Êxodo 1 é o capítulo da Bíblia que introduz a história da libertação da nação de Israel da escravidão no Egito. O estudo bíblico de Êxodo 1 também revela que esse capítulo liga a história narrada no livro de Gênesis com a história que é narrada no livro de Êxodo. Em outras palavras, a partir de seu primeiro capítulo o livro de Êxodo continua a história que começa em Gênesis.
Um esboço de Êxodo 1 pode ser organizado de forma simples da seguinte maneira:
- Os descendentes de Jacó no Egito (Êxodo 1:1-7).
- A ameaça egípcia aos hebreus (Êxodo 1:8-14).
- A desobediência das parteiras na preservação dos meninos hebreus (Êxodo 1:15-22).
Os descendentes de Jacó no Egito (Êxodo 1:1-7)
O texto de Êxodo 1 começa falando sobre como os hebreus foram para o Egito. Nesse ponto o escritor bíblico recorda dos eventos registrados no livro de Gênesis, conectando as duas histórias. Ele informa que “os filhos de Israel entraram com Jacó no Egito; cada um entrou com sua família: Rúben, Simeão, Levi e Judá, Issacar, Zebulom e Benjamim, Dã, Naftali, Gade e Aser” (Êxodo 1:2-4).
Nessa parte o texto hebraico informa que ao todo setenta pessoas entraram no Egito; e claro, todas essas pessoas eram descendentes de Jacó (Êxodo 1:5). Mas no Novo Testamento, o livro de Atos informa que foram setenta e cinco pessoas (Atos 7:14).
O que acontece é que o texto de Atos utiliza como referência o texto da Septuaginta – a tradução grega do Antigo Testamento – que traz o número de setenta e cinco pessoas ao adicionar a esse total os descendentes de José.
Inclusive, esse número considera apenas os descendentes masculinos e adultos. Certamente se fosse contato nesse total o número de mulheres e crianças, esse grupo provavelmente passaria de cento e cinquenta pessoas.
O texto também diz que José, o governador do Egito, morreu; bem como toda sua geração. Mas os filhos de Israel prosperaram e se multiplicaram muito no Egito, de modo que os descendentes de Jacó se tornaram um grupo forte e numeroso (Êxodo 1:7). Nesse tempo provavelmente os Israelitas habitavam na terra de Gósen, no noroeste do Egito.
A ameaça egípcia aos hebreus (Êxodo 1:8-14)
Todavia, os egípcios começaram a enxergar os hebreus como uma ameaça. A Bíblia diz que se levantou no Egito um Faraó que não havia conhecido José (Êxodo 1:8). As tentativas de identificar a identidade desse Faraó são problemáticas e complicadas. Alguns estudiosos sugerem que esse Faraó pode ter sido Amosis I, que governou entre 1570 e 1546 a.C.
Seja como for, esse novo Faraó disse ao povo egípcio que os filhos de Israel tinham prosperado tanto que eram mais números e mais fortes que os próprios egípcios (Êxodo 1:9). Então o Faraó propôs que providências fossem tomadas para enfraquecer o povo de Israel.
Foi assim que os egípcios começaram a oprimir os israelitas com trabalhos forçados, fazendo com que eles edificassem as cidades-celeiros de Pitom e Ramessés (Êxodo 1:11). Essas duas cidades possuíam localização estratégica na área do delta do Nilo e eram usadas para estocar suprimentos militares e agrícolas.
Mas o escritor do livro de Êxodo diz que quanto mais os filhos de Israel eram afligidos, mais eles se multiplicavam e se espalhavam (Êxodo 1:12). Então os egípcios começaram a tratar os israelitas com ainda mais tirania, fazendo-lhes amargar uma vida de servidão ocupada na construção e no trabalho no campo (Êxodo 1:13,14).
A desobediência das parteiras na preservação dos meninos hebreus (Êxodo 1:15-22)
A sequência de Êxodo 1 diz que Faraó ordenou às parteiras responsáveis por fazer os partos das mulheres hebreias, que examinassem se as mulheres estavam dando à luz a meninos ou meninas. Isso porque as meninas podiam viver, mas os meninos tinham de ser mortos para impedir o fortalecimento do povo de Israel.
O texto bíblico registra o nome de duas parteiras: Sifrá e Puá (Êxodo 1:15). Como a população hebreia era muito grande, provavelmente essas duas mulheres eram apenas as líderes de um grupo maior de parteiras.
Mas Êxodo 1 informa que aquelas mulheres temeram a Deus e não obedeceram o que havia sido ordenado por Faraó. Em outras palavras, ao invés de colocarem fim à vida dos meninos hebreus, elas os deixaram viver (Êxodo 1:17).
Essa atitude fez com que as parteiras fossem questionadas por Faraó. E diante do rei do Egito elas responderam que as mulheres hebreias não eram como as mulheres egípcias; mas eram tão vigorosas que davam à luz antes mesmo de as parteiras chegarem, impossibilitando que os meninos fossem mortos no momento do parto (Êxodo 1:19).
Com isso a Bíblia diz que Deus fez bem às parteiras e deu famílias a elas; e o povo de Israel aumentou e se tornou ainda mais forte (Êxodo 1:20,21). Então percebendo que suprimir a população israelita através do assassinato dos meninos no parto não era algo viável, Faraó ordenou que todos os meninos hebreus que nascessem deveriam ser lançados no rio Nilo (Êxodo 1:22).
Nesse ponto o primeiro capítulo do livro de Êxodo chega ao fim preparando o cenário para o nascimento de Moisés no capítulo 2. Mas tudo estava sob o controle do Senhor, até mesmo a opressão sofrida pelos filhos de Israel.
Séculos antes Deus havia prometido que Abraão seria o pai de uma grande nação, mas que sua descendência seria reduzida à escravidão (Gênesis 15). Então Êxodo 1 nos mostra que da forma mais improvável, Deus fortaleceu o povo da aliança mesmo num tempo de crise, opressão e de amarga servidão em terra estranha.