerado Cristo do ponto de vista humano. Ele enxerga a Cristo como um impostor cuja mensagem deveria ser silenciada. Então antes de sua conversão ele dedicou seus esforços a perseguir os seguidores de Cristo.
Mas tudo isso mudou radicalmente quando ele foi unido a Cristo pela fé e constrangido por seu amor sacrifical. A partir daí ele se tornou participante da nova criação, de modo que “as coisas velhas se passaram; eis que tudo se fez novo” (2 Coríntios 5:17).
As coisas velhas se passaram
A frase: “as coisas velhas se passaram” se refere ao antigo modo que os crentes tinham de enxergar a Cristo e o mundo antes de sua conversão. Todas as coisas eram vistas sob a perspectiva humana, ou seja, sob o entendimento de uma mente sem a iluminação do Espírito Santo e o conhecimento de Deus.
Antes da conversão, os crentes viviam de acordo com a sua natureza caída. Eles andavam conforme a antiga criação que caiu em condenação por causa da desobediência de Adão. Mas estando em Cristo, os crentes agora fazem parte da nova criação formada pela obediência de Cristo, e vivem de acordo com o seu padrão de retidão.
Portanto, como diz William Hendriksen, quando uma pessoa torna-se parte do corpo de Cristo na conversão, sua vida sofre uma inversão completa (Comentário do Novo Testamento). Suas antigas crenças, motivações, planos, prioridades e valores são coisas que ficam no passado. O centro de sua vida muda e, portanto, agora ela passa a enxergar tudo de uma nova perspectiva.
Eis que tudo se fez novo
Como as coisas velhas já passaram, o crente sinceramente pode dizer: “eis que tudo se fez novo”. Isso quer dizer que ele olha para Cristo de uma maneira diferente. A transformação que Cristo opera na vida do crente o transporta da velha realidade para a nova realidade; da antiga criação para a nova criação; das coisas passadas para as coisas novas. Ele passa a enxergar tudo de uma maneira diferente.
Em primeiro lugar, ele passa a enxergar Cristo como o Salvador de sua vida. Por exemplo: após sua conversão, Paulo não mais olhou para Cristo como um falso profeta; não mais olhou para sua mensagem como uma heresia. Mas ele olhou para Cristo como seu Salvador e Senhor; e olhou para a mensagem do Evangelho como o poder de Deus para a salvação.
Em segundo lugar, o crente que esta em Cristo olha para as pessoas ao seu redor de uma maneira diferente. Ele enxerga aqueles que não conhecem a Cristo como pessoas pecadoras que precisam de um Salvador; como ovelhas que precisam de um pastor. E como o amor de Cristo o constrange, o crente é impelido a proclamar esse amor aos outros. Ele também enxerga os demais cristãos como seus irmãos na fé que participam, juntamente com ele, da família de Deus.
Em terceiro lugar, o crente que está em Cristo não vive mais para as coisas passageiras deste mundo, mas para as coisas da eternidade. O pecado não é mais algo que controla sua vida, pois ele possui a mente de Cristo (1 Coríntios 2:16). Sim, as tentações fazem parte de sua realidade presente, mas fervorosamente ele ora a Deus para que não o deixe cair em tentação (Mateus 6:13). Vivendo a nova criação, de fato o crente pode dizer que as coisas velhas se passaram, eis que tudo se fez novo.