O Santo Lugar, ou Lugar Santo, era uma das duas salas que formavam o Santuário em si. O Tabernáculo propriamente dito era dividido em dois ambientes: o Santo Lugar e o Santo dos Santos. Os sacerdotes entravam no Santo Lugar todos os dias para cumprirem suas funções diárias com relação ao culto a Deus.
Mais tarde, quando o Templo foi construído em Jerusalém, o Santo Lugar também foi edificado e basicamente servia ao mesmo propósito que no tempo do Tabernáculo móvel.
Enquanto o Santo dos Santos era um compartimento quadrado, o Santo Lugar era retangular, com seu cumprimento duas vezes mais longo que sua largura. O que separava o Lugar Santo do Santo dos Santos era uma cortina de linho fino estampada com querubins. Nas traduções da Bíblia em português geralmente essa cortina é chamada de “véu”.
A mobília do Santo Lugar
O Santo Lugar abrigava a maior parte da mobília do Tabernáculo. Nele ficavam a mesa da proposição, o candelabro de ouro e o altar do incenso.
- A mesa da proposição: era uma mesa fabricada de madeira de acácia e coberta de ouro (Êxodo 25:23-30). Sobre a mesa da proposição as ofertas eram colocadas. Constantemente ficavam sobre a mesa os doze pães da proposição que representavam as doze tribos de Israel. Os pães eram substituídos a cada sábado. A mesa da proposição ficava à direita de quem entrava no Lugar Santo.
- O candelabro de ouro: era formado por sete castiçais, cada um com uma lâmpada (cf. Êxodo 25:31-40; 37:17-24). As lâmpadas tinham o formato de taças rasas onde era colocado o óleo que alimentava as chamas dos pavios. O candelabro de ouro ficava do lado oposto à mesa dos pães da proposição, à esquerda de quem entrava no Lugar Santo (Êxodo 40:24).
- O altar de incenso: era um altar bem menor que o altar do holocausto que ficava no átrio. No altar do incenso, como o próprio nome diz, o incenso era queimado. O altar ficava de fronte para quem entrava no Santo Lugar, em frente ao véu que separava aquela sala do Santo dos Santos. Provavelmente por causa de sua função no Dia da Expiação, o altar do incenso também era contato como pertencente ao Santo dos Santos (cf. 1 Reis 6:22; Hebreus 9:4).
O que acontecia no Lugar Santo?
O Santo Lugar era o local de serviço dos sacerdotes e de adoração a Deus. No Lugar Santo os sacerdotes apresentam ofertas e sacrifícios a Deus.
Somente os sacerdotes tinham permissão de entrar no Lugar Santo. O acesso dos israelitas era restrito apenas ao átrio. Na entrada do Santo Lugar havia uma cortina que fechava seu acesso e o separava do átrio.
Então os adoradores israelitas entravam no átrio para orar e oferecer sacrifícios a Deus no altar do holocausto por intermédio dos sacerdotes. Cabia aos sacerdotes, depois de passar pelo altar do holocausto e da pia de bronze, a função de levar as petições do povo a Deus através dos sacrifícios e das ofertas até o Lugar Santo.
Os sacerdotes também tinham que entrar diariamente no Santo Lugar para cumprir os serviços sagrados. Os sacerdotes precisavam preparar, abastecer e manter as lâmpadas do candelabro acessas (Êxodo 27:21; 30:7; Levítico 24:4). Eles também tinham que queimar o incenso duas vezes ao dia, pela manhã e a tarde, no altar que ficava no Santo Lugar (Êxodo 30:7,8). Aos sábados, os sacerdotes precisavam substituir os pães da proposição.
O significado do Santo Lugar
O Lugar Santo com toda sua mobília apontavam para a pessoa de Cristo e sua obra. De fato o Santo Lugar tinha uma importância singular na adoração do Antigo Testamento, mas tudo era transitório. Não eram todos os adoradores que podiam entrar no Lugar Santo; eles dependiam da representação dos sacerdotes.
Já os sacerdotes, por sua vez, apesar de terem o privilégio de servirem ao Senhor no Lugar Santo, eles não tinham permissão de ir além do segundo véu e entrar no lugar mais sagrado do Santuário onde estava a Arca da Aliança: o Santo dos Santos. Esse privilégio cabia apenas ao sumo sacerdote e somente uma vez por ano com sacrifício expiatório. Além disso, todo o serviço feito pelos sacerdotes precisava ser repetido dia após dia.
O escritor de Hebreus interpreta esse cenário e conclui que com tudo isso o Espírito Santo dava a entender que ainda o caminho do Santo Lugar não havia se manifestado enquanto o primeiro Tabernáculo continuava erguido (Hebreus 9:8).
Em outras palavras, o Tabernáculo terreno não oferecia de forma permanente a possibilidade de uma livre aproximação de Deus. O Tabernáculo terreno, com o Lugar Santo e o Santo dos Santos, não podia servir para o cumprimento da promessa da Nova Aliança: “Conhece ao Senhor; porque todos me conhecerão, desde o menor deles até o maior” (Hebreus 8:11; cf. Jeremias 31:31-34).
Por isso o escritor neotestamentário enxerga os cerimoniais que aconteciam no Tabernáculo como uma profecia que apontava para a superioridade da Nova Aliança nos tempos do Evangelho (Hebreus 9:9).
Jesus Cristo é o Eterno Sumo Sacerdote que, uma vez por todas, se ofereceu a si próprio como sacrifício expiatório pelos pecados de seu povo. Ele é a Luz do mundo, também refletida através da Igreja, que o candelabro prefigurava (João 8:12; cf. Mateus 5:14); Ele é o Pão da vida que a mesa dos pães da proposição em certo sentido anunciava (João 6:35,58); Ele é também Aquele que intercede por nós e garante que nossas orações cheguem como incenso diante do trono de Deus (Apocalipse 5:8; 8:3).