Iniquidade significa basicamente “ilegalidade”, no sentido de expressar algo que é contrário ao que é justo e correto. Iniquidade é uma palavra que aparece várias vezes na Bíblia sempre para se referir de alguma forma à transgressão da Lei de Deus.
Qual o significado de iniquidade?
De forma geral, em seu sentido mais amplo, iniquidade significa “perversidade”, “depravação”, “ilegalidade”, “injustiça”, “ação contrária à justiça”, “justiça negativa”, “o que é torto” e “fazer mal”. Todavia, a palavra “iniquidade” é utilizada para traduzir vários termos diferentes. Sob esse aspecto ela pode assumir significados mais específicos em determinadas situações.
A palavra “iniquidade” vem do latim iniquitas ou iniquitate e foi utilizada na Vulgata (versão da Bíblia em latim). No Antigo Testamento ela traduz principalmente os termos hebraicos ‘awen, ‘awel e ‘awon. No Novo Testamento a palavra iniquidade traduz os termos gregos anomia, adikia, adikema e hamartia.
O que é iniquidade na Bíblia?
A palavra iniquidade é utilizada nas versões bíblicas para traduzir pelo menos dezesseis termos originais hebraicos e gregos. No Antigo Testamento, a palavra hebraica mais comum traduzida por “iniquidade’ é o termo ‘awon.
Essa palavra primeiramente se refere ao caráter de uma ação reprovável. Ela enfatiza o estado de rebelião e impureza do homem em relação a Deus (Isaías 64:6). Depois, o termo se expande, passando a expressar a ideia de culpa, como podemos perceber em várias passagens bíblicas (Gênesis 15:16; Números 15:31; 2 Samuel 14:32; Salmos 32:5; Jeremias 2:22; 30:14,15).
Na Septuaginta, versão grega do Antigo Testamento, o termo mais utilizado é o grego anomia. O mesmo ocorre no Novo Testamento, onde anomia é o termo utilizado para enfatizar a rejeição e a quebra dos mandamentos de Deus.
O termo adikia também é encontrado no Novo Testamento. Ele transmite o sentido de uma justiça negativa, ou seja, a injustiça no sentido real. Esse significado pode ser percebido na referência às trinta moedas de pratas que Judas Iscariotes recebeu como o “preço da iniquidade” (Atos 1:18). De forma muito semelhante, a palavra iniquidade é aplicada na condenação da oferta de Simão, o mágico. Ele tentou comprar o poder do Espírito Santo (Atos 8:23).
A Bíblia diz que a iniquidade tem sua sede no coração (Jeremias 17:9; Marcos 7:21-23). Ela é inspirada por Satanás (Mateus 13:19; 1 João 3:12). Ela também é descrita como um mal progressivo e contagioso em suas manifestações (1 Samuel 24:13; Gênesis 6:5).
Jesus condenou a prática da iniquidade explicando que ela será o grande motivo para a perdição de muitos. Nosso Senhor também falou que nos últimos dias ela se multiplicará (Mateus 7:23; 13:41; 23:28; 24:12). Em sua Carta aos Romanos, o apóstolo Paulo também alertou para o perigo da iniquidade (Romanos 6:19). Já o escritor da Epístola aos Hebreus, falando sobre a superioridade da Aliança no Novo Testamento, se atentou para a realidade do perdão de Deus em relação as nossas iniquidades (Hebreus 8:12).
Em 2 Tessalonicenses 2, Paulo falou sobre o “homem da iniquidade”. Ele ensinou aos seus leitores que, embora esse homem ainda não tivesse aparecido, o mistério da iniquidade já estava operando. Essa é uma passagem muito debatida entre os estudiosos, mas a interpretação mais aceita atribui esses versículos a uma referência ao Anticristo.
Qual a diferença entre pecado e iniquidade?
Em muitos textos é difícil fazer uma distinção clara entre iniquidade e pecado, pois apresentam-se como termos intercambiáveis. Muitos comentaristas defendem que a iniquidade é a própria prática do pecado, mas de uma forma ainda mais evidente, pois contrasta o comportamento pecaminoso com a justiça.
O apóstolo João escreve que “quem comete pecado, também comete iniquidade; porque o pecado é iniquidade” (1 João 3:4). Nesse texto a palavra iniquidade significa “rebeldia”. O apóstolo fala da transgressão da Lei de Deus, que reflete toda a perversidade presente na mente do homem. Saiba mais sobre o que é pecado diante de Deus.
Assim, o homem em seu estado natural de rebelião contra Deus entende o pecado e a permanência nele como sendo algo comum, correto e aceitável. Por isso a iniquidade demonstra toda a natureza depravada e corrompida do homem, revelando seu coração endurecido que é incapaz de produzir arrependimento.