Diáspora é uma palavra grega que significa “dispersão”. Então a diáspora pode ser definida como um processo de dispersão onde há um grande deslocamento de pessoas para fora dos territórios de suas nações.
Quando a Bíblia fala sobre a diáspora dos judeus, isso significa a dispersão do povo israelita para além do território que lhe foi dado por Deus. O povo judeu já passou por várias diásporas desde que Deus prometeu a posse permanente de um território a Abraão e seus descendentes (Gênesis 13:14-17).
Alguns estudiosos até classificam as diásporas dos judeus em duas modalidades:
- Diáspora forçada: as vezes em que o povo foi levado cativo.
- Diáspora voluntária: quando uma grande quantidade de judeus passou a habitar espontaneamente fora do território israelita.
Por que a diáspora marcou a história do povo judeu?
Muitos comentaristas consideram o período em que o povo hebreu ficou no Egito como sendo a primeira grande diáspora judaica. Essa dispersão para fora da Palestina começou com a fuga da crise que assolava a região frente à abundância que havia no Egito sob a liderança do governador José, filho de Jacó. Mas com o tempo essa dispersão da casa de Israel para o Egito acabou se tornando uma permanência forçada sob o regime de escravidão.
Somente séculos depois foi que Deus levantou Moisés para conduzir os israelitas novamente à terra prometida aos patriarcas. Mas o próprio Deus avisou aos israelitas através de Moisés que a dispersão seria um instrumento de juízo para castigá-los em casos de desobediência e apostasia.
A relação entre o povo de Israel e sua terra sempre foi muito profunda. Isso porque Israel recebeu seu território como uma herança dada por Deus. No pensamento judeu, prosperar nessa terra significava a aprovação divina.
Por isso que dispersar o povo judeu da Terra Prometida era um dos métodos mais severos da punição divina. O livro de Deuteronômio deixa claro que a dispersão estava entre as maldições pela quebra da aliança (Deuteronômio 28:15-25). Mas no mesmo livro lemos sobre a promessa de Deus em restaurar o seu povo diante do genuíno arrependimento após o período de dispersão no exílio (Deuteronômio 30:1-4). Essa promessa, inclusive, encontra seu cumprimento no Novo Testamento (cf. Deuteronômio 30:6; Romanos 2:29).
Não faltaram avisos de Deus ao povo de Israel acerca da possibilidade de expulsão da Terra Prometida. Deus chamou vários profetas e os colocou diante do povo para repreender a iniquidade, conclamar o arrependimento, e advertir sobre uma diáspora iminente por causa da rebeldia.
O povo de Israel, porém, não deu ouvidos ao Senhor. O Reino do Norte, com capital em Samaria, foi o primeiro a experimentar uma grande dispersão quando foi conquistado pelos assírios e deportados a partir de 722 a.C. Já o Reino do Sul, com capital em Jerusalém, também foi disperso e deportado para a Babilônia de Nabucodonosor a partir de 586 a.C. Saiba mais sobre o cativeiro babilônico.
A diáspora no período interbíblico
Depois dos grandes períodos de exílio enfrentados pelos israelitas, houve também outras dispersões menores. As conquistas de Alexandre, o Grande, por exemplo, deu início a novas dispersões. Quando Ptolomeu I do Egito invadiu a Palestina, ele levou muitos judeus para Alexandria. Mais tarde, essa cidade até acabou se tornando uma dos centros judaicos estrangeiros mais importantes.
Antíoco da Síria também instalou cerca de duas mil famílias judaicas na Frígia e Lídia. Depois, em 63 a.C., Pompeu de Roma levou muitos judeus de Jerusalém para a capital do império. Inicialmente eles foram levados como escravos, mas logo conseguiram novamente seus direitos civis.
Muitas famílias judaicas que enfrentaram uma diáspora forçada ao serem deportadas, não retornaram mais ao território de Israel. Essas famílias acabaram se estabelecendo nos territórios vizinhos.
Combinado a tudo isso, muitos judeus deixaram voluntariamente a Palestina para viverem em outras regiões. A maioria desses judeus imigrantes procurava novas oportunidades econômicas.
Apesar desse tipo de imigração ter existido desde os tempos mais antigos da história de Israel, foi a partir do período interbíblico que a quantidade de imigrantes chegou a um número imenso. A tradução do Antigo Testamento do hebraico para o grego, a Septuaginta, é resultado desses movimentos de diáspora; dado ao tamanho da população de judeus estrangeiros.
A diáspora no período do Novo Testamento
Nos tempos de Jesus Cristo havia muitos judeus dispersos (João 7:35). Por tudo isso é compreensível o grande trabalho missionário dos primeiros líderes cristãos entre os judeus da diáspora. Tiago, o apóstolo Pedro e o escritor de Hebreus, por exemplo, escreveram aos judeus da diáspora que tinham se convertido a Cristo (Hebreus 13:24; Tiago 1:1; 1 Pedro 1:1).
Estima-se que no primeiro século da era cristã a população de judeus estrangeiros vivendo em dezenas de países já era maior que a população de judeus que vivia na Palestina. A narrativa do Pentecostes no livro de Atos se harmoniza a isso (Atos 2).
Com a queda de Jerusalém em 70 d.C. ocorreu mais uma grande diáspora. Inclusive, essa diáspora foi profetizada pelo próprio Jesus. Ele anunciou que os judeus ficariam dispersos até o fim dos tempos (Lucas 21:24). Mesmo hoje com Israel sendo um estado independente e soberano, o número de judeus estrangeiros é cerca de três vezes maior do que a comunidade judaica em Israel.