Os crentes foram libertos do pecado para uma nova vida em Cristo. De acordo com a Palavra de Deus, outrora eles estavam mortos em ofensas e pecados, mas foram vivificados juntamente com Cristo (Efésios 2:5).
Então quando falamos que os redimidos foram libertos do pecado para uma nova em Cristo, isso significa que em Cristo os pecadores são reconciliados por Deus (Efésios 2:1-10). Judeus e gentios, pessoas de todos os povos, línguas e nações, são unidos pela cruz de Cristo em comunhão com Deus.
Estávamos mortos
Em nenhum lugar a Bíblia esconde a miséria do homem. A Palavra de Deus deixa claro qual é a posição do homem longe de Deus: ele está morto em seus próprios delitos e pecados. Nesse sentido, o apóstolo Paulo escreve claramente: “Vocês estavam mortos em vossas ofensas e pecados” (Efésios 2:1).
Perceba que Paulo utiliza a morte para explicar a nossa alienação diante de Deus. Ele não utiliza a figura de um doente em estado grave, nem mesmo de alguém inconsciente que está em coma. Ele utiliza a figura de um cadáver, por que o pecado não deixou o homem doente. Na verdade o pecado matou o homem diante de Deus.
A morte é o estado mais miserável que o homem conhece. Um morto não pode fazer coisa alguma; ele não reage a nada. As pessoas prestam homenagens a ele, choram sobre seu caixão, prometem sentir sua falta, mas ele não se compadece. Um morto não se emociona com as homenagens que lhes são prestadas e nem com o choro das pessoas ao seu redor.
Um morto também não se importa onde será enterrado. Enquanto está vivo, o homem pode até exigir algo nesse sentido, mas ele precisará depender de alguém que faça valer sua vontade. Mas se sua vontade não for respeitada, ele nem mesmo terá como reclamar.
Além disso, depois que o homem está morto, até mesmo as pessoas que mais o amavam são incapazes de suportar ficar ao seu lado. Eles não queriam que ele tivesse partido, mas já que partiu, então que seu corpo seja sepultado logo. Essa é a morte física, mas que serve para explicar a morte espiritual.
Mortos em delitos e pecados
O homem natural é um cadáver diante de Deus, incapaz de esboçar qualquer reação para a sua própria salvação. Ele pode fazer o bem natural, sendo um bom pai, um bom marido, um bom filho; ele pode até se comprometer com obras de caridade. Mas o homem é incapaz de fazer o bem espiritual.
Por suas próprias forças e qualidades, ele é incapaz de amar aquilo que agrada a Deus, ou mesmo de crer em Cristo e receber a mensagem do Evangelho. Por mais que ele possa fazer coisas boas, nada do que ele faz está fundamentado no propósito de agradar e glorificar a Deus em obediência à sua Lei.
Além de morto, o homem natural é um criminoso, um delinquente. Ele não morreu como um herói, mas como um transgressor. A causa de sua morte são seus delitos e pecados. Por isso Paulo fala das nossas ofensas e pecados. Para tanto, ele aplica duas palavras gregas interessantes. A primeira, traduzida por “ofensa” ou “delito”, é o grego paraptoma que significa basicamente “transgressão”, ou seja, um desvio do caminho da justiça. A segunda palavra, traduzida por “pecado”, é o grego hamartia, que significa “errar o alvo”, no sentido de um erro deliberado, uma quebra intencional da Lei de Deus.
Por isso o mesmo apóstolo completa dizendo que andávamos segundo o curso deste mundo; segundo o príncipe das potestades do ar, do espírito que agora opera nos filhos da desobediência. Fazíamos a vontade pecaminosa da nossa carne. Nossos pensamentos eram perversos, e por natureza éramos filhos da ira (Efésios 2:2,3). E nesse ponto, à parte de Cristo, não sobra ninguém (cf. Romanos 3). Todos são merecedores da ira de Deus – de Sua indignação permanente contra aqueles que transgridem sua Lei.
Fomos libertos do pecado
Mas a boa notícia é que fomos libertos do pecado para uma nova vida em Cristo. Por isso o apóstolo Paulo escreve: “Mas Deus, que é riquíssimo em misericórdia, pelo seu muito amor com que nos amou, estando nós ainda mortos em nossas ofensas, nos vivificou juntamente com Cristo” (Efésios 2:4,5).
Definitivamente há muito significado nesse “mas Deus”. Todo nosso destino eterno depende desse “mas Deus”. Nós estávamos mortos, “mas Deus”… Éramos criminosos, “mas Deus”… Merecíamos o inferno, “mas Deus” nos vivificou juntamente com Cristo.
Isso porque o Deus que é perfeitamente santo, perfeitamente justo, também é perfeito em misericórdia e amor. Então, pela riqueza de sua misericórdia, por seu muito amor que nos amou, quando ainda estávamos mortos em nossos delitos e pecados, Ele nos vivificou juntamente com Cristo.
Quando Paulo fala que Deus nos vivificou, ele está se referindo ao novo nascimento – uma obra exclusiva realizada por Deus mediante o seu Santo Espírito. Nascer de novo é ser gerado de Deus (João 1:13; Pedro 1:3).
Além disso, é notável que o apóstolo diga que fomos “vivificados juntamente com Cristo”. Isso significa que o poder que operou na ressurreição de Jesus é o mesmo poder que também nos ressuscitou da morte espiritual. Tudo isso, claro, não se dá pelas obras e méritos humanos. Tudo isso se dá pela graça mediante a fé. Por isso lemos: “Porque pela graça sois salvos, por meio da fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus; não vem das obras, para que ninguém se glorie” (Efésios 2:8,9).
Para uma nova vida em Cristo para glória de Deus
Alguém pode perguntar qual é o propósito de tamanha obra de redenção. Em primeiro lugar, o propósito básico de todas as coisas – incluindo nossa redenção – é a glória de Deus.
O texto bíblico diz que Deus nos vivificou juntamente com Cristo, e nos fez assentar nos lugares celestiais, em Cristo Jesus, “para mostrar nos séculos vindouros as abundantes riquezas da sua graça, pela sua benignidade para conosco Cristo Jesus” (Efésios 2:7). Nós somos salvos para a glória de Deus; nossa salvação é a revelação da suprema riqueza da graça divina por toda eternidade. Os salvos são troféus conquistados por Cristo que serão exibidos para sempre no novo céu e nova terra.
Em segundo lugar, o propósito da nossa salvação é para que andemos em novidade de vida. Sim, fomos libertos do pecado para uma nova vida em Cristo. O apóstolo Paulo explica: “Porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus antes preparou para que andássemos nelas” (Efésios 2:10).
A palavra “feitura” traduz o grego poiema, que significa “uma obra que foi feita”, e de onde vem a nossa palavra “poema”. Então aqui aprendemos a maravilhosa lição de que fomos libertos do pecado para uma nova vida em Cristo, e isso significa que de cadáveres Deus nos fez belos poemas; de filhos da ira fomos feitos obras de arte.
Portanto, é esperado que andemos nas boas obras que o próprio Deus preparou de antemão. Aqui vemos a harmonia entre a soberania de Deus e a responsabilidade humana. Foi Deus quem preparou as boas obras, mas é nossa responsabilidade andar nelas. As boas obras são resultado da salvação, e não a causa dela. Mas porque fomos feitos novas criaturas em Cristo, agora somos habilitados, pela ação do Espírito Santo, a andar nessas boas obras e a amar aquilo que agrada a Deus. Outrora éramos desobedientes, mas agora, libertos do pecado para uma nova vida em Cristo, desejamos os propósitos de Deus.