O falso profeta descrito no livro do Apocalipse é um dos agentes de Satanás. Ele também é chamado de “a segunda besta” ou “a outra besta” que emerge da terra. O falso profeta é descrito como alguém que engana os habitantes da terra, fazendo-os adorar a primeira besta.
O falso profeta é um imitador
O falso profeta é descrito de forma simbólica como sendo uma besta. Ele se parece com um cordeiro e possui dois chifres. Essa descrição é bastante significativa, e revela que o falso profeta é um imitador.
No livro do Apocalipse, a palavra cordeiro ocorre 29 vezes, das quais 28 são em referência a Cristo. Além disso, a figura do cordeiro aponta para o Senhor Jesus do começo ao fim das Escrituras. Ele é o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo (João 1:26).
Porém, das 29 vezes que essa palavra é utilizada no Apocalipse, uma delas se refere ao cordeiro de Satanás. Ele age como um falso Cristo, mascarado como o Cordeiro verdadeiro. Sua ambição é se parecer atraente, e seu propósito é enganar as pessoas.
A ação do falso profeta do Apocalipse
O falso profeta age como um tipo de propagandista da primeira besta. Ele engana o mundo incrédulo para que a primeira besta seja adorada. Isso significa que ele também é uma imitação fraudulenta da Palavra de Deus e do Espírito Santo.
O Espírito Santo guia os redimidos à adoração ao Senhor. Ele não glorifica a si mesmo, mas glorifica a Cristo (João 16:14). Da mesma forma, o falso profeta não busca a adoração de si mesmo, mas promove o culto a besta que subiu do mar.
Ele tem aparência de cordeiro, tenta imitar o testemunho do Espírito Santo, mas não proclama a Palavra de Deus. O falso profeta, o cordeiro de Satanás, fala como um dragão. Quando abre a boca, ele age como o porta-voz do diabo (Apocalipse 13:11).
O falso profeta também procura simular os milagres realizados pelo Espírito Santo. Assim, ele opera sinais miraculosos que seduz os habitantes da terra. Ele faz descer fogo do céu e ordena que uma imagem da primeira besta seja erguida. Depois, ele faz essa estátua da besta falar. Como promotor da adoração maligna, ele é o responsável por punir aqueles que não adoram a imagem da besta. A punição é a morte (Apocalipse 13:13-15).
Além disso, assim como os salvos são selados com a marca do Espírito Santo (Efésios 1:13), o falso profeta também coloca em seus adoradores uma certa marca. Os adoradores da besta recebem essa marca em suas mãos ou fronte (Apocalipse 13:16-18). Quem não receber a marca da besta será boicotado e impedido de sua atividade econômica.
A identidade do falso profeta do Apocalipse
Existem diferentes interpretações sobre quem é o falso profeta do Apocalipse. Algumas delas dizem que o falso profeta é um indivíduo específico. Outras defendem que o falso profeta é um símbolo de toda falsa religião anticristã que se levanta ao longo da História.
Vejamos melhor essas duas linhas de interpretação sobre quem é o falso profeta do Apocalipse:
1. O falso profeta será um líder religioso
Alguns cristãos interpretam o livro do Apocalipse como sendo um relado estrito sobre o futuro. Dessa maneira, eles entendem que a maior parte do livro do Apocalipse descreve os eventos que ainda ocorrerão. Esses acontecimentos se darão num período final da presente era em que haverá uma grande tribulação.
Será neste período que o falso profeta se manifestará. Ele será subordinado ao Anticristo. Enquanto o Anticristo será o líder do poder político mundial, o falso profeta será o líder do poder religioso. Seguindo essa linha, alguns sugerem que o falso profeta será um judeu. Outros, numa das sugestões mais conhecidas sobre o assunto, diz que o falso profeta será o Papa. Saiba também quem é o Anticristo segundo a Bíblia.
Nem todos que seguem essa linha de interpretação concordam com isto. Na verdade a Bíblia não afirma que o falso profeta será o Papa ou um judeu. Qualquer sugestão de identidade especifica para o falso profeta é pura especulação.
2. O falso profeta é um símbolo da religião anticristã
Outros cristãos interpretam o livro do Apocalipse atentos ao seu contexto histórico. O Apocalipse é uma carta escrita primariamente aos cristãos do primeiro século. Se o livro tratasse apenas de acontecimentos futuros, ele não faria muito sentido para aqueles cristãos.
Na Ásia Menor do século 1, o culto ao imperador havia sido instituído. O imperador romano era cultuado como um deus. Os sacerdotes pagãos cuidavam de promover e regular esse tipo de adoração. Eles também mandaram construir estátuas e santuários do imperador por todo império (cf. Apocalipse 2:13).
Historiadores dizem que esses sacerdotes usavam técnicas de ilusionismo para fazer surgir fogo sem causa aparente. Por meio de ventriloquia eles simulavam que a estátua do imperador estava falando.
Eles obrigavam que todos demonstrassem em praça pública sua lealdade ao imperador-deus. Quem não cultuava o imperador era excluído da vida social e econômica de Roma. Em muitos casos a pessoa era perseguida, presa e morta. Isto aconteceu com muitos cristãos (cf. Apocalipse 2:10).
Nesse contexto, a atividade do falso profeta descreve em detalhes as práticas da religião pagã romana que perseguiu os cristãos. Porém, a mesma prática é vista em todas as épocas. A falsa religião sempre esteve associada ao poder político que persegue a Igreja.
Logo, o falso profeta é uma figura dessa religião e filosofia de Satanás. O falso profeta encarna um padrão de engano que se repete ao longo da História. Próximo ao retorno de Cristo, essa prática se intensificará (Mateus 24:24). Simulacros de milagres acompanharão o surgimento do Anticristo final.
Nada impede que durante esse período final algum indivíduo surja como a grande referência religiosa e filosófica do mundo. Sob esse aspecto, tal indivíduo e seu sistema religioso será a forma final do falso profeta.
Se há diferentes opiniões sobre quem é o falso profeta do Apocalipse, todas concordam sobre o que acontecerá com ele. A Bíblia diz que o falso profeta será lançados no lago de fogo e enxofre, juntamente com Satanás, a besta e seus agentes (Apocalipse 19:20; 20:10).