A Igreja é a união de todos aqueles que foram chamados por Deus, os quais, pela ação do Espírito Santo, creem que Jesus Cristo é o Filho Unigênito de Deus enviado ao mundo para redimi-los de seus pecados. É por isso que a Igreja é definida como sendo o corpo de Cristo (Efésios 1:22,23).
O que significa Igreja?
A palavra “Igreja” traduz o latim ecclesia, que por sua vez vem do grego ekklesia, que basicamente significa “assembleia pública”, ou algo como “reunião dos que foram chamados”. É comum escutar que Igreja significa “chamados para fora”. Isso acontece porque o termo grego original é formado por uma combinação de duas palavras que significam “chamar” e “fora”.
De fato teologicamente essa é uma verdade absoluta com relação à Igreja, no sentido de que os membros do corpo de Cristo foram chamados para viverem fora do padrão pecaminoso do mundo. Porém não é exatamente nesse sentido que a palavra “Igreja” é empregada na Bíblia.
Os escritores neotestamentários empregaram o grego ekklesia no sentido de “reunião de pessoas”, “ajuntamento” ou “assembleia”. No Antigo Testamento, os autores bíblicos utilizaram o hebraico qahal, que significa “multidão humana reunida”, para designar a assembleia do povo de Deus (Deuteronômio 10:4; 23:2,3; 31:30; Salmos 22:23). Já na Septuaginta, esse mesmo termo geralmente é traduzido pelo grego ekklesia.
Mesmo no Novo Testamento, por duas vezes o termo ekklesia é utilizado para se referir à assembleia dos israelitas (Atos 7:38; Hebreus 2:12). Mas em todas as outras ocorrências, ekklesia designa a Igreja Cristã, tanto no sentido de sua pluralidade nas comunidades locais (Romanos 16:16; 1 Coríntios 4:17; 7:17; 14:33; Colossenses 4:15) quanto em seu aspecto universal, destacando sua unidade, ou seja, só há uma única Igreja (Atos 20:28; 1 Coríntios 12:28; 15:9; Efésios 1:22).
Quando a Igreja surgiu?
Deus sempre teve um povo separado para si, ou seja, a verdadeira Igreja existe desde o princípio. No entanto, a Igreja, como o povo escolhido do Senhor, tem sua história desenvolvida em dois momentos históricos diferentes. São eles: os períodos antes e após o ministério terreno de Cristo.
No período antes de Cristo, a verdadeira Igreja pode ser identificada desde os tempos mais remotos, antes mesmo da Aliança com o próprio povo de Israel. Personagens como Abel, Enoque e Noé são exemplos disso, pois amavam ao Senhor e se distinguiam da perversidade ímpia de outras pessoas de seu tempo.
Outro exemplo interessante é o do rei Melquisedeque, que mesmo num tempo onde o politeísmo era esmagadoramente predominante, ele já era sacerdote do Deus Altíssimo. Nesse mesmo tempo Deus chamou Abraão, e fez promessas a ele com relação a sua descendência.
A partir daí, salvo raras exceções, a Igreja estava concentrada especialmente na nação de Israel. Nesse período, ela cumpria uma série de rituais, ordenanças e símbolos que apontavam para o próprio Cristo.
Mesmo em tempos de grande apostasia dentro de Israel como nação, o verdadeiro Israel, como Igreja, estava preservado. Isso é o que vemos, por exemplo, nos dias do rei Acabe, quando apesar de toda idolatria promovida pela ímpia rainha Jezabel, havia sete mil que não dobraram seus joelhos perante Baal. Eles enfrentaram duras perseguições, assim como ocorreu com o profeta Elias, mas permaneceram fiéis a Deus.
A Igreja do Novo Testamento
Já na Igreja do Novo Testamento, através da nova aliança em Cristo, cumpriram-se as promessas e esperanças do Antigo Testamento com relação ao povo escolhido de Deus. Sob essa nova aliança, os rituais, símbolos e ordenanças presentes na Igreja veterotestamentária, foram substituídos pela obra perfeita de Cristo.
O escritor do livro de Hebreus fala em detalhes sobre isto. Ele enfatiza que os santos do Antigo Testamento depositaram sua fé no Messias que haveria de vir, enquanto que os redimidos do Novo Testamento depositam sua fé no Messias que já veio, o eterno Sumo Sacerdote (Hebreus 1-12).
Cristo prometeu edificar a sua Igreja, e logo após sua ascensão ao céu, o Espírito Santo foi enviado no dia de Pentecostes, dando início ali a grande internacionalização da Igreja (Atos 2). O Evangelho seria pregado em todo mundo, e a comunidade dos fiéis seria formada de pessoas de todas as tribos, povos, raças e línguas.
No próprio contexto do livro de Atos dos Apóstolos, eventos específicos ocorreram para mostrar muito claramente que o povo de Deus não estaria limitado a um único povo. Um exemplo disto foi a conversão do centurião Cornélio (Atos 10).
Portanto, na Igreja de Cristo não há qualquer distinção de nacionalidade! Judeus e gentios, crentes de todas as nações, encontram-se unidos no corpo de Cristo (Efésios 2-3; Apocalipse 5;9,10; 7:9,10).
Como a Igreja é formada?
A Igreja é única, ou seja, ela é uma comunidade indivisível (Romanos 12:5; 1 Coríntios 10:17; 12:12,13; Gálatas 3:28). No entanto, essa comunidade é constituída por dois grupos geralmente chamados de “Igreja militante” e “Igreja triunfante”.
A Igreja militante são os fiéis que ainda estão vivendo neste mundo. Já a Igreja triunfante é constituída dos redimidos que já morreram e que agora estão na glória ao lado do Senhor.
Esses dois grupos, apesar de viverem realidades diferentes, possuem o mesmo grande objetivo: prestar culto a Deus (Gálatas 4:26; Hebreus 12:22-24). A Igreja militante e a Igreja triunfante finalmente se encontrarão na ocasião da segunda vinda de Cristo com a ressurreição dos mortos (1 Tessalonicenses 4:16-18).
Enquanto esse glorioso dia não chega, a Igreja militante presente nesta terra se reúne e se organiza em comunidades locais que cultuam a Deus, meditam em sua Palavra e celebram os sacramentos. Essas “igrejas locais”, apesar de serem inúmeras, fazem parte da única Igreja universal, isto é, a Igreja é uma só em Cristo (1 Coríntios 12:12-27; Efésios 1:22,23; 3:6; 4:4; Apocalipse 2:1).
O Novo Testamento destaca a vital importância de todos os cristãos estarem inseridos em uma comunidade local, pois a Igreja é uma unidade, onde seus membros são alimentados, disciplinados, edificados, cuidados por ministros instituídos por Deus e juntos participam do ministério e testemunho do Evangelho (Mateus 18:15-20; Atos 20:28; 1 Coríntios 14:4,13; Efésios 4:15,16; Gálatas 6:1; Hebreus 10:25).
Quem faz parte da Igreja?
Fazem parte da Igreja todos aqueles que Deus chama através de sua Palavra. A Bíblia diz que o Senhor acrescenta fiéis continuamente à Igreja (Atos 2:47; 5:14; 11:24). Apesar de esse chamamento ser universal, no sentido de que o convite é feito a todos sem exceção, apenas podem responder positivamente a esse chamado aqueles que são regenerados pelo Espírito Santo. Estes são convencidos de seus pecados e consequentemente respondem com arrependimento e fé em Cristo Jesus, como seu Senhor e Salvador.
É verdade que quando se fala em quem faz parte da Igreja, é preciso considerar que nem todos que parecem fazer parte dela de fato o fazem. É por isso que existe uma distinção entre a Igreja visível e a Igreja invisível.
A Igreja visível é a Igreja conforme as pessoas a veem, enquanto que a Igreja invisível é a Igreja conforme Deus a vê. Isso significa que nem todos os aparentes membros da Igreja são realmente nascidos de novo e genuínos seguidores de Cristo. Embora tais pessoas possam enganar os homens, haverá o dia em que elas serão desmascaradas e punidas diante do juízo do Senhor (Mateus 7:15-23; 13:24-50; 25:1-46). Portanto, a perfeita totalidade da verdadeira Igreja é conhecida somente por Deus (2 Timóteo 2:19).
Qual é a missão da Igreja?
Basicamente a missão da Igreja pode ser vista em dois aspectos. Primeiramente a missão fundamental da Igreja é anunciar o Evangelho. Ela deve proclamar ao mundo que Jesus Cristo é o único Senhor e Salvador, explicando que através de sua obra redentora Deus convida aos pecadores ao arrependimento e à vida eterna (Mateus 22:1-10; Atos 17:30).
Essa missão foi dada pelo próprio Jesus quando ordenou: “Portanto ide e fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo” (Mateus 28:19; cf. Mateus 24:14; Marcos 16:15; Lucas 24:47,48; João 20:21). O apóstolo Pedro ressalta que a Igreja foi chamada para anunciar “as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz” (1 Pedro 2:9).
Consequente, a Igreja também recebeu a tarefa de realizar obras de compaixão e misericórdia, cumprindo assim o mandamento de Deus para amar ao próximo. Como a Igreja é a comunhão dos fiéis que foram feitos novas criaturas em Cristo, e assim são seus imitadores refletindo em suas vidas as virtudes do fruto do Espírito Santo, naturalmente é esperado que ela demonstre generosidade e bondade diante das necessidades humanas (Mateus 25:34-40; Lucas 10:25-37; Romanos 12:20,21).
O que é a Igreja segundo a Bíblia?
A Bíblia destaca vários pontos básicos sobre o que é a Igreja, dos quais podemos citar:
- A Igreja é a família de Deus (João 10:16; Efésios 2:18; 3:15; 4:6; 1 Pedro 5:2-4).
- A Igreja é o templo do Espírito Santo (1 Coríntios 3:16).
- A Igreja é o Israel de Deus (Gálatas 6:16).
- A Igreja é a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo exclusivo de Deus (1 Pedro 2:9; 5:13).
- A Igreja é o Corpo de Cristo, a Noiva do Cordeiro (Efésios 1:22,23; 5:23-32; Apocalipse 19:7; 21:2,9-27).
- A Igreja pertence a Deus e foi comprada com o sangue de Cristo (Mateus 16:18; Atos 20:28; Efésios 3:21; 5:25; 1 Timóteo 3:15; Hebreus 9:12).
- A Igreja é gloriosa, irrepreensível, sem mácula, sem ruga e vestida de justiça pelos méritos de Cristo (Efésios 5:27; Apocalipse 19:8).
- A Igreja revela a multiforme sabedoria de Deus (Efésios 3:10).
- A Igreja é perseguida pelos ímpios, mas guardada por Deus (Atos 8:1-3; 1 Tessalonicenses 2:14,15; Apocalipse 3:10).