Estudo Bíblico de Gênesis 31

Gênesis 31 fala sobre o retorno de Jacó à terra de seus pais. O estudo bíblico de Gênesis 31 também mostra o cumprimento da promessa do Senhor na vida de Jacó, apesar de todas as dificuldades e circunstâncias contrárias.

Um esboço de Gênesis 31 pode ser feito da seguinte forma:

Jacó retorna à terra de seus pais (Gênesis 31:1-21)

Gênesis 30 mostrando como Deus fez Jacó prosperar nas terras de Labão (Gênesis 30:37-43). Então Gênesis 31 começa descrevendo o modo com que a prosperidade de Jacó despertou um sentimento inveja e ressentimento nos filhos de Labão. Eles começaram a ver Jacó como aquele que havia se apossado dos bens de seu pai (Gênesis 31:1).

Jacó estava ciente do que os filhos de Labão pensavam dele, e já tinha percebido que seu sogro havia mudado o tratamento com ele (Gênesis 31:2). Foi nesse contexto que Deus falou com Jacó e lhe ordenou que voltasse à terra de seus pais. O Senhor também garantiu sua presença a Jacó (Gênesis 31:3).

A ordem do Senhor a Jacó estava em consonância à sua promessa. Na conhecida visão da escada de Jacó, Deus lhe prometeu: “Eis que eu estou contigo, e te guardarei por onde quer que fores, e te farei voltar a esta terra, porque te não desampararei, até cumprir eu aquilo que te hei referido” (Gênesis 28:15).

Portanto, a partida de Jacó rumo à Terra Prometida onde seus pais habitaram como peregrinos, ocorreu em resposta ao chamado do Senhor. Deus permanece fiel às suas promessas, apesar das falhas e debilidades do homem.

Rapidamente Jacó comunicou suas duas esposas sobre sua partida. Ele relembrou as duas mulheres sobre como o pai delas tinha tentado prejudicá-lo, apesar de seu trabalho árduo. Além disso, Jacó também apontou para a bênção do Senhor como sendo o motivo de sua prosperidade naquele lugar (Gênesis 31:4-13).

Lia e Raquel concordaram com Jacó e expressaram seu sentimento de reprovação quanto às atitudes demonstradas por seu pai. Elas também reconheceram que por causa de seu comportamento desonesto, Labão tinha ficado sujeito ao castigo divino; e por isso Deus havia tomado seus bens e passado à casa de Jacó (Gênesis 31:14-16).

Jacó saiu das terras de Labão sem que ele percebesse sua fuga. Ele juntou toda sua família e todos os seus bens e partiu de Padã-Arã para Canaã. Antes, porém, Raquel furtou os ídolos domésticos de seu pai (Gênesis 31:19).

Labão sai em perseguição a Jacó (Gênesis 31:22-42)

Quando Labão foi avisado da fuga de Jacó, ele reuniu seus irmãos e saiu-lhe no encalço. Depois de sete dias de jornada, Labão alcançou Jacó na montanha de Gileade (Gênesis 31:22,23). O texto indica claramente que Labão possuía superioridade militar em relação a Jacó, mas Deus é quem protegia o filho de Isaque. A prova disso é que durante a noite Deus falou com Labão em sonho e lhe ordenou que não falassem nem bem nem mal a Jacó (Gênesis 31:24).

Quando Labão chegou até Jacó, ele lhe questionou sobre o porquê de ele ter saído de sua casa como um fugitivo, sem ter-lhe dado a oportunidade de se despedir. Nesse ponto é possível perceber que Labão acreditava que suas filhas tinham sido coagidas por Jacó a partir. Labão também avisou a Jacó que tinha poder em suas mãos de fazer-lhe mal, mas que havia sido impedido por Deus (Gênesis 31:29).

Além disso, Labão questionou Jacó sobre o furto de seus ídolos (Gênesis 31:30). Então Jacó explicou a Labão que teve medo de sua reação. O medo de Jacó era razoável, pois pelo menos últimos vinte anos ele tinha visto como Labão tentou prejudicá-lo.

Quando ao furto dos ídolos, Jacó não sabia o que Raquel havia feito. Ele deu permissão para que Labão fizesse uma revista para procurar as imagens furtadas. Labão revistou as tendas de Jacó, Lia e das duas servas. Ele também procurou na tenda de Raquel, mas não achou nada. Na verdade Raquel tinha tomado os ídolos, colocado-os na sela de um camelo e sentado sobre eles. Assim, quando Labão entrou em sua tenda, ela alegou não poder se levantar por estar no período menstrual (Gênesis 31:33-35).

Depois de Labão não encontrado nada entre os bens de Jacó, o desentendimento entre ambos chegou ao seu auge. O texto bíblico diz que Jacó ficou irado e questionou Labão sobre sua conduta desonesta, expondo um conflito que só poderia ser resolvido em um procedimento legal (Gênesis 31:36-41). Jacó mais uma vez também reconheceu que se não fosse pelo cuidado do Senhor, Labão tinha lhe tirado tudo (Gênesis 31:42).

A aliança entre Labão e Jacó (Gênesis 31:43-55)

Diante da queixa de Jacó, Labão manifestou todo seu caráter ganancioso. Ele simplesmente declarou que tudo lhe pertencia. Isso mostra que o medo de Jacó era justificável (Gênesis 31:43).

Contudo, Labão se propôs a fazer um acordo com Jacó. Esse acordo consistia basicamente num tratado de não agressão entre ambos. Os dois se comprometeram a não prejudicar um ao outro. A aliança foi sancionada conforme a costume da época: uma coluna de pedra foi erguida e nomeada; uma refeição consagrada foi consumida; e juramentos foram feitos (Gênesis 31:46-54).

É interessante perceber a atitude sincrética de Labão durante seu juramento. Aparentemente ele tentou comparar e igualar o Deus de Abraão com o de Naor e Tera. Nesse sentido, Labão, um homem pagão, considerava o Deus de Abraão como um dos deuses de sua família. Aqui vale lembrar que Tera, o pai de Naor e de Abraão, provavelmente era um adorador do deus sumério da lua em Ur dos Caldeus (cf. Gênesis 11:27).

Seja como for, Jacó não adotou a mesma comparação de Labão e fez um juramento em que distinguia claramente o verdadeiro Deus de Abraão e Isaque (Gênesis 31:54). Depois dessas coisas, Labão levantou-se de madrugada, se despediu da família de Jacó e voltou para sua casa. Alguns estudiosos consideram que esse foi o último contato entre os parentes de Abraão em Canaã e na Mesopotâmia.