Não há erros e contradições na Bíblia porque ela é a Palavra de Deus inspirada e inerrante. A doutrina da inerrância das Escrituras é uma das mais preciosas para os cristãos. Isso porque a Bíblia é a fonte de todo conhecimento especial que recebemos acerca de Deus, de Seus atos redentores, de Sua vontade, de Seus propósitos etc. Se houvessem erros e contradições na Bíblia, ela deixaria de ser a verdade absoluta que regula nossas vidas, e nenhuma de suas informações seriam confiáveis.
Além disso, os pilares da Fé Cristã estariam arruinados, pois os fundamentos da Igreja foram lançados pelos profetas e apóstolos (Efésios 2:20). A questão é que foram estas as pessoas escolhidas por Deus para produzirem o registro inspirado de Sua auto-revelação especial aos homens – a Bíblia. Então se houvesse algum erro ou contradição na Bíblia, a Igreja seria falsa, e o Cristianismo, uma mentira.
Mas um cristão verdadeiro sempre irá confessar que Deus é perfeito, inerrante e infalível. Então se a Bíblia é a Palavra de Deus, ela só pode ser também perfeita, inerrante e infalível. Se alguém nega que Deus é inerrante, essa pessoa não crê no verdadeiro Deus. E se alguém nega que a Bíblia é a Palavra de Deus, então essa pessoa não conhece o verdadeiro Deus, pois é na Bíblia que Ele se revela de forma especial.
Portanto, se confessamos que não há erros e nem contradições em Deus, necessariamente também devemos confessar que não há erros e nem contradições na Bíblia. Caso contrário, não teríamos nenhuma base de conhecimento suficiente para fazer qualquer afirmação plausível sobre o caráter de Deus.
Não há erros na Bíblia
Num debate com os mestres da lei acerca de Sua divindade, Jesus Cristo fez uma citação do Antigo Testamento e declarou que “a Escritura não pode falhar” (João 10:35). Isso significa que o próprio Senhor Jesus testificou que não há erros ou contradições na Escritura.
Aqui também é importante entender que essa inerrância da Bíblia se estende por todo seu conteúdo. Historicamente os cristãos têm crido na plena inspiração verbal da Bíblia. Isso quer dizer que todas as palavras registradas na Escritura são inspiradas e, portanto, são as palavras “sopradas” de Deus. Então no processo de registro da Escritura, a providência divina cuidou até mesmo da escolha de cada palavra empregada pelos autores humanos na redação do texto sagrado.
Isso, no entanto, não representa nenhum problema diante do fato de que alguns escritores bíblicos em muitas passagens usaram linguagem popular do cotidiano, aproximações numéricas, fizeram citações livres e construções gramaticais incomuns. Apesar de sua plena inspiração verbal, no processo de registro da Escritura Deus preservou as características pessoais de cada um de seus agentes que eram pessoas comuns e que usaram seu vocabulário comum. Então ainda que um determinado versículo bíblico possa não apresentar uma gramática grega adequada, ele continua sendo inerrante, pois sua informação é absolutamente verdadeira.
Logo, se acreditamos na plena inspiração verbal da Bíblia, então também acreditamos que nenhuma de suas palavras está errada. Consequentemente, a Bíblia é totalmente confiável não apenas nas questões doutrinárias e éticas, mas também nas questões históricas e culturais.
Supostas contradições que não são contradições bíblicas
Quando falamos que não há erros e contradições na Bíblia, precisamos considerar alguns pontos. Em primeiro lugar, não estamos negando que pode haver pequenos problemas nas diversas traduções posteriores do texto bíblico.
A inerrância bíblica diz respeito aos seus documentos originais – os autógrafos. É natural que ao longo dos séculos copistas e tradutores possam ter aplicado uma ou outra palavra que talvez não fosse a mais apropriada.
Isso explica, por exemplo, pequenas diferenças de nomes de pessoas, lugares e datas. Mas mesmo assim, a integridade do texto bíblico é insuperável, e as dúvidas quanto a variantes textuais, erros de copistas e tradutores, não representam nem 2% do total dos textos bíblicos; bem como não ameaçam nenhuma informação central da doutrina bíblica.
Em segundo lugar, todos os supostos erros e contradições da Bíblia que são apontados pelos críticos, podem ser perfeitamente explicados. Na verdade a maioria deles pode ser resolvida com alguns princípios básicos de uma boa hermenêutica e exegese.
Além disso, alguns desses supostos erros e contradições que as pessoas alegam haver na Bíblia, são apenas passagens sobre as quais não temos todos os dados necessários para explicá-las ou harmonizá-las no momento. Mas à medida que novos dados vão surgindo – seja no campo da arqueologia, seja no avanço do estudo dos idiomas originais – muitas dessas questões vão se esclarecendo.
Outro engano comum das pessoas que dizem que há erros e contradições na Bíblia, é ignorar que a Escritura foi escrita sob a linguagem do observador. Isso quer dizer que não é o propósito da Bíblia fornecer uma descrição cientifica do funcionamento do universo, ou servir como uma enciclopédia de ciências naturais.
Por exemplo: a informação bíblica de que num certo dia o sol parou no céu, não é um erro bíblico que foi desmascarado pelo avanço científico, mas é apenas a descrição do fenômeno do ponto de vista do observador (Josué 10:12-15). Mesmo hoje nós sabendo da rotação da terra sobre seu próprio eixo, ainda assim temos o costume de falar que o sol nasce numa extremidade do céu e se põe noutra. Isto é pura linguagem do observador.
Paradoxos e mistérios, sim. Erros e contradições na Bíblia, não
Dizer que a Bíblia não possui erros e contradições não significa que não há nela passagens difíceis de entender. Algumas dessas passagens são paradoxos – duas verdades que aparentemente são conflitantes. Um dos exemplos mais lembrados nesse sentido é a questão da soberania divina e a responsabilidade humana.
Mas paradoxos não são contradições. Além disso, uma boa receita para tratar dos paradoxos da Bíblia é jamais adotar uma abordagem atômica dos textos bíblicos. Em outras palavras, não podemos pegar textos isolados de seus contextos imediatos e mais amplos. Há uma unidade na Bíblia. A Escritura conta uma história absolutamente coerente cujos detalhes se encaixam com perfeição. E quando passagens difíceis são postas à luz de toda a doutrina da Escritura, algumas das supostas contradições muitas vezes se mostram ser apenas bons paradoxos que desafiam nossa lógica.
Por fim, na Bíblia há passagens que estão além do paradoxo e consistem em mistérios que ainda estão encobertos para nós ou que razão humana é incapaz de explicar. Deus se revela na Escritura de uma forma clara e inteligível, mas ainda assim a Bíblia continua sendo a Palavra do Deus infinito, enquanto que nós somos criaturas finitas. Por isso há coisas que a Bíblia afirma, mas não explica em todos os detalhes – como a Trindade, por exemplo.
Esses mistérios não são erros ou contradições. Eles são simplesmente pequenos vislumbres que temos de quão insondáveis são os juízos de Deus, e quão inescrutáveis são os seus caminhos (Romanos 11:33). Diante desses mistérios, podemos dizer como Paulo: “Por que quem compreendeu a mente do Senhor? Ou quem foi seu conselheiro? Ou quem deu primeiro a Ele, para que lhe seja recompensado? Porque dele, e por Ele, e para Ele são todas as coisas. Glória, pois, a Ele eternamente. Amém” (Romanos 11:34-36).