As Frases de Jesus na Cruz

As frases de Jesus na cruz transmitem ensinos fundamentais à nossa fé cristã. São 7 frases ditas por Jesus na cruz e muita gente, ao ler os relatos sobre a crucificação, acaba passando por essas frases sem dar a devida atenção necessária.

Lá no Calvário, já pregado no madeiro, nos momentos finais antes da morte de Jesus, cada detalhe apontava para o cumprimento das Escrituras, inclusive as últimas palavras ditas por Ele, as quais possuem significados importantíssimos para todos nós. Neste estudo bíblico, conheceremos quais são as 7 frases ditas por Jesus, e quais as implicações que elas fornecem.

Quais as 7 frases de Jesus na cruz?

Não sabemos com exatidão a ordem em que todas essas frases de Jesus na cruz foram pronunciadas. Também para termos acesso a todas elas precisamos combinar o relato sobre a crucificação presente nos quatro Evangelhos, já que não as encontramos concentradas em um único Evangelho.

Claro que isto não representa problema algum, ao contrário, confirma o conteúdo dos quatro Evangelhos como complementares uns aos outros, ou seja, juntos, eles nos fornecem todos os detalhes que necessitamos.

1- Uma oração de perdão

“Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem” (Lc 23:34).

Essa frase de Jesus na cruz demonstra o seu amor e compaixão. O Senhor, em pleno sofrimento, orou ali por seus próprios algozes. Jesus orou por aqueles que não o reconheceram como o Messias, principalmente os judeus, que tinham recebido a promessa de sua vinda mas acabaram crucificando-o.

Essa oração na cruz já mostrou seu cumprimento imediato ali mesmo, quando pessoas que acompanhavam a crucificação reconheceram que verdadeiramente Ele era o Filho de Deus, como por exemplo, o centurião e os guardas que estavam com ele (Mt 27:54).

Na sequência do relato bíblico, poucos dias após a crucificação, podemos ver diante da pregação do apóstolo Pedro em Atos 2 muitos daqueles que crucificaram Jesus sendo convertidos ao Evangelho.

Essa oração expressa a maravilhosa e irresistível graça, que faz com que perseguidores do Evangelho, como o próprio apóstolo Paulo um dia também foi, caiam de joelhos perante a majestade do Cordeiro de Deus.

2- A declaração da eficácia de sua obra

“Em verdade te digo, hoje estarás comigo no Paraíso” (Lucas 23:43).

Jesus foi crucificado como malfeitor ao lado de dois ladrões. Um deles reconheceu que Jesus era o Messias, e de certa forma compreendeu ali na cruz a natureza espiritual do reino de Deus, ao pedir que Jesus se lembrasse dele quando entrasse em seu reino.

A resposta de Jesus é uma declaração clara e objetiva sobre da eficácia de sua obra na cruz, ao prometer ao ladrão que no mesmo dia ele seria recebido na presença de Deus. Aqui vale uma observação quanto ao sentido dessa frase.

Sabemos que algumas seitas, como as Testemunhas de Jeová, por exemplo, para evitarem implicações contrárias aos seus ensinos heréticos, fazem uma pontuação diferente na frase, ficando algo como: “Em verdade eu te digo hoje, estarás comigo no Paraíso“. Com isto, eles tentam negar o ensino de Jesus de que imediatamente após a morte o ladrão estaria no Paraíso.

A questão é que no grego não há qualquer pontuação na frase, além do mais, da forma com que a sentença se apresenta no original é gramaticalmente impossível fazer uma pontuação da forma com que tais seitas propõem, pois isto acrescentaria uma redundância inadmissível ao texto.

Não há necessidade de Jesus ter dito “eis que te digo hoje” pois isto já era obvio, ou será que faz sentido alguém dizer “eis que te digo amanhã“? É claro que o “hoje” nesse sentido é completamente desnecessário.

Também não podemos nos esquecer de que Jesus está respondendo um pedido direto do ladrão, que basicamente foi: “Quero entrar no teu reino“. O próprio ladrão também expressa em sua frase sua expectativa sobre quando ele esperaria ter seu pedido atendido, ou seja, “quando Jesus entrasse no seu reino“.

Jesus poderia tê-lo respondido apenas com “estarás comigo no Paraíso“, porém, considerando a pergunta implícita no pedido no ladrão, Jesus acrescentou a palavra “hoje” para lhe falar sobre a realidade presente do reino de Deus e lhe afirmar que qualquer espera não seria necessária, pois logo após a morte ele seria recebido no Paraíso.

3- Uma declaração sobre sua preocupação humana

“Mulher eis aí o teu filho”, e ao discípulo: “Eis aí a tua mãe” (João 19:26,27).

A teologia católica afirma que nessa frase Jesus estava encarregando Maria de cuidar da Igreja, ou seja, exercer uma posição de matriarca da Igreja. Entretanto, a leitura do texto claramente demonstra que não há nada disso.

Essa frase mostra a preocupação de Jesus por sua mãe na hora de sua morte, refletindo também em uma demonstração de sua humanidade. Mesmo Maria sabendo que Jesus era o filho de Deus, e que aquele era sua missão, obviamente ela teve muita dificuldade em vê-lo crucificado.

É bem provável que Maria já fosse viúva naquele momento. Alguns estudiosos apontam para a possibilidade de que nenhum dos irmãos de Jesus segundo a carne teria acompanhado a crucificação. Assim, Jesus comissionou o seu discípulo a cuidar de Maria que, embora o texto não traga explicitamente o nome de João, a descrição presente no texto aponta para ele.

Também é possível que João tenha sido filho de Salomé, e Salomé, por sua vez, tenha sido irmã de Maria (Jo 19:25; cf. Mt 27:56; Mc 15:40). Logo, João, o discípulo amado de Jesus, poderia ter sido o sobrinho de Maria.

A própria sequência do texto nos mostra que não há um significado profundamente teológico nessa frase como alguns afirmam. Jesus simplesmente estava dizendo para Maria que João cuidaria dela. A prova disto, é que o próprio João entendeu desta forma ao levá-la para casa a partir daquele momento (Jo 19:27).

4- Uma declaração de que Ele havia se tornado maldito

“Eloí, Eloí, lamá sabactâni” (Mt 27:46).

Essa sem dúvida é uma das frases mais conhecidas de Jesus na cruz. Essa frase é tão importante para compreendermos a obra redentora de Cristo na cruz que os textos trazem ela tanto no original quanto sua tradução: “Deus meu, Deus meu, por que me abandonastes?” (Mt 27:46; Mc 15:34).

Essa frase também é uma referência as Escrituras Sagradas, no caso o Salmo 22: “Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste? Por que te alongas do meu auxílio e das palavras do meu bramido?” (Sl 22:1). Em mais um salmo messiânico, o salmista se refere ao sofrimento e vitória do Messias. As palavras de Jesus foram exatamente as mesmas primeiras palavras desse salmo.

Essa frase expressa todo o abandono que Jesus experimentou na cruz por causa de nossos pecados. Ao carregar sobre si as nossas iniquidades, Ele recebeu o castigo da ira e da justiça de Deus. Saiba mais sobre o significado de Eloí, Eloí, lamá sabactâni.

5- Uma declaração de sua humanidade

“Tenho sede” (João 19:28).

Além de ser uma declaração explicita de sua humanidade, ou seja, como qualquer homem Jesus também sentia sede, essa frase também mostra um cumprimento escatológico, apontando para a soberania como Senhor de toda a História, onde cada detalhe das Escrituras é cumprido de acordo com seus propósitos eternos.

Assim, em uma única frase percebemos a humanidade de Jesus e sua divindade. Naquele momento, numa prova explicita de que Jesus era 100% homem também fica provado que ele era 100% Deus.

No Salmo 69, um salmo messiânico, lemos: “Deram-me fel por mantimento, e na minha sede me deram a beber vinagre” (Sl 69:21). Já no Evangelho de Mateus encontramos o seguinte: “Deram-lhe a beber vinagre misturado com fel; mas ele, provando-o, não quis beber” (Mt 27:34).

6- Uma declaração de que todos os méritos são dEle

“Está consumado” (Jo 19:30).

No grego o termo utilizado é tetelestai, um verbo que significa “completo”, “terminado”, “está cumprido”, “está feito”. Aqui há uma referência a toda sua vida terrena, onde se cumpriu toda a Escritura, consumando todo o plano da redenção.

Essa frase também declara explicitamente que não há mais nada a ser feito. Nós não podemos contribuir de nenhuma forma para a nossa salvação, pois a obra está completa, está consumada, tudo foi feito por Ele, e se fomos justificados e reconciliados com Deus, isto é exclusivamente pelos méritos dEle.

7- Uma declaração de que Deus aceitou o sacrifício

“Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito” (Lc 23:46).

Nessa frase Jesus também faz referência ao cumprimento das Escrituras, citando o Salmo 31: “Nas tuas mãos encomendo o meu espírito; tu me redimiste, Senhor Deus da verdade” (Sl 31:5).

Essa frase expressa que Deus havia recebido o sacrifício de Jesus, a expiação por nossos pecados, e após a sua morte Ele estaria no céu juntamente com o Pai.

Da mesma forma com que o Pai O recebeu após sua morte na cruz, por causa do sacrifício de seu Filho, Ele também recebe o espírito de todos aqueles que são seus. Certamente essa frase nos traz conforto e esperança, pois pela morte d’Ele, hoje temos um lar garantido ao lado do Senhor por toda a eternidade (Jo 14:2). O sacrifício de Jesus satisfez a justiça de Deus.