Justificação, somente pela fé em Jesus Cristo é o tema da lição 3 das Lições Bíblicas CPAD do 2º trimestre de 2016 para a Escola Bíblica Dominical. Nesta lição abordaremos a justificação pela fé em Jesus Cristo.
Justificação, Somente Pela Fé em Jesus Cristo
Texto Áureo:
E não duvidou da promessa de Deus por incredulidade, mas foi fortificado na fé, dando glória a Deus.
(Romanos 4:20)
Leitura Bíblica em Classe:
(Como está escrito: Por pai de muitas nações te constituí) perante aquele no qual creu, a saber, Deus, o qual vivifica os mortos, e chama as coisas que não são como se já fossem.
O qual, em esperança, creu contra a esperança, tanto que ele tornou-se pai de muitas nações, conforme o que lhe fora dito: Assim será a tua descendência.
E não enfraquecendo na fé, nào atentou para o seu próprio corpo já amortecido, pois era já de quase cem anos, nem tampouco para o amortecimento do ventre de Sara.
E não duvidou da promessa de Deus por incredulidade, mas foi fortificado na fé, dando glória a Deus,
E estando certíssimo de que o que ele tinha prometido também era poderoso para o fazer.
Assim isso lhe foi também imputado como justiça.
(Romanos 4:17-22)
Introdução – Lição 3: Justificação, Somente Pela Fé em Jesus Cristo
Nos capítulos 3, 4 e 5 da Epístola aos Romanos, encontramos uma grande exposição do apóstolo Paulo referente à justificação unicamente pela fé. Nessa seção composta pelos três versículos citados, Paulo divide sua consideração sobre o assunto em três partes: o conceito de somente pela fé (3:21-31), o exemplo de Abraão (4:1-25), a fonte e os benefícios da justificação (5:1-11) e Cristo como o novo Adão (5:12-21). Nesta lição estudaremos as duas primeiras partes desta divisão. Saiba também o que é justificação pela fé na Bíblia.
A Justificação Manifestada – Lição 3: Justificação, Somente Pela Fé em Jesus Cristo
Nos versículos anteriores do capítulo 3, Paulo encerra afirmando que ninguém pode ser declarado justo pela lei (Rm 3:20). A partir do versículo 21, ele começa a explicar como ocorre a justificação, e, nesse ponto ele faz uma explanação sobre essa importante doutrina. Basicamente, o que o Apóstolo explica é que alguém só pode ser declarado justo diante do tribunal de Deus pela fé em Cristo, e nunca pelas suas próprias boas obras. Entre os versículos 21 e 26, Paulo mostra como a justificação é providenciada em Cristo:
Mas agora se manifestou sem a lei a justiça de Deus, tendo o testemunho da lei e dos profetas;
Isto é, a justiça de Deus pela fé em Jesus Cristo para todos e sobre todos os que crêem; porque não há diferença.
Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus;
Sendo justificados gratuitamente pela sua graça, pela redenção que há em Cristo Jesus.
Ao qual Deus propôs para propiciação pela fé no seu sangue, para demonstrar a sua justiça pela remissão dos pecados dantes cometidos, sob a paciência de Deus;
Para demonstração da sua justiça neste tempo presente, para que ele seja justo e justificador daquele que tem fé em Jesus.
(Romanos 3:21-26)
No versículo 21, o Apóstolo inicia com a expressão “mas agora”. Essa é uma forma simplificada de dizer “mas agora que Cristo veio”, ou seja, neste tempo atual, neste mesmo momento estratégico na história da redenção, também chamado em Gálatas 4:4 de “plenitude do tempo”. Entre os capítulos 3 e 4, Paulo argumenta e prova de maneira clara que a doutrina da justificação é ensinada no Antigo Testamento, porém, desde a encarnação de Cristo, a justificação tem se tronado conhecida com mais clareza do que antes. Isso é importante para ressaltar que Paulo não estava trazendo um ensino novo, ao contrário, ele está falando de “uma justiça atestada pela lei e pelos profetas”. Algumas passagens que o Apóstolo cita geralmente indiretamente para dar base a sua exposição são: Habacuque 2:4; Gênesis 15:6 e Salmo 32:1,2.
Nos versículos 22 e 23, Paulo mostra que essa justificação alcança somente àqueles que têm a verdadeira fé em Jesus. O Apóstolo também fala que não há distinção, isto é, não importa se a pessoa é gentio ou judeu, rico ou pobre, novo ou velho, culto ou inculto, todos carecem dessa justificação, pois “todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus”, e a única maneira de obter essa justificação é por meio da fé no Salvador, que, pelos méritos de Cristo, o inocente se tornou culpado para fazer do culpado inocente.
Essa justiça entrou em vigor “à parte da lei”, ou seja, ela não pode ser obtida pela obediência humana à lei de Deus. É importante entender esse ponto para não interpretar equivocadamente que Deus considera alguém justo com base em sua fé, ou seja, pelo fato desse alguém possuir fé. Uma pessoa é considerada justa por Deus não porque fez boas obras ou por ter fé, mas com base na justiça de Cristo que lhe é imputada por meio do veículo da fé. Esse princípio é demonstrado claramente entre os versículos 24 a 26.
A Justificação Contestada – Lição 3: Justificação, Somente Pela Fé em Jesus Cristo
No versículo 27, Paulo utiliza de diatribe para responder possíveis questionamentos acerca do seu ensino, e, assim, prezar para que essa doutrina não fosse mal interpretada:
Onde está logo a jactância? É excluída. Por qual lei? Das obras? Não; mas pela lei da fé.
(Romanos 3:27)
Quando ele inicia com a pergunta “onde está logo a jactância?” ou em outras palavras “onde está o motivo de vanglória?”, ele está deixando claro que nem mesmo os judeus tem motivo para se gloriar (Rm 4:2-3), isso porque somente a fé, e não as obras humanas, é o meio pela qual Deus justifica pecadores. Isso mostra mais uma vez que não podemos nem mesmo nos gloriar por termos fé, já que a fé é um dom de Deus e não uma capacidade nossa em crer.
No versículo 29 e 30, Paulo apela para um principio fundamental desenvolvido ao longo de todo Antigo Testamento: Deus é um só, Ele é o único Senhor. Ele faz isso para mostrar que o mesmo Deus que lidou com Israel também lida com os gentios, e Ele age segundo a sua própria vontade, justiça e misericórdia, de modo que só há um único meio para salvação, tanto de judeus quanto de gentios.
Deus é Deus apenas dos judeus? Ele não é também o Deus dos gentios? Sim, dos gentios também,
visto que existe um só Deus, que pela fé justificará os circuncisos e os incircuncisos.
(Romanos 3:29,30)
No versículo 31, o Apóstolo antecipa uma objeção ao seu ponto de vista. Alguém poderia argumentar: “Então devemos anular a lei, já que a fé é o que conta?”. A resposta de Paulo é direta: “Não, de maneira nenhuma”. O que Paulo queria deixar bem claro com essa resposta é que a verdadeira fé confirma a lei ao invés de anula-la, ou seja, ele ensina que devemos rejeitar a lei como base pessoal para a salvação, mas fundamenta toda a doutrina da justificação pela fé no fato de Cristo ter guardado a lei. Com isso Paulo também argumentou que a lei continuava com poder de condenar aqueles que não estavam em Cristo. Aqui mostra claramente que o Evangelho de Cristo está totalmente fundamentado no Antigo Testamento.
Anulamos então a lei pela fé? De maneira nenhuma! Pelo contrário, confirmamos a lei.
(Romanos 3:31)
A Justificação Exemplificada – Lição 3: Justificação, Somente Pela Fé em Jesus Cristo
No capítulo 4 entre os versículos 1 e 25, Paulo utiliza a narrativa do Antigo Testamento sobre a vida de Abraão para demonstrar que, mesmo no Antigo Testamento a justificação já era somente pela graça mediante a fé em Cristo. Um texto fundamental que Paulo utiliza é Genesis 15:6, para mostrar que foi pela fé, e não por guardar a lei, que Abraão foi justificado.
E creu ele no Senhor, e imputou-lhe isto por justiça.
(Gênesis 15:6)
Nos versículos 9 a 12, Paulo baseia-se no texto bíblico em Genesis para responder a qualquer objeção referente ao fato de que Abraão era o pai dos circuncisos e não dos incircuncisos, mostrando que Genesis 15:6 descreve Abraão ainda incircunciso. Nos versículos que se seguem, Paulo explica que Abraão não era pai apenas dos judeus, mas o patriarca de espiritual dos crentes de muitas nações.
Conclusão – Lição 3: Justificação, Somente Pela Fé em Jesus Cristo
Definitivamente a justificação não consiste em Deus infundir em alguém a justiça, mas consiste no fato de Deus perdoar os seus pecados, aceitando tal pessoa como justa.
Sobre isso, a Confissão de Fé de Westminster, formulada durante o período da reforma, em seu capítulo 6, explica de forma muito simples:
Deus não justifica àqueles a quem chama em razão de qualquer coisa neles operada ou por eles feita, mas somente em consideração da obra de Cristo; não lhes imputando como justiça a própria fé, o ato de crer ou qualquer outro ato de obediência evangélica, mas imputando-lhes a obediência e a satisfação de Cristo, quando eles o recebem e se firmam nele pela fé, que não têm de si mesmos, mas que é dom de Deus.
E aos que predestinou a estes também chamou; e aos que chamou a estes também justificou; e aos que justificou a estes também glorificou.
(Romanos 8:30)