O termo holocausto significa “oferta queimada”. Esse termo traduz na Bíblia algumas palavras originais do hebraico (Antigo Testamento) e do grego (Novo Testamento). Em todas as vezes que essa palavra é aplicada sempre está presente a ideia de uma oferta totalmente queimada.
No contexto das Escrituras, teologicamente o holocausto significa dedicação a Deus e propiciação pelo pecado (cf. Levítico 1:4; 6:8-13). O sacrifício propiciatório tinha o objetivo de acalmar a indignação divina contra o pecado e prefigurar a morte de Cristo Jesus, o holocausto perfeito (cf. Isaías 53:10). Então quando lemos sobre os sacrifícios da Antiga Aliança à luz do Novo Testamento, percebemos facilmente que o sistema sacrifical levítico tinha um caráter transitório.
Os primeiros holocaustos
Desde o período mais remoto da história da humanidade a Bíblia registra a prática de oferecer holocausto a Deus. Obviamente isso teve início após a Queda do Homem. Antes, porém, não havia a necessidade do holocausto, pois o homem desfrutava de plena paz com Deus. Mas quando essa comunhão foi quebrada, algo precisou ser feito, pois o homem pecador não poderia mais se aproximar do Santíssimo Deus.
O sistema sacrifical foi mencionado pela primeira vez na Bíblia de forma mais explicita quando Noé saiu da arca após o dilúvio. De forma significativa, o primeiro ato do patriarca sobrevivente foi adorar a Deus. Ele levantou um altar e ofereceu aves e animais limpos em holocausto sobre o altar (Gênesis 8:20-22).
Mas vários aspectos desse sistema sacrifical remontam uma época anterior a Noé. Apesar de não haver qualquer referência acerca da construção de um altar para holocausto antes disso, Abel, filho de Adão, foi o primeiro homem a ser citado na Bíblia apresentando uma oferta agradável ao Senhor; seu irmão, Caim, também foi o primeiro homem citado a oferecer a Deus uma oferta reprovável (Gênesis 4:4,5). É que possível Adão igualmente tenha oferecido sacrifícios ao Senhor, apesar de a Bíblia não registrar isto.
Os três grandes patriarcas do povo de Israel também ofereceram holocaustos a Deus. Abraão construiu altares ao Senhor, dos quais o mais conhecido e significativo foi aquele erguido no Monte Moriá. Com a finalidade de testar Abraão, Deus lhe pediu que seu filho fosse oferecido em holocausto. Abraão provou sua obediência através de uma fé inabalável ao Senhor, e Deus providenciou um carneiro como sacrifício substituto para Isaque (Gênesis 22:9-13; cf. Gênesis 12:6-8; 13:18).
Isaque também construiu um altar em resposta a revelação de Deus (Gênesis 26:23-25). Mais tarde, Jacó também construiu altares ao Senhor (Gênesis 33:18-20; 35:1-7). Mas a Bíblia não fala nada a respeito de como eram esses altares e do tipo de oferta apresentada sobre eles.
Os holocaustos em Israel
Quando Deus libertou os israelitas do Egito, Ele instituiu a regulamentação de como deveria ser o culto em Israel. Essas instruções foram fornecidas de forma detalhada através de Moisés. Portanto, com a entrega da Lei no Monte Sinai os israelitas receberam de Deus todas as informações necessárias para apresentar-lhe holocaustos corretamente.
O livro de Êxodo, e especialmente o livro de Levítico, trazem todas as especificações sobre os holocaustos que deveriam ser oferecidos pelos hebreus (cf. Êxodo 29; Levítico 1-9). Uma pessoa simplesmente não poderia oferecer holocaustos a Deus de qualquer maneira. Para isso Deus separou uma classe sacerdotal para mediar e cuidar o culto em Israel. Por isso o livro de Levítico dedica seções acerca da adoração no Tabernáculo que são dirigidas aos leigos (Levítico 1:1-6:7) e aos sacerdotes (Levítico 6:8-7:38).
Os holocaustos em Israel envolviam a oferta de animais domésticos selecionados sob critérios rígidos. Havia também ofertas de cereais, azeite e vinho. Cada sacrifício tinha suas características próprias, de acordo com sua finalidade particular. Mas todos os sacrifícios tinham em comum o fato de simbolizarem o adorador que se apresentava diante de Deus. Saiba quais eram os sacrifícios no Antigo Testamento.
Quando um animal era oferecido em holocausto, por exemplo, o adorador colocava sua mão sobre a cabeça do animal como um ato de identificação com ele. Isso significa que a partir dali aquele animal que seria ofertado em holocausto representaria aquele que o ofertou.
Obviamente a oferta do animal em holocausto envolvia sua morte. O animal era completamente queimado no altar do holocausto no Tabernáculo. Por isso esse tipo de sacrifício tinha um caráter expiatório. Basicamente o animal oferecido em holocausto morria no lugar do adorador que o ofereceu, e sua morte simbolizava a redenção do castigo que o adorador pecador era merecedor. Assim, os sacrifícios que eram oferecidos em holocaustos possibilitava a expiação do pecado do povo e dos próprios sacerdotes, que apesar de serem ministros do culto, também eram pecadores.
Jesus, o holocausto perfeito
Os holocaustos oferecidos no Antigo Testamento não podiam expiar em definitivo o pecado do homem. Isso significa que os holocaustos apresentados na Antiga Aliança eram imperfeitos transitórios. Por esse motivo os holocaustos eram constantemente repetidos. Todos os dias sacrifícios eram oferecidos em holocausto a Deus, além da ocasião especial do dia da expiação, quando uma vez por ano o sumo sacerdote entrava no lugar mais secreto do Tabernáculo (Levítico 16:12-34).
O escritor de Hebreus fala muito sobre a natureza temporária dos holocaustos na Antiga Aliança. Ele diz que através deles o pecador não podia desfrutar de uma purificação completa de sua consciência alcançando o perdão total e definitivo de seus pecados (Hebreus 9:11).
Somente Jesus, o holocausto perfeito, foi capaz de fazer isto. Ele redimiu seu povo de uma vez por todas. Ele ofereceu sua própria vida em holocausto para a expiação do pecado de seu povo. Os holocaustos da Antiga Aliança serviam para apontar para o holocausto perfeito de Cristo.
Essa conexão está clara em toda a Escritura, como por exemplo, quando Deus providenciou o carneiro para que Abraão pudesse oferecê-lo em holocausto em lugar de Isaque. Aquele sacrifício substituto tipificou o sacrifício de Jesus Cristo. Ele morreu no lugar de suas ovelhas para que estas pudessem viver. Jesus, o holocausto perfeito, reconciliou o pecador, que merecia a morte, com Deus.
O fogo do juízo de Deus que consumia o holocausto pela expiação do pecado passou sobre Cristo no Calvário. É por causa de Jesus, o holocausto perfeito, que o redimido não é consumido. Entenda também por que Deus é fogo consumidor.