Na Bíblia, a nuvem de glória significa uma representação da presença imediata de Deus no meio do seu povo. A nuvem como um símbolo da presença de Deus é amplamente indicada nas Escrituras (cf. 19:9; 33:9,10; Números 9:15-22; Salmos 99:7; 105:39).
No tempo da peregrinação dos israelitas pelo deserto, a presença orientadora e protetora do Senhor se manifestava a eles através de uma coluna de nuvem durante o dia e uma coluna de fogo durante a noite (Êxodo 13:21). Nesse mesmo contexto, a presença de Deus representada por uma nuvem de glória, cobria o Tabernáculo.
O significado da nuvem na Bíblia
A palavra “nuvem” é usada na Bíblia muitas vezes, tanto no sentido literal quanto no sentido figurativo. No sentido literal ela se refere às nuvens que há no céu. Em Gênesis 9 temos um exemplo desse tipo de uso. O texto registra que Deus disse que o seu arco posto nas nuvens seria por sinal de sua aliança (Gênesis 9:13-16; cf. Lucas 12:54; etc.).
Já no sentido figurativo, as nuvens são utilizadas com o objetivo de representar diferentes situações. O profeta Isaías, por exemplo, fala da anulação dos pecados de Israel como a dissipação de uma nuvem espessa (Isaías 44:22).
No Novo Testamento, o escritor de Hebreus diz que os crentes estão rodeados de uma “tão grande nuvem de testemunhas”, que nesse sentido significa os heróis da fé do passado que nos encorajam através de seus exemplos (Hebreus 12:1).
As nuvens também são mencionadas na Bíblia relacionadas à inacessibilidade de Deus (cf. Jó 22:14; Salmos 18:11,12; 97:2; etc.). Mas sem dúvida o sentido mais emblemático da palavra “nuvem” nas Escrituras diz respeito ao símbolo da presença de Deus manifestada numa nuvem de glória.
A nuvem de glória como representação da presença de Deus
Quando os israelitas saíram do Egito, eles encontraram a coluna de nuvem e a coluna de fogo na fronteira do deserto. A coluna de nuvem estava à frente dos israelitas durante o dia; enquanto a coluna de fogo estava presente durante a noite.
Esses fenômenos significavam a contínua presença orientadora e protetora de Deus em favor de seu povo (Êxodo 13:21,22). Inclusive, quando os egípcios se aproximavam da caravana israelita, a coluna de nuvem passava para a retaguarda do acampamento protegendo-o dos inimigos (Êxodo 14:19,20). O texto bíblico diz que o Senhor nunca tirou essa coluna de diante da face dos israelitas até que eles chegaram à Terra Prometida (Êxodo 13:22; cf. Êxodo 40:38; Levítico 14:14).
A nuvem de glória também foi vista na ocasião em que Deus mandou o maná para alimentar o povo. Enquanto Arão falava a toda congregação dos israelitas, a glória do Senhor apareceu numa nuvem no deserto diante deles (Êxodo 16:10).
Na sequência, a nuvem de glória esteve presente nas teofanias que aconteceram no Sinai quando o Senhor deu a Moisés a Lei e as instruções acerca do sacerdócio e da construção do Tabernáculo.
Primeiro, o Senhor disse a Moisés: “Eis que virei a ti numa nuvem escura, para que o povo ouça quando eu falar contigo e para que também creiam sempre em ti” (Êxodo 19:9). Então na manhã do terceiro dia, o texto bíblico diz que houve trovões, e relâmpagos, e uma espessa nuvem sobre o monte (Êxodo 19:16). O povo observou tudo isso de longe, mas Moisés “se chegou à nuvem escura onde Deus estava” (Êxodo 19:21).
Depois, quando Moisés subiu novamente ao monte, uma nuvem cobriu o lugar e a glória do Senhor “pousou sobre o monte Sinai”. A nuvem cobriu o monte por seis dias. Então ao sétimo dia, do meio da nuvem, Deus chamou a Moisés. O legislador hebreu entrou pelo meio da nuvem; ele subiu ao monte e lá permaneceu por quarenta dias e quarenta noites (Êxodo 24:16-18). Mais tarde, quando as segundas tábuas da Lei foram dadas, a Bíblia diz que Deus desceu na nuvem e Moisés esteve junto dele (Êxodo 34:5).
A nuvem de glória no Tabernáculo e no Templo
Antes de o Tabernáculo ter sido construído, o livro de Êxodo registra que Moisés se encontrava com o Senhor na “tenda da congregação” que era armada fora do arraial. Durante esses encontros em que Deus falava diretamente com Moisés, a coluna de nuvem se colocava à frente da tenda (Êxodo 33:7-11).
Quando o Tabernáculo foi construído para ser o local oficial de comunhão entre Deus e os israelitas, a nuvem de glória finalmente cobriu o Santuário que ficava no meio do acampamento. A Bíblia diz que “a nuvem cobriu a tenda da congregação. Moisés não podia entrar na tenda da congregação; porque a nuvem permanecia sobre ela, e a glória do SENHOR enchia o Tabernáculo” (Êxodo 40:34).
Era a nuvem que indicava quando os israelitas deveriam prosseguir em sua jornada. O livro de Êxodo termina dizendo que “de dia a nuvem do SENHOR repousava sobre o Tabernáculo; e, de noite, havia fogo nela, à vista de toda a casa de Israel; em todas as suas jornadas” (Êxodo 40:38; Números 9:15,16). Durante o reinado de Salomão, o Templo foi construído em Jerusalém. Na ocasião da dedicação do Templo, a nuvem de glória encheu a “casa do Senhor” (1 Reis 8:10,11).
Cristo e a nuvem de glória
Na ocasião da transfiguração de Jesus, uma nuvem resplandecente encobriu o local (Mateus 17:5). Daquela nuvem de glória, uma voz se pôs a dizer: “Este é o meu Filho, o Amado, em quem tenho muito prazer; a ele ouçam” (Mateus 17:5).
Os discípulos, então, não conseguiram suportar aquela experiência e caíram sobre seus rostos. Eles só se levantaram quando Jesus os tocou e lhes disse que não tivessem medo. Quando eles ergueram seus olhos, porém, a ninguém mais viram além de Jesus (Mateus 17:7,8).
A nuvem de glória que apareceu aos israelitas no Antigo Testamento era uma representação visível da presença de Deus. Mas ao mesmo tempo em que ela revelava que Deus estava no meio do seu povo escolhido, ela também encobria a majestade da glória divina dos olhos dos homens que não eram capazes de suportar sua presença santa e consumidora.
Inclusive, na vida religiosa de Israel, durante o Dia da Expiação o Senhor prometeu se manifestar em uma nuvem sobre o propiciatório que cobria a Arca no Santo dos Santos (Levítico 16:2). O sumo sacerdote era o representante do povo perante Deus. Então durante esse dia, portando o sangue dos sacrifícios expiatórios, ele podia se aproximar de forma mais íntima da presença do Senhor.
Mas isso só ocorria uma vez a cada ano. Apenas uma única pessoa de entre todo o povo, uma vez por ano, podia contemplar a nuvem de glória no lugar mais reservado do Santuário. Entretanto, tudo isso fazia parte de uma realidade transitória que apontava para a obra do Salvador.
Cristo é a revelação final da glória de Deus
O povo de Israel contemplou temporariamente a nuvem de glória que simbolizava a presença de Deus. Mas Cristo veio e inaugurou uma realidade superior e permanente da habitação de Deus com seu povo. Ele é o próprio Emanuel, isto é, Deus conosco (Mateus 1:23). Ele é o “Verbo que se fez carne e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do Unigênito do Pai, repleto de graça e de verdade” (João 1:14).
Isso explica a extraordinária promessa de Jesus: “Se alguém me ama, guardará a minha palavra; e meu Pai o amará, e viremos para ele e faremos nele morada” (João 14:23).
O apóstolo Paulo escreve que Cristo é a imagem de Deus (2 Coríntios 4:4). Ele também diz que em Cristo habita, corporalmente, toda a plenitude da Divindade (Colossenses 2:9). A Carta aos Hebreus fala de Cristo como sendo a revelação final de Deus; “o resplendor da glória e a expressão exata do seu Ser” (Hebreus 1:3).
Agora, não se trata mais da nuvem de glória cobrindo um Tabernáculo terreno; mas da Igreja como sendo o “templo de Deus”. Por causa da obra de Cristo, Deus habita de forma especial com os redimidos através da presença do Espírito Santo (1 Coríntios 3:16; 6:16-19); derramando sobre eles sua presença orientadora, protetora, sustentadora, misericordiosa e reconfortante.
Então podemos entrar perpetuamente no Santuário celestial e contemplar a glória da graça do Senhor. A próxima vez em que contemplaremos nuvens gloriosas será justamente no dia do retorno de Cristo. Ele virá numa nuvem, com poder e grande glória (Lucas 21:27).