Mandrágora é uma planta nativa da região do Mediterrâneo, e, por ser mencionada em alguns textos bíblicos, acaba despertando a curiosidade das pessoas em querer saber o que é a mandrágora.
A mandrágora
A mandrágora é uma planta pertencente à família das Solanaceae, a mesma da qual pertencem o tomate, a batata e outras espécies utilizadas em nossa dieta. Existem várias espécies de mandrágoras.
A mandrágora possui qualidades narcóticas, eméticas, alucinógenas e purgativas. Suas folhas são de cor verde escura e formam uma roseta na base, com flores no centro em tons lilás e roxos, próximos ao azul.
O fruto da mandrágora é pequeno e possui um formato muito semelhante ao tomate. O fruto apresenta uma consistência macia, possui poupa e também é um pouco venenoso.
No entanto, o que mais chama a atenção na mandrágora é sua raiz, que tem um tamanho proporcionalmente longo considerando o tamanho da planta, de cor marrom e, usando a imaginação, pode lembrar a silhueta de um corpo humano. É justamente esse aspecto que deu origem as muitas lendas que envolvem a mandrágora.
O hebraico dudaim, que significa “amando”, é utilizado para designar essa planta, possivelmente fazendo referência a sua suposta propriedade afrodisíaca, ficando popularmente conhecida por uma expressão que significa algo próximo a “maça do amor”.
Mandrágoras na Bíblia
Na Bíblia as mandrágoras são mencionadas exclusivamente em dois textos: Gênesis 30:14-16 e Cantares 7:13. A referência de Gênesis é certamente a mais conhecida, onde Rúben, filho de Lia com Jacó, encontrou mandrágoras no campo e as deu a sua mãe.
Raquel então se interessou pelas mandrágoras, e fez um acordo com Lia para obtê-las. Possivelmente Raquel estava interessada na suposta qualidade afrodisíaca da mandrágora, que pelo costume popular, poderia até mesmo favorecer a fertilidade de uma mulher. Aqui devemos nos lembrar que Raquel era estéril.
A eficácia das mandrágoras
O texto bíblico claramente aponta que no caso de Raquel as mandrágoras não funcionaram. Apesar de Raquel ter ficado com as mandrágoras, foi Lia quem engravidou (Gn 30:16-21).
Finalmente quando Raquel engravidou, a Bíblia esclarece que tal acontecimento se deu por uma intervenção divina, isto é, “lembrou-se Deus de Raquel; e Deus a ouviu, e abriu a sua madre” (Gn 30:22).
Outro detalhe interessante é que após Raquel ter dado à luz a José, ela mesma testificou que havia sido Deus quem lhe tirou sua vergonha, fazendo referência ao desprezo atribuído a uma mulher estéril naquela época.
O fato de essa planta ter sido mencionada no livro de Gênesis já demonstra que sua utilização pelo homem é bastante remota.
Apesar disso, não existem muitos estudos sobre as propriedades químicas da mandrágora, embora haja indícios que suas raízes possam ser utilizadas em alguns lugares pela medicina tradicional como purgativo ou em compostos anestésicos.
Também vale lembrar que na antiguidade alguém que manipulava ervas medicinais muitas vezes era considerado um tipo de mago pela comunidade local.
Isto mostra que em alguns casos parecia ser difícil separar a fama medicinal de determinada planta de sua fama mística, ou seja, o fato de uma planta específica realmente possuir algum elemento eficaz no combate a alguma patologia poderia lhe atribuir um tipo de significado místico para as pessoas da época.
Lendas sobre a mandrágora
Como já foi dito, existem muitas lendas que envolvem a mandrágora. A maioria delas está relacionada à sua fama de afrodisíaca e seu poder sobre o amor.
Talvez a mais conhecida de todas, diz que a mandrágora emite um grito bastante agudo quando é arrancada do solo. De acordo com alguns contos, tal grito poderia até matar a pessoa que estivesse colhendo a mandrágora de forma inadequada, daí surgiu até mesmo uma série de rituais que deveriam ser observados antes de se colher a mandrágora.
Por conta de sua fama mística, a mandrágora foi associada, principalmente na idade média, a prática de bruxaria e rituais de magia, além de ser frequentemente lembrada em obras de ficção.