O Que Significa “Elevo os Meus Olhos Para os Montes”?

A declaração: “elevo os meus olhos para os montes” é a frase que introduz o Salmo 121 na Bíblia. Esse salmo era um cântico de romagem entoado pelos peregrinos no caminho para as grandes atividades festivas em Jerusalém. Há diferentes possibilidades de interpretação do significado dessa declaração, mas todas elas apontam para o poder e o cuidado providencial do Senhor.

Isso fica muito claro quando lemos as palavras do salmista. Ele diz: “Elevo os meus olhos para os montes: de onde me virá o socorro? O meu socorro vem do SENHOR, que fez o céu e a terra” (Salmo 121:1,2).

A jornada dos crentes judeus que viviam fora de Judá rumo à cidade de Jerusalém não era fácil. O caminho era perigoso e oferecia diversos desafios que iam deste o terreno difícil e as condições climáticas que às vezes eram adversas, até a ação de criminosos perigosos que ficavam a estreita para atacar as caravanas de peregrinos.

Então o chefe de família judeu ficava sempre em constante tensão durante a jornada, pois sua família e seus bens poderiam estar em perigo a qualquer momento. Isso explica a declaração do salmista: “Elevo os meus olhos para os montes: de onde me virá o socorro?”. É nesse ponto que existem diferentes interpretações sobre o que o escritor bíblico de fato queria dizer.

Elevo os meus olhos para os montes: de onde me virá o socorro?

Alguns intérpretes consideram que quando o salmista diz: “elevo os meus olhos para os montes”, ele estava se referindo à região montanhosa de Judá onde o Templo estava edificado sobre o Monte Sião.

A ideia é que ao fixar seus olhos sobre Sião – o monte de Deus onde a Arca da Aliança estava como representação máxima da presença do Senhor – o salmista reconhece que sua força e sustento vêm de Deus. Nesse sentido, as colinas de Sião eram um lembrete da habitação de Deus no meio do seu povo e de que o socorro do crente peregrino vinha unicamente d’Ele.

Outros estudiosos preferem adotar um sentido negativo para os montes. De acordo com eles, quando o salmista diz: “Elevo meus olhos para os montes: de onde me virá o socorro?”, ele está proclamando que sua confiança estava unicamente em Deus, e não na imponência e segurança das montanhas.

Além disso, naquele tempo os pagãos e os judeus apóstatas adoravam falsos deuses em altares e santuários que ficavam no alto dos montes (cf. 2 Reis 16:4; 13:27; 17:2; Oséias 4:11-13). Nesse sentido, declaração do salmista em tom de questionamento pode implicar numa reprovação da idolatria e um testemunho da inutilidade dos ídolos. Algo semelhante ao que lemos na profecia de Jeremias: “Certamente, em vão se confia nos outeiros e na multidão das montanhas; deveras, no SENHOR, nosso Deus, está a salvação de Israel” (Jeremias 3:23).

Até é possível combinar de alguma forma as duas interpretações. W. Wiersbe, por exemplo, comenta que a despeito da falsa adoração a outros deuses praticada nos santuários que ficavam nos montes, o povo fiel a Deus olhava acima dos montes, para o grande Deus que havia criado todas as coisas. Quando olhavam para os montes de Jerusalém, eles sabiam que Deus habitava ali em se santuário e dava toda a ajuda que seu povo precisava.

O meu socorro vem do Senhor, que fez o céu e a terra

Seja qual for a interpretação adotada, nada muda a mensagem principal dessa conhecida declaração bíblica. O socorro dos santos vem do Senhor, o Criador do céu e da terra. Perceba que ao dizer: “Elevo meus olhos para os montes: de onde me virá o socorro?”, o salmista não buscar por socorro na criação, mas diretamente no próprio Criador. Por isso ele mesmo responde: “O meu socorro vem do SENHOR, que fez o céu e a terra”.

Não devemos procurar segurança em lugar algum ou em ninguém mais a não ser em nosso Deus Todo-Poderoso. Nossos olhos devem estar fixados no Senhor. Como diz John Gill, nosso socorro não vem de colinas e montanhas; não vem de homens e nações, por mais poderosos que sejam, mas vem unicamente do Senhor. Nesse sentido, elevar os olhos ao Senhor é também um gesto de oração que expressa ousadia e confiança, bem como esperança e expectativa de que receberemos d’Ele a ajuda que necessitamos.

Se for para olharmos para algum monte como nosso alvo final, então que olhemos para o Sião celestial ao qual somos conduzidos pelos méritos de Cristo para que possamos habitar para sempre com o Senhor (cf. Hebreus 12:22,23; Apocalipse 14:1; 21:10). Sobre isso, C. H. Spurgeon diz que aqueles que elevam seus olhos para as colinas eternas em breve também terão seus corações elevados.