Pelagianismo é como ficou conhecida a doutrina herética formulada por Pelágio, um monge britânico que viveu entre os séculos 4 e 5 d.C. O pelagianismo nega especialmente a verdade acerca do pecado original. A doutrina pelagiana foi condenada como heresia pela Igreja em diversos concílios.
Quem foi Pelágio?
Não se sabe muito sobre a história de Pelágio. Ele era um monge britânico que nasceu no século 4 d.C. Em aproximadamente 405 d.C. ele foi para Roma e depois partiu para o norte da África.
Pelágio se propôs a refutar as doutrinas ensinadas por Agostinho, o bispo de Hipona, que naquela altura já era uma figura proeminente dentro da Igreja. Já na Palestina, Pelágio escreveu dois livros sobre o livre-arbítrio, o pecado e a graça.
Não há evidências de que Pelágio tenha em algum momento se encontrado com Agostinho. Mas Agostinho e seu amigo Jerônimo, o tradutor da Vulgata Latina, criticaram fortemente os escritos de Pelágio.
Pelágio foi considerado culpado de heresia pelo bispo de Roma (417-418 d.C.) e pelo Concílio de Éfeso (431 d.C.). Ele foi acusado de negar o pecado original e de não reconhecer que a graça de Deus é essencial para a salvação. Pelágio ensinava ser possível viver uma vida sem pecado fazendo uso do livre-arbítrio.
O que o Pelagianismo ensina?
O Pelagianismo basicamente ensina que o homem nasce em uma condição moralmente neutra, ou seja, sem pecado. Assim ele é dotado plenamente do livre-arbítrio, de modo que sozinho ele é capaz de decidir entre o bem e o mal.
Isso significa que o ensino pelagiano nega a doutrina acerca do pecado original. Para o Pelagianismo, o pecado de Adão prejudicou apenas a ele mesmo. Desta forma, a raiz do pecado e sua culpa não foram transmitidas aos seus descendentes. Saiba o que é o pecado original.
Tudo isso significa que para o Pelagianismo cada pessoa nasce exatamente na mesma condição de Adão antes da Queda, ou seja, completamente inocente da corrupção e da culpa do pecado. No entanto, como o Pelagianismo não nega a realidade do pecado na vida das pessoas, ele defende que cada pessoa peca pelos exemplos ruins a que tem contato. Entenda o que é o pecado na Bíblia.
Em outras palavras, para o Pelagianismo Adão não precipitou toda a humanidade num estado de rebelião e culpa diante de Deus, mas apenas serviu de mau exemplo para sua posteridade. Depois, quando seus descendentes nasceram, eles seguiram seu mau exemplo e também passaram a pecar.
Assim, o Pelagianismo entende que pecado universal nada mais é do que uma má educação generalizada e o prevalecimento de um antigo hábito, o hábito de pecar. Com base nesse conceito de pecado, o Pelagianismo afirma que a morte não é resultado do pecado. Para Pelágio, mesmo que Adão não tivesse pecado, ainda assim ele teria morrido.
Os erros do Pelagianismo
Obviamente o conceito principal do Pelagianismo ao negar o pecado original ocasiona inúmeros erros gravíssimos. Na verdade a heresia pelagiana é tão grave e profunda que podemos dizer que ela distorce todo conteúdo das Escrituras.
Ao entender que o homem tem sua capacidade de decisão livre de qualquer contaminação, o Pelagianismo diz que qualquer pessoa, por si mesma, é capaz de rejeitar o pecado e fazer o bem. Segundo o Pelagianismo, por seu próprio esforço o homem pode tornar-se merecedor da bem-aventurança eterna. Basicamente o Pelagianismo diz que é possível viver no mundo sem pecar.
Por defender que Adão foi apenas um mau exemplo para a humanidade, o Pelagianismo também entende que Cristo nada mais é do que um exemplo oposto ao de Adão. Assim, a salvação consiste em simplesmente seguir o bom exemplo de Jesus em vez do mau exemplo de Adão.
Para o Pelagianismo, o homem é capaz de se salvar ao seguir o exemplo de Cristo, utilizando seus próprios dons naturais. Para tanto, ele conta com o auxilio da revelação de Deus nas Escrituras. Então a Lei e o Evangelho servem como guias que conduzem o homem capaz ao reino dos céus.
O combate ao Pelagianismo
O Pelagianismo foi fortemente refutado por Aurélio Agostinho de Hipona. Agostinho escreveu uma série de tratados expondo os erros do Pelagianismo. Ele se dedicou em reafirmar a doutrina bíblica acerca do pecado original, da corrupção da natureza humana e sua total incapacidade em fazer qualquer coisa a seu próprio favor para obter a salvação.
De forma oficial, a Igreja condenou a heresia pelagiana no Concílio de Cartago (418 d.C.), de Éfeso (431 d.C.) e no Concílio de Orange II (529 d.C.). A posição oficial da Igreja com relação a esse assunto ficou conhecida como agostiniana. Isto porque ela afirmava as doutrinas sistematizadas por Agostinho, embora na prática isso estivesse longe de ser verdade. Entenda o que é uma heresia.
O Pelagianismo e a Bíblia
O Pelagianismo realmente é uma doutrina completamente antibíblica. De fato, as Escrituras afirmam que o homem foi criado por Deus em um estado de inocência (cf. Gênesis 1:31). Isso significa que o homem possuía pleno livre-arbítrio moral. Ele podia escolher agradar a Deus ou se rebelar contra Ele.
Adão escolheu se rebelar contra Deus. Por ser o cabeça e representante da raça humana, quando ele caiu toda a humanidade também caiu nele. Com isso, a natureza humana foi lançada num estado de total depravação, herdando uma natureza pecaminosa caída e a culpa pelo pecado. Saiba como foi a Queda do homem.
Portanto, enquanto o Pelagianismo diz que o homem é pecador simplesmente porque ele peca, a Bíblia diz que o homem peca justamente porque ele é pecador. Isso significa que sem a graça soberana de Deus, nenhuma pessoa pode finalmente ser salva.
O coração do homem é inclinado ao mal. Sozinho ele é incapaz de rejeitar o pecado e viver uma vida que agrada a Deus. Isso significa que sem a regeneração, ninguém ama, deseja e obedece aos mandamentos do Senhor (Salmos 51:5; Romanos 3:10; 5:12; 6:23). Enquanto o Pelagianismo sugere que o homem precisa de um tipo de educação moral, a Bíblia afirma que o homem precisa nascer de novo para entrar no reino de Deus. Somente assim, pela presença do Espírito Santo habitando nele, o homem é habilitado a fazer o bem diante de Deus (Romanos 8:3,4; Gálatas 2:20; 5:22,23).
Além disso, completamente oposta ao Pelagianismo, a Bíblia afirma que o sacrifício de Cristo não foi um tipo de exemplo. O sacrifício de Cristo foi substitutivo! Ele substituiu pecadores e recebeu, no lugar deles, o castigo pelo pecado, satisfazendo então a justiça de Deus. É por isto que é impossível que alguém seja considerado justo diante de Deus se não for pelos méritos de Cristo.