Estudo do Livro de Levítico

O livro de Levítico é o terceiro livro da Bíblia. Seu tema principal trata acerca do culto ao Senhor na Antiga Aliança. Por isto boa parte do conteúdo do livro é constituída pela descrição de cerimônias e ritos.

O tema do livro também explica seu título. A palavra Levítico é a forma latina do termo grego que designa o livro, cujo significado é “acerca dos levitas”. Neste estudo sobre o livro de Levítico iremos conhecer um panorama geral desse importante livro do Pentateuco.

Autor, data e destinatários do livro de Levítico

Moisés é o autor do livro de Levítico e de todo o Pentateuco. Até existem algumas críticas acerca da autoria mosaica de Levítico e consequentemente do Pentateuco. Mas nenhuma delas conta com qualquer evidência realmente séria. Além disso, tanto o Antigo quanto o Novo Testamento afirmam a autoria de Moisés. Saiba mais sobre quem escreveu o Pentateuco.

Não é possível determinar com exatidão a data em que o livro de Levítico foi escrito. Como o livro registra muitos acontecimentos que se deram no Monte Sinai, é provável que Moisés tenha pelo menos começado a compilação naquela mesma época. Dessa forma o livro pode ter servido já para a primeira geração do êxodo.

Alguns estudiosos também sugerem que talvez Moisés tenha concluído a redação do livro somente num segundo momento, quando já estava em Moabe. Seja como for, sem dúvida o livro de Levítico também serviu para instruir a segunda geração do êxodo que entrou na Terra Prometida.

Assim, entre os destinatários originais do livro estavam desde israelitas leigos até levitas responsáveis pelo culto em Israel. Considerando todas essas características, é normalmente aceito que o livro foi escrito entre 1446 e 1406 a.C. Entenda quem eram os levitas.

Tema e propósito do livro de Levítico

O tema principal do livro de Levítico fica claro na seguinte declaração divina: “Porque eu sou o Senhor, que vos fiz subir da terra do Egito, para que eu seja vosso Deus, e para que sejais santos; porque eu sou santo” (Levítico 11:45).

Assim, o propósito primário do livro foi instruir os israelitas sobre como eles deveriam ser uma nação santa diante da presença do Senhor. Sendo o povo escolhido de Deus, Israel deveria viver de forma separada do mundo; a fim de que pudessem receber as bênçãos resultantes da Aliança ao invés de julgamentos.

Então o livro de Levítico mostra a santidade de Deus e como o seu povo deveria imitá-lo. Os israelitas foram instruídos a andar em santidade como gratidão ao amor e a misericórdia de Deus. Considerando que o homem jamais conseguirá cumprir plenamente esse padrão de santidade, o livro também traz a regulamentação do sistema sacrifical pelo qual o povo poderia ter seu pecado expiado, ainda que temporariamente.

Esboço e resumo do livro de Levítico

O livro de Levítico pode ser divido em quatro grandes partes. A primeira parte trata acerca da regulamentação do sistema sacrifical (Levítico 1:1-7:38). O livro traz explicações detalhadas sobre como os israelitas deveriam oferecer seus sacrifícios diante de Deus. Essa seção pontua os vários tipos de sacrifícios da religião judaica do Antigo testamento.

A segunda parte fala acerca da ordenação do sacerdócio (Levítico 8:1-10:20). Essa seção explica a origem e a ordenação dos sacerdotes de Israel. Moisés aparece primeiramente dando início às cerimônias que depois foram completadas por Arão e seus filhos, os primeiros sacerdotes. Essa parte também traz uma advertência séria contra a violação dessas ordenanças, mostrando o julgamento sobre os filhos de Arão.

A terceira parte do livro de Levítico se concentra na questão da impureza (Levítico 11:1-16:34). Essa seção descreve detalhadamente como identificar e tratar as impurezas que tinham implicações rituais.

A quarta e última parte do livro enfoca o tema da santidade na vida prática do israelita (Levítico 17:1-27:34). Essa seção é bastante específica e traz uma série de prescrições acerca: dos sacrifícios; da alimentação; do comportamento sexual; do relacionamento para com Deus e com o próximo; dos dias sagrados; da aplicação de leis penais; etc.

A importância do livro de Levítico

O livro de Levítico é essencial para que possamos compreender tudo o que envolvia a adoração dos israelitas do Antigo Testamento. A forma com que o livro descreve os detalhes dos cerimoniais do culto veterotestamentário auxilia no entendimento de alguns significados e particularidades de rituais que são estranhos ao leitor moderno.

Além disso, o livro de Levítico revela conceitos e pressupostos que são fundamentais para o entendimento da teologia desenvolvida no Novo Testamento. Levítico mostra a realidade da pecaminosidade humana frente à santidade do Senhor e a necessidade da expiação pelo pecado através da oferta de sacrifícios, ao mesmo tempo em que também revela a misericórdia e a graça soberana de Deus.

Tudo isso lança luz sobre a interpretação do verdadeiro significado da obra redentora de Jesus Cristo. Os sacrifícios levíticos eram apenas temporários e serviram para apontar para o sacrifício perfeito, eficaz e permanente de Cristo. Nosso Senhor deu sua própria vida como sacrifício expiatório pelo pecado de uma vez por todas (João 14:6; Hebreus 9:15; 10:11).

O livro de Levítico também enfatiza que o Deus que é santo, quer habitar com seu povo e exige dele santidade. Essa verdade é revelada de forma máxima na realidade da encarnação do Filho de Deus. Ele é o Emanuel, Deus conosco; o Verbo que se fez carne e habitou entre nós (João 1:14).

Agora, na pessoa do Espírito Santo, Deus habita com seu povo. Por isto os redimidos são o templo do Espírito Santo (1 Coríntios 3:17; 2 Coríntios 6:16-19; Efésios 2:21). Essa habitação alcançará seu cumprimento pleno e final na era vindoura, no novo céu e nova terra (Apocalipse 21).

O livro de Levítico destaca a importância do ministério sacerdotal. O mesmo livro também indica a imperfeição dos sacerdotes levíticos ao demonstrar o pecado da casa de Arão (Levítico 10:1-20). Mas o Novo Testamento apresenta Cristo como sendo o Sumo Sacerdote perfeito e eterno que ministra não no Tabernáculo terreno, mas no Santuário celestial (Hebreus 9-10).