Gênesis 12 registra o chamado de Deus a Abraão. Um estudo bíblico de Gênesis 12 mostra o início da caminhada de fé do patriarca de Israel sob as bases das promessas de Deus. É em Gênesis 12 que Moisés começa a relatar o início do povo de Israel como sendo o povo da aliança que Deus estabeleceu para si mesmo.
Portanto, o estudo de Gênesis 12 é fundamental para a compreensão do restante das Escrituras. Isso porque o capítulo explica a origem dos eventos subsequentes na história da redenção registrada na Bíblia Sagrada.
Um esboço de Gênesis 12 pode ser feito da seguinte maneira:
- Deus chama Abraão (Gênesis 12:1).
- Deus faz promessas a Abraão (Gênesis 12:2,3).
- Abraão obedece ao Senhor (Gênesis 12:4-9).
- Abraão vai ao Egito (Gênesis 12:10-20).
Deus chama Abraão (Gênesis 12:1)
Gênesis 12 inicia revelando o chamado de Deus a Abraão. Deus disse: “Sai da tua terra, da tua parentela e da casa de teu pai e vai para a terra que te mostrarei” (Gênesis 12:1). Esse versículo explica que o chamado de Deus a Abraão ocorreu quando ele ainda estava vivendo nas terras de sua família e inserido num contexto de idolatria. Quando analisamos Gênesis 12:1 à luz de Gênesis 15:7, percebemos que esse chamado ocorreu em Ur dos caldeus antes da morte do pai de Abraão.
Deus ordenou que Abraão fosse para uma terra que Ele haveria de lhe mostrar. Naquele momento a extensão daquela concessão de terra ainda não havia sido relevada completamente. Isso aconteceria progressivamente (cf. Gênesis 12:7; 13:14-17; 15:18-21).
Deus faz promessas a Abraão (Gênesis 12:2,3)
Deus também prometeu fazer de Abraão uma grande nação e abençoá-lo grandemente. Essas promessas de Deus enfatizavam as ideias de frutificação e domínio que o patriarca e sua descendência experimentariam. Isso fica evidente na declaração “te engrandecerei o nome” (Gênesis 12:2). Aqui vale lembrar que naquele tempo o nome do patriarca ainda não havia sido trocado de Abrão para Abraão.
Curiosamente em Gênesis 11 lemos sobre como os homens de Babel queriam perpetuar seus nomes (Gênesis 11:4). Mas eles queriam fazer isso por suas próprias forças, sendo independentes de Deus, e mais do que isso, desafiando a Deus. A própria Torre de Babel era um monumento a essa louca soberba. Mas em Gênesis 12 ocorre exatamente o contrário. Deus, por sua graça soberana, resolveu engrandecer o nome de Abraão através de um relacionamento pessoal com ele e com sua descendência.
Diferentemente dos construtores de Babel, pela fé Abraão foi totalmente dependente de Deus. Essa promessa finalmente alcançou sua plenitude no nome de Cristo, cujos nomes de Abrão e de seu ilustre descendente Davi prefiguraram (Filipenses 2:9-11).
Na sequência, Deus prometeu: “Abençoarei os que te abençoarem e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; em ti serão benditas todas as famílias da terra” (Gênesis 12:3). Essa promessa diz claramente que Deus seria um terrível adversário para qualquer um que se levantassem contra Abraão e sua semente. Sem duvida essa promessa é uma maravilhosa referência ao plano de salvação.
O apóstolo Paulo interpreta a declaração “em ti serão benditas todas as famílias da terra” como apontando diretamente para Cristo (Gálatas 3:8). Isso significa que a expressão “em ti” refere-se a Jesus Cristo, o descendente de Abraão (Gálatas 3:16). Consequentemente, a bênção pela qual as famílias da terra seriam abençoadas é a própria justificação pela fé que traz consigo todas as outras bênçãos da salvação (Gálatas 3:19-29).
Abraão obedece ao Senhor (Gênesis 12:4-9)
Depois do chamado de Deus a Abrão em Ur dos caldeus, Abraão, ainda com o nome de Abrão, seguiu com sua família para Harã. Então depois da morte de seu pai, Tera, Abraão partiu de Harã conforme o Senhor lhe havia ordenado. Naquele tempo Abraão estava com setenta e cinco anos de idade (Gênesis 12:4; cf. Atos 7:4).
Abraão levou consigo sua esposa Sara, naquele tempo ainda Sarai, e a Ló, seu sobrinho, e todos os seus servos juntamente com seus bens. Todos partiram para Canaã (Gênesis 12:5). A Bíblia diz que Abraão atravessou aquela terra até Siquém, até ao carvalho de Moré. As grandes árvores como os carvalhos eram frequentemente usadas pelos pagãos como lugar de culto às divindades da fertilidade. Mas aquele lugar foi santificado quando Deus apareceu a Abraão ali (Gênesis 12:7). Então mais uma vez Deus renovou sua promessa a Abraão. O autor de Gênesis também informa que Abraão edificou um altar ali, consagrando a Deus a Terra Prometida.
Também é interessante notar que Gênesis 12 informa que já naquele tempo os cananeus já habitavam aquela terra. Essa é uma informação importante que explica os confrontos entre o povo de Israel e os cananeus no processo de conquista da Terra Prometida. Depois dali o texto bíblico diz que Abraão foi para o monte ao oriente de Betel, onde também edificou um altar e invocou o nome do Senhor. Na sequência Abraão seguiu para o Neguebe. Essa era uma região desértica a sudoeste do Mar Morto, com baixíssimos índices de chuvas.
Abraão vai ao Egito (Gênesis 12:10-20)
A falta de chuva na região em que Abrão estava acabava certamente comprometendo as lavouras de cereais. Isso pode explicar por que havia fome naquela terra. Então Abrão resolveu descer ao Egito. Já perto de entrar no Egito, Abrão combinou com Sarai de apresentá-la somente como sua irmã. Como ela era muito bonita, Abrão temeu que os egípcios tentassem matá-lo para ficar sua esposa. Aqui vale lembrar que de fato Sarai era meia-irmã de Abrão.
Então não demorou para Sarai chamar a atenção dos homens poderosos do Egito e ser levada para a casa de Faraó. Mas o escritor de Gênesis diz que Deus castigou Faraó e sua casa com grandes pragas por causa da presença da esposa de Abrão ali (Gênesis 12:17).
Quando Faraó descobriu que Sarai era mulher de Abrão, ele o chamou para tirar satisfação. Ele questionou porque Abrão escondeu que Sarai era sua esposa. Depois disso Faraó despediu Abrão ordenando que ele saísse do Egito com tudo o que possuía (Gênesis 12:18-20).
Tempos depois o mesmo problema se repetiu em Gerar com o rei Abimeleque (Gênesis 20). Curiosamente Isaque, filho de Abraão, teve o mesmo comportamento ao apresentar Rebeca como sua irmã. Alguns comentaristas entendem que a jornada de Abraão pelo Egito tipificou o êxodo de Israel posteriormente. De fato há muitos paralelos (Gênesis 12:10-20; 13:3; cf. Gênesis 47:4; Êxodo 1:11-14; 8-11; 12:33-36; 15-17).
Gênesis 12 mostra a jornada de fé de Abraão. Ele percorreu aproximadamente 2.400 quilômetros. O escritor de Hebreus escreve que Abraão partiu sem saber aonde ia. Mas pela fé ele peregrinou na terra da promessa como em terra alheia. Mas Abraão não partiu de Ur simplesmente com o objetivo de buscar uma cidade humana. Na verdade ele aguardava fielmente a cidade que tem fundamentos, da qual Deus é o arquiteto e edificador (Hebreus 11:8-10).