Quem Era a Mulher de Potifar?

A Bíblia não diz muito sobre quem foi a mulher de Potifar. Nem mesmo seu nome é mencionado no texto bíblico. Mas apesar de ser citada brevemente na Bíblia, a esposa de Potifar aparece como sendo uma mulher astuta, inescrupulosa, mentirosa, lasciva e sem respeito por seu próprio marido.

Por isso a mulher de Potifar é sempre lembrada de forma negativa como um exemplo de pessoa imoral. Ela tentou a todo custo seduzir José no Egito, e ao ser rejeitada, ela inventou uma mentira para prejudicá-lo.

A mulher de Potifar na Bíblia

A história da mulher de Potifar é registrada na Bíblia em Gênesis 39. Ela era casada com um homem importante no Egito. Potifar era um alto oficial da corte de Faraó. Inclusive, muitos estudiosos acreditam que Potifar é o mesmo comandante da guarda responsável pelo cárcere onde posteriormente José foi mantido preso (Gênesis 40:3). O nome Potifar provavelmente significa “aquele que o deus Rá pôs na terra”.

Potifar comprou José dos comerciantes ismaelitas que o tinham levado até o Egito. Ele levou o jovem filho de Jacó à sua casa para servir-lhe como mordomo. Na casa de Potifar José foi muito abençoado pelo Senhor e rapidamente ganhou a confiança de Potifar. O oficial egípcio tinha tanta consideração por José que o encarregou de todos os assuntos de suas propriedades.

Foi nesse contexto que a mulher de Potifar colocou os olhos em José. Ela se sentiu atraída pelo jovem hebreu e pediu que ele se deitasse com ela. José recusou o convite daquela mulher e ainda lhe alertou sobre imoralidade que ela estava propondo. Na verdade José considerou a proposta da mulher de Potifar como uma grande maldade.

Embora antigos códigos de lei do antigo Oriente Próximo já condenavam o adultério naquele tempo, José estava comprometido com um padrão moral muito maior. Para José, ceder à proposta da mulher de Potifar significava não apenas quebrar códigos legais, mas desrespeitar o seu senhor ao trair sua confiança e, especialmente, violar o padrão moral de Deus que exige daqueles que são seus uma vida santificada.

Naquele tempo a Lei Mosaica – que também condenava o adultério – ainda não tinha sido dada, mas José andava com Deus e conhecia qual era Sua vontade moral. José sabia que se caísse na armadilha daquela mulher ele pecaria contra Deus.

A mulher de Potifar não ouviu a repreensão de José. Muito pelo contrário. Ela insistia todos os dias convidando-o a adulterar com ela. Entretanto, José não cedeu aos convites da mulher de Potifar. Inclusive, aparentemente ele até se ausentou da casa principal onde aquela mulher morava (cf. Gênesis 39:11).

A perversidade da mulher de Potifar

Certo dia José precisou ir à casa principal para cuidar de alguns negócios de interesse de Potifar. Naquele dia a casa estava vazia e a mulher de Potifar se aproveitou da ocasião para tentar forçar José a se deitar com ela. Ela o agarrou pelas vestes, mas naquele momento decisivo José fugiu dali deixando suas vestes nas mãos da mulher. Muito provavelmente essas vestes era um tipo de capa usada por cima de uma roupa base.

Contudo, dessa vez a mulher de Potifar não soube lidar com a rejeição de José. Ela aproveitou que tinha conseguido ficar com as vestes de José e formulou uma falsa acusação contra ele. Na verdade ela inverteu exatamente toda a situação. Ela alegou que havia sido José quem tentou se deitar à força com ela traindo a confiança de Potifar ao não respeitá-la como a esposa de seu senhor.

Na acusação contra José, a mulher de Potifar usou o termo “hebreu” de forma pejorativa, no sentido de ressaltar que ele era uma pessoa de qualidade inferior. Ela disse: “Vede, trouxe-nos meu marido este hebreu para insultar-nos” (Gênesis 39:14). Também é possível perceber que de certo modo, levianamente ela culpou o próprio Potifar, pois foi ele quem havia levado José à sua casa.

A mulher sustentou sua acusação até a chegada de Potifar na casa. Então ela contou a ele sua mentira e mostrou como prova de seu falso testemunho as vestes de José. Potifar ficou irado com José e o lançou no cárcere.

Talvez porque José era um simples escravo e Potifar um homem poderoso no Egito, ele poderia ter sido até executado. Mas Deus estava trabalhando de forma maravilhosa para tornar todo aquele mal em bem. A prisão foi importante para José. Ali ele foi posto em contato com pessoas próximas de Faraó. Tudo isso lhe preparou para de escravo se tornar governador. Como diz Martyn Lloyd-Jones, “é muito trágico quando uma pessoa alcança o sucesso antes de estar preparado para ele”.

O que aprendemos com a história da mulher de Potifar?

Toda essa história nos mostra de um lado o bom exemplo de piedade e caráter de José, e de outro a imoralidade e maldade da mulher de Potifar. Certamente por causa daquela mulher imoral, o ambiente da casa de Potifar era mais perigoso para José do que a cisterna em que havia sido lançado por seus irmãos.

Como escreve o sábio autor bíblico, “cova profunda é a prostituta, e poço estreito, a estranha. Também ela, como um salteador, se põe a espreitar e multiplica entre os homens os iníquos” (Provérbios 23:27,28). Qualquer relacionamento imoral pode até começar doce como o mel, mas seu fim é amargo como veneno (cf. Provérbios 5:3,4).

A mulher de Potifar também caracteriza aquele tipo de pessoa que não trata as outras com dignidade. Aquela mulher era egoísta e só se importava com sua própria satisfação. Ela tratou José como um objeto que tinha de satisfazer os seus caprichos. Ela viu José como um ser insignificante cuja vontade não merecia ser respeitada. Por isso ela insistia diariamente em perturbá-lo.

Essa história também nos ensina que é melhor sofrer por ser íntegro, do que desfrutar de um momento de prazer por ser imoral. A esposa de Potifar queria apenas um momento de prazer. Mas quando um breve momento de prazer significa transgredir a lei de Deus, não há prazer que compense um preço tão alto.

Aqui a vida do rei Davi é um exemplo disso. Ele foi derrotado onde José saiu vitorioso (2 Samuel 11). Deus o perdoou, mas ele teve de lidar com as consequências de seu pecado (2 Samuel 12). Como diz W. Wiersbe, há momentos em que fugir é sinal de covardia, mas também há momentos em que fugir é prova de coragem e de integridade.

A mulher de Potifar é um típico caso de pessoa sem autocontrole; de pessoa que é dominada por seus próprios desejos. Mas José é um exemplo de pessoa que possui domínio próprio a ponto de conseguir fugir das paixões de sua mocidade (2 Timóteo 2:22).