Murmurar significa sussurrar ou dizer algo em tom muito baixo. Na maioria das vezes a murmuração é vista de forma negativa na Bíblia. Nos textos bíblicos o verbo “murmurar” traduz vários termos hebraicos e gregos que basicamente significam resmungar, sussurrar um discurso semi-articulado ou simplesmente dizer interiormente.
Mas por que murmurar é um comportamento frequentemente condenado na Bíblia? Isso acontece porque geralmente a murmuração está imbuída em descontentamento, insatisfação, queixa e lamentação. Comumente a murmuração expressa um sentimento de desacordo, de oposição, de ira e rebelião. Contudo, o problema da murmuração é ainda pior porque geralmente Deus é o alvo da murmuração.
Exemplos de murmuração na Bíblia
Na Bíblia há vários casos de murmuração. No Antigo Testamento, por exemplo, o povo de Israel frequentemente murmurava contra Deus. Esse comportamento dos israelitas demonstrava uma grande desconsideração pela provisão de Deus e até refletia uma falta de confiança nas promessas e no cuidado do Senhor.
Isso fica muito claro nos textos que registram o tempo de peregrinação de Israel pelo deserto. Mesmo após Deus ter tirado milagrosamente os israelitas do Egito e ter manifestado seu poder diante deles, ainda assim aquele povo murmurava contra Deus (cf. Êxodo 15-17).
Apesar de muitas vezes aparentemente o povo ter murmurado contra Moisés e Arão, na realidade eles estavam murmurando contra o próprio Deus. Em certa ocasião Moisés diz isso explicitamente: “As vossas murmurações não são contra nós, e sim contra o SENHOR” (Êxodo 16:8). A murmuração de Israel em Refidim foi tão grave que o texto bíblico identificou aquela atitude como algo que tentou a Deus (Êxodo 17:2-7).
Infelizmente a murmuração foi um comportamento que caracterizou a incredulidade de Israel e sua desesperança na providência de Deus (cf. Números 14-17). Inclusive, esse exemplo negativo foi lembrado pelos escritores do Novo Testamento como advertência aos cristãos (cf. 1 Coríntios 10:5; Hebreus 3:12-4:13; etc.).
O Novo Testamento também registra casos de murmuração. Os escribas e fariseus constantemente aparecem murmurando contra Jesus numa atitude de rejeição ao Evangelho. Inclusive, na Parábola dos Trabalhadores da Vinha vemos que a murmuração pode aparecer até mesmo diante da manifestação da graça de Deus (cf. Mateus 20:1-16).
Logo no início da Igreja Primitiva houve uma murmuração significativa que ameaçava a unidade da Igreja do Senhor. Para resolver aquela perigosa murmuração, a liderança apostólica da Igreja designou os diáconos para servir à comunidade cristã (Atos 6:1-6).
O crente não deve murmurar
As Escrituras condenam claramente a murmuração. Isso significa que ela jamais deve ser um comportamento que caracteriza o povo de Deus. Murmurar é algo tão perigoso que Judas, em sua epístola, relaciona a murmuração diretamente com o comportamento dos falsos mestres. Ele diz que essas pessoas ímpias e apóstatas vivem em rebelião contra Deus e a sua autoridade, e certamente enfrentarão o julgamento divino (Judas 15).
Judas ainda define essas pessoas da seguinte forma: “Os tais são murmuradores, são descontentes, andando segundo as suas paixões. A sua boca vive propalando grandes arrogâncias; são aduladores dos outros, por motivos interesseiros” (Judas 16).
Então na vida cristã definitivamente não deve haver espaço para a murmuração. Por isso o apóstolo Paulo adverte os crentes a jamais murmurar como fizeram outrora os israelitas (1 Coríntios 10:10). Ele também aconselha os fieis a se dedicarem em todas as coisas sem murmuração (Filipenses 2:14). Portanto, jamais devemos murmurar. Ao invés disso, devemos temer a Deus e confiar n’Ele, aceitando com prazer o Seu propósito e Sua provisão para conosco.