Onipresença é um termo teológico tradicional usado para se referir ao fato de que Deus está em todos os lugares. É importante entender o que significa onipresença porque ela é um dos atributos de Deus.
A palavra onipresença vem do latim omni, “todo”, e praesentia, “presença” ou “presente”. Assim, onipresente é a característica de quem está presente em toda parte. Obviamente essa qualidade só pertence a Deus, e Ele não a compartilha com nenhuma de suas criaturas.
Significado de onipresença na Bíblia
A Bíblia ensina claramente que Deus é onipresente, porém especificamente o substantivo onipresença ou o adjetivo onipresente não são utilizados. De uma forma bem básica podemos dizer que Deus existe em todos os lugares ao mesmo tempo.
A onipresença de Deus não pode, jamais, ser confundida com a crença do panteísmo, ou seja, o ensino de que Deus é tudo e tudo é Deus, fazendo com que em última análise Ele se confunda com o mundo.
O verdadeiro ensino bíblico é o de que todas as coisas estão presentes para Deus, isto é, Ele está presente em toda parte na plenitude do Seu ser, do Seu conhecimento, do Seu poder e de Sua autoridade, de modo que nada se esconde de Sua presença ou escapa de Seu controle (1Rs 8:27; 2Cr 2:6; Sl 139; Is 66:1; Jr 23:23,24; At 17:24-28).
No sentido geral da onipresença de Deus, entendemos que é impossível alguém estar distante dele, ou fora de Sua presença. Sob esse aspecto, todos os homens, e mesmo Satanás e os demônios, estão sempre na presença de Deus. Para uma melhor compreensão desses conceitos, também é importante saber o que significa onipotência e o que é a onisciência de Deus.
Diferentes sentidos da onipresença de Deus
Além do sentido geral, a Bíblia aprofunda ainda mais o conceito da onipresença de Deus apresentando-o a nós em diferentes sentidos. Um dos mais explorados nas Escrituras é o ensino da presença de Deus relacionado à Sua providência.
Assim, em muitas passagens bíblicas a presença de Deus é demonstrada em Seu cuidado especial por algo ou alguém. Por exemplo, quando Deus promete estar com uma pessoa, isso não significa que Ele acompanhará essa pessoa por onde quer que ela vá, pois isso seria redundante diante de Sua onipresença, antes, significa que Ele cuidará dela de forma especial e providencial (Gn 31:3; Is 7:14; 2Cr 13:12; Mt 28:20).
Ainda com base nesse princípio, podemos facilmente entender as passagens bíblicas que relatam o distanciamento entre Deus e alguém (2Cr 12:5; Ez 29:5). A Bíblia traz vários exemplos de quando Deus se afastou de alguém por conta do pecado e da infidelidade, retirando assim as suas bênçãos (cf. Mq 2:8-10).
Portanto, quando dizemos que alguém está longe de Deus isso não significa que tal pessoa esteja literalmente longe, mas, sim, que ela está privada de uma presença de comunhão com o Deus onipresente.
Aqui mais uma vez vale ressaltar que não há um único lugar onde a presença de Deus não esteja presente em toda sua plenitude. Por exemplo, algumas pessoas equivocadamente acreditam que o inferno é um lugar onde Deus não está presente, quando na verdade o ensino bíblico é o de que Deus está presente no inferno em toda Sua justiça.
Quando lemos na Bíblia que a condenação no Inferno é marcada pela separação eterna entre o pecador e Deus, ela está dizendo que o pecador estará eternamente separado da presença amorosa de Deus, mas por outro lado estará eternamente diante de Sua plena presença de justiça.
Quem castiga o ímpio no inferno não é Satanás, mas o próprio Deus onipresente, cujo Seu caráter santo e justo exige o pagamento pelo pecado. É por isso que apenas aqueles que foram justificados pela obra de Cristo é que podem escapar desse terrível juízo.
As Escrituras também nos falam de algumas raras ocasiões onde Deus revelou sua presença de uma maneira mais intensa e especial, como por exemplo, as manifestações de Deus aos patriarcas Abraão, Isaque e Jacó (Gn 12; 17; 18; 26; 28; 32; 35).
Outras pessoas também experimentaram esse tipo manifestação da presença de Deus, como Josué (Js 5:13-15) e o rei Salomão (1RS 9:2; 2Cr 7:12). Muitas dessas aparições de Deus são chamadas na teologia de Teofanias, que significa literalmente “manifestação de Deus”, e que pode ocorrer tanto de forma simbólica como literal em forma humana.
A onipresença de Deus e as aparições teofânicas
É importante entender que as aparições teofânicas não significam que Deus concentrou Sua presença e localização em um determinado lugar e ausentou de outros, ao contrário, significa apenas que Ele se revelou de uma forma particular em uma ocasião específica, enquanto ainda estava presente plenamente em todos os lugares através de Sua onipresença.
Obviamente que o maior exemplo da manifestação especial de Deus encontrando-se com o homem foi a presença de Jesus Cristo, o Emanuel, isto é, “Deus Conosco”, durante seu ministério aqui na terra (Jo 1:14; Hb 1:-4).
A onipresença de Deus nos momentos de adoração
A onipresença de Deus também se revela de uma forma diferenciada no sentido de intimidade com Seu povo nos momentos de adoração. No Antigo Testamento existem vários exemplos da manifestação da presença de Deus nesse sentido, como aconteceu no Tabernáculo (Êx 40:33-35) e no Templo (1Rs 8:10-13). Sob esse aspecto, podemos até incluir a manifestação a Moisés no Monte Sinai (Êx 24:15-18).
Esse sentido da presença de Deus não se restringe apenas a antiga dispensação, antes, o próprio apóstolo Paulo declarou que o objetivo é que os incrédulos se convençam da presença de Deus após presenciarem um culto cristão (1Co 14:25).
A doutrina da onipresença de Deus deve ser de grande conforto para todos os cristãos verdadeiros, pois ela garante que a presença e o cuidado pessoal Deus estará sempre ao lado de Seu povo, ou seja, independente de onde estivermos ou de qualquer circunstância que possamos enfrentar, podemos ter a certeza da presença de nosso Deus.
Apesar de nosso Deus ser onipresente, nós devemos almejar intensamente o momento em que nos encontraremos face a face com Ele, no dia do glorioso retorno de nosso Senhor Jesus Cristo.