Êxodo 12 é o capítulo da Bíblia que registra a instituição da celebração da Páscoa entre os israelitas. O estudo bíblico de Êxodo 12 também revela como foi a saída do povo de Israel do Egito após a décima praga enviada por Deus sobre os egípcios.
O esboço de Êxodo 12 pode ser organizado da seguinte forma:
- A instituição da Páscoa judaica (Êxodo 12:1-11).
- O anúncio do juízo (Êxodo 12:12-20).
- Os israelitas celebram a Páscoa (Êxodo 12:21-28).
- A décima praga (Êxodo 12:29-36).
- A saída dos israelitas do Egito (Êxodo 12:37-51).
A instituição da Páscoa judaica (Êxodo 12:1-11)
Êxodo 12 começa registrando como foi que o Senhor instituiu a Páscoa. O texto diz que o Senhor falou a Moisés e a Arão que aquele mês seria o principal dos meses; o primeiro mês do ano (Êxodo 12:1,2).
Em hebraico, esse mês era chamado de Abibe, mas após o cativeiro babilônico também passou a ser chamado Nisã. Esse mês marcava o início do calendário religioso em Israel, que em nosso calendário corresponde ao período entre Março e Abril.
Deus ordenou que Moisés e Arão falassem a toda comunidade de Israel que no décimo dia do mês de Abibe, todo homem israelita deveria separar um cordeiro ou um cabrito para sua família. Cada família tinha de ter um cordeiro separado (Êxodo 12:3). A exceção ficava por conta de uma família pequena que podia dividir o animal com a família vizinha mais próxima de sua casa (Êxodo 12:4).
O animal escolhido tinha de ser um macho de um ano e sem qualquer defeito (Êxodo 12:5). Deus também ordenou que o animal fosse guardado até o décimo quarto dia do mesmo mês, para ser sacrificado à tarde desse dia; isto é, ao pôr-do-sol, por toda congregação de Israel (Êxodo 12:6).
O povo de Israel também foi ordenado a pegar do sangue do cordeiro sacrificado e passar nos umbrais das portas de suas casas. Inclusive, os israelitas tinham de comer a carne do cordeiro penas assada no fogo, e não podiam deixar sobrar nada para o outro dia. Caso tivesse sobra, então o que sobrasse tinha de ser queimado (Êxodo 12:7-10).
A carne do animal assado era para ser consumida com o acompanhamento de pães asmos e ervas amargas. Essas ervas tinham o propósito de relembrar o sofrimento amargo da escravidão experimentada pelos israelitas no Egito (cf. Êxodo 1:14).
Além disso, os israelitas tinham de participar daquela refeição com pressa; com os seus cintos no lugar, com suas sandálias nos pés, e com seus cajados nas mãos (Êxodo 12:11). E foi assim que a Páscoa do Senhor foi instituída.
O anúncio do juízo (Êxodo 12:12-20)
Em seguida, Deus anunciou o que haveria de acontecer na noite de Páscoa. O Senhor avisou que passaria pela terra do Egito para ferir todos os primogênitos daquele lugar, desde os homens até os animais; para executar juízo sobre os deuses do Egito e revelar que somente Ele é o Senhor (Êxodo 12:12).
No entanto, o sangue dos cordeiros sacrificados seria um sinal distintivo das casas habitadas pelo povo de Israel. O Senhor prometeu passar por cima dos israelitas que estivessem com suas casas marcadas com sangue do animal sacrificado, poupando-os da praga de destruição que haveria de atingir o Egito (Êxodo 12:13).
É nesse ponto que o significado da palavra hebraica trazida por “Páscoa” pode ser entendido. Apesar de ser uma palavra de etimologia incerta, o texto bíblico parece estabelecer uma conexão entre essa palavra e a ideia de “passar por cima”; no sentido de que o juízo de Deus “passou por cima” dos israelitas poupando misericordiosamente o seu povo escolhido.
O Senhor também deixou claro que aquele dia seria um memorial para todos os israelitas ao longo das gerações futuras; de modo que eles tinham de celebrar a Páscoa como um decreto eterno e uma festa ao Senhor (Êxodo 12:14).
Deus ainda deixou mais algumas regras específicas sobre a celebração da Páscoa:
- Os israelitas tinham de comer pão sem fermento durante sete dias. Logo no primeiro dia o fermento tinha de ser tirado de suas casas. Quem comesse qualquer coisa fermentada durante esses dias, sofreria a eliminação da congregação de Israel (Êxodo 12:15-20). Nesse contexto, o fermento foi colocado como um símbolo de corrupção.
- Haveria santa convocação no primeiro e no último dia da celebração. Então nenhum trabalho podia ser executado nesses dias. A única exceção era o trabalho de preparar a refeição para todos (Êxodo 12:16).
Os israelitas celebram a Páscoa (Êxodo 12:21-28)
Em seguida, Moisés reuniu os líderes de Israel e passou a eles tudo o que Deus havia ordenado. Moisés lhes falou que colocassem o sangue do animal sacrificado numa bacia. Então com o auxílio de feixes de hissopo (uma planta herbácea comum naquela região), eles tinham de marcar as ombreiras das portas de suas casas (Êxodo 12:21-23).
Moisés também ressaltou a importância daquele rito não apenas no contexto imediato do que estavam vivendo, mas também como um memorial para as futuras gerações que haveriam de viver na terra em que o Senhor entregaria aos filhos de Israel (Êxodo 12:24,25).
Inclusive, nesse ponto mais uma vez fica claro o significado daquele cerimonial. O texto bíblico diz que quando os filhos dos israelitas perguntassem que rito era aquele, a resposta deveria ser: “É o sacrifício da Páscoa ao Senhor, que passou por cima das casas dos filhos de Israel no Egito, quando feriu os egípcios e livrou as nossas casas” (Êxodo 12:27).
Até hoje nas famílias judaicas o filho mais jovem pergunta sobre o ritual na celebração da Páscoa, e o pai responde relembrando a história do Êxodo. Depois disso, o povo israelita se inclinou e adorou, e fez tudo conforme o Senhor havia ordenado a Moisés e a Arão (Êxodo 12:28).
A décima praga (Êxodo 12:29-36)
O texto bíblico de Êxodo 12 registra que à meia-noite o Senhor matou todos os primogênitos do Egito. Ninguém escapou; desde o filho mais velho de Faraó, até o filho mais velho de um prisioneiro que estava no calabouço, todos morreram. Até mesmo as primeiras crias dos gados foram mortas (Êxodo 12:29).
A Bíblia ainda diz que no meio da noite os egípcios despertaram e houve uma lamentação muito grande no Egito. Com exceção dos israelitas, não havia uma única casa naquele lugar que não houvesse um morto (Êxodo 12:30). Então naquela mesma noite Faraó convocou Moisés e Arão e pediu que os israelitas saíssem imediatamente do meio dos egípcios (Êxodo 12:31).
Inclusive, Faraó sabia que os israelitas prestariam culto ao Senhor, e pediu que eles o abençoassem também (Êxodo 12:32). É provável que com isso ele quisesse uma benção que pudesse acabar com a maldição que tinha caído sobre o Egito.
O texto também faz questão de ressaltar que os egípcios pressionavam os israelitas para que eles saíssem com urgência da terra do Egito; mostrando que aquele povo tinha reconhecido sua derrota perante o Deus de Israel. Além disso, antes de saírem os israelitas despojaram os egípcios que favoravelmente lhes davam ouro, prata e roupas conforme pediam (Êxodo 12:33-36).
Ao ferir todos os primogênitos do Egito, Deus mostrou o seu grande poder sobre tudo e todos. Nos tempos antigos, os primogênitos eram os principais herdeiros das famílias. O filho de Faraó, por exemplo, era o herdeiro do trono do Egito. Mas Deus revelou que nenhuma expectativa humana se realiza à parte de sua soberana vontade.
Até mesmo o fato de os primogênitos dos animais terem sido alvos do juízo divino, foi algo muito significativo. No Egito muitos animais eram tidos como sagrados, pois simbolizavam os deuses cultuados ali. Mas quando até mesmo esses animais morreram, ficou claro aos egípcios que nenhuma de suas divindades seria capaz de lhes proteger contra o Deus de Israel.
A saída dos israelitas do Egito (Êxodo 12:37-51)
Êxodo 12 informa que os israelitas partiram de Ramessés para Sucote. Ramessés era uma cidade que guardava as provisões agrícolas e suprimentos militares na região do delta do Nilo. Já a localização de Sucote é desconhecida. O texto também esclarece que os israelitas partiram num grupo de cerca de seiscentos mil homens, sem contar mulheres e crianças (Êxodo 12:37). Esses homens que foram contados eram aqueles em idade militar.
Os israelitas também foram acompanhados por um “misto de gente, ovelhas, gado, e muitíssimos animais” (Êxodo 12:38). Essas pessoas que se misturaram aos israelitas talvez fossem escravos de outras etnias, outros grupos semitas, e até mesmo egípcios que provavelmente tinham constituído família com israelitas através do casamento. Seja como for, o que é certo é que os israelitas saíram do Egito após quatrocentos e trinta anos, cumprindo-se a Palavra do Senhor a Abraão (Êxodo 12:40,41; cf. Gênesis 15:13).
Já a parte final de Êxodo 12 traz recomendações adicionais sobre a celebração da Páscoa. O texto bíblico mais uma vez reforça o caráter memorial da Páscoa em conexão com a libertação do povo de Israel do Egito. Também explica que nenhum estrangeiro podia participar da refeição pascal; a menos que primeiro ele fosse circuncidado e recebido na comunidade da aliança (Êxodo 12:42-49). É provável que essas recomendações adicionais foram dadas principalmente pelo fato de muitos estrangeiros terem acompanhado os israelitas para fora do Egito.
Então Êxodo 12 chega ao fim relatando em seus últimos dois versículos que os filhos de Israel fizeram tudo o que o Senhor tinha lhes ordenado através de Moisés e Arão; e naquele mesmo dia Deus lhes tirou de sua vida de escravidão no Egito (Êxodo 12:50,51).
Diante de todo o conteúdo de Êxodo 12, é evidente a sua conexão remidora com a obra de Cristo. O conceito de substituição do cordeiro usado na refeição pascal que morreu em lugar dos primogênitos israelitas naquela noite no Egito, prefigurava a morte Jesus de Cristo, o Cordeiro de Deus que foi sacrificado em nosso lugar (cf. João 1:29; 1 Pedro 1:19; Apocalipse 5:6).