Temperança é a qualidade que capacita alguém a exercer um autocontrole. Ser temperante é o mesmo que ter domínio próprio. A seguir, estudaremos sobre o que é temperança e qual o seu significado na Bíblia.
O que significa temperança
A palavra temperança significa “moderação”, “contenção” ou “autocontrole”. Temperança e domínio próprio são palavras que geralmente traduzem o termo grego enkrateia, que transmite o significado de “o poder de controlar-se”.
Esse termo grego aparece em pelo menos três versículos do Novo Testamento. Há também a ocorrência do adjetivo correspondente enkrates, e do verbo enkrateuomai, tanto positivamente quando negativamente, isto é, no sentindo de intemperança.
O termo grego nephalios, que possui sentido similar, também é aplicado no Novo Testamento e geralmente é traduzido como “temperante” (1Tm 3:2,11; Tt 2:2).
A palavra temperança na Bíblia
Na Septuaginta, versão grega do Antigo Testamento, o verbo enkrateuomai aparece pela primeira vez para se referir ao controle emocional de José no Egito para com seus irmãos em Gênesis 43:31, bem como para descrever ao falso domínio próprio de Saul e Hamã (1Sm 13:12; Et 5:10).
Apesar da palavra temperança não aparecer originalmente no Antigo Testamento, o sentido geral de seu significado já era ensinado, especialmente nos provérbios escritos pelo rei Salomão, onde ele aconselha sobre a moderação (Pv 21:17; 23:1,2; 25:16).
É verdade que a palavra temperança aparece também relacionada, especialmente, ao aspecto de sobriedade, no sentido de rejeitar e condenar a embriaguez e a glutonaria. Todavia, seu significado não pode ser apenas resumido a esse sentido, transmitindo também o sentido de vigilância e submissão ao controle do Espírito Santo, como os próprios textos bíblicos deixam claro.
Em Atos 24:25, Paulo mencionou a temperança em associação com a justiça e o juízo futuro, quando argumentava com Felix. Quando escreveu a Timóteo e a Tito, o apóstolo falou sobre a necessidade da temperança como uma das características que os líderes da Igreja devem ter, e também a recomendou aos homens idosos (1Tm 3:2,3; Tt 1:7,8; 2:2).
Obviamente uma das aplicações mais conhecidas da temperança (ou domínio próprio) nos textos bíblicos, encontra-se na passagem sobre o fruto do Espírito em Gálatas 5:22, onde a temperança é citada como a última qualidade na lista das virtudes produzidas pelo Espírito Santo na vida dos verdadeiros cristãos.
No contexto em que é aplicada pelo apóstolo na passagem bíblica, a temperança não se resume apenas a um oposto direto aos vícios das obras carnais, como a imoralidade, a impureza, a lascívia, a idolatria, as mais diversas formas de rivalidade nas relações pessoais de uns para com os outros, ou até mesmo a própria embriaguez e glutonaria. A temperança vai além, e revela a qualidade de alguém em ser completamente submisso e obediente a Cristo (cf. 2Co 10:5).
O apóstolo Pedro em sua segunda epístola aponta para a temperança como uma virtude que deve ser buscada ativamente pelos cristãos, de modo que, conforme Paulo escreveu a igreja em Corinto, ela constitui uma qualidade essencial para a carreira cristã, e pode ser vista no zelo que os redimidos demonstram para com a obra de Cristo, controlando-se a si próprios, a fim de alcançarem um objetivo mais excelente e elevado (1Co 9:25-27; cf. 1Co 7:9).
Com tudo isso, podemos entender que a verdadeira temperança, de fato, não vem da natureza humana, mas, antes, é produzida pelo Espírito Santo no homem regenerado, capacitando-o à autocrucificação, isto é, o poder de conter-se a si mesmo.
Para o cristão genuíno, a temperança, ou domínio próprio, é muito mais do que uma autonegação ou um controle superficial, mas é a plena submissão ao controle do Espírito. Aqueles que andam segundo o Espírito Santo, naturalmente são temperantes.