Quem Foram os Pais da Igreja?

Os Pais da Igreja foram alguns cristãos que escreveram e exerceram liderança na Igreja entre o final do primeiro século e o final do sexto século. Esse período da história da Igreja ficou conhecido como “Cristianismo Patrístico”.

Essa Era Patrística teve início com a redação do último livro do Novo Testamento, o livro do Apocalipse, e a morte do último apóstolo de Jesus, o apóstolo João. Isso significa que naquele período a liderança da Igreja precisou passar por uma transição. Todos os apóstolos de Jesus tinham morrido, mas Deus levantou pastores e mestres para liderar o seu povo.

A palavra “pai” era uma designação comum atribuída pelos crentes àquelas pessoas que ocupam os ofícios de liderança na Igreja. Eram os presbíteros ou bispos da Igreja Antiga. Daí vem a expressão “Pais da Igreja”.

Geralmente os pais da Igreja são classificados em três categorias principais: Pais Apostólicos, Apologistas e Teólogos. Há ainda outras classificações dos Pais da Igreja, como: Pais Gregos, Pais Latinos, Pais do Deserto, etc.

Os Pais Apostólicos

O primeiro grupo de Pais da Igreja era formado pelos Pais Apostólicos. Esses líderes cristãos viveram durante as primeiras gerações do Cristianismo, liderando a Igreja Antiga entre 95 e 150 d.C. Inclusive, de alguma forma esses indivíduos tiveram um contato próximo com os apóstolos.

Entre os principais nomes da liderança da Igreja naquela época, temos:

O grande foco dos ministérios dos Pais Apostólicos era a exortação e a edificação dos cristãos. Por isso seus escritos possuem um caráter mais devocional ao invés de uma reflexão teológica mais analítica e profunda. Em suas obras, os Pais Apostólicos fizeram uso maciço do Antigo Testamento mostrando que a Igreja Cristã era cumprimento dessas Escrituras.

Além disso, eles também fizeram citações dos escritos do Novo Testamento mostrando que já naquele tempo os livros neotestamentários eram recebidos pelos crentes como que possuindo autoridade divina para regular a vida cristã. Outros escritos da época dos Pais Apostólicos são: O Pastor de Hermas e o Didaquê, com autores desconhecidos.

Os Pais Apologistas

O segundo grupo de Pais da Igreja era formado pelos Apologistas. Os Apologistas foram aqueles líderes da Igreja Antiga que tiveram em seus ministérios o grande objetivo de defender a Fé Cristã.

Naquele tempo as verdades bíblicas começaram a ser atacadas ferozmente por heresias que misturavam filosofia grega, judaísmo e formas de paganismo oriental. Esses ataques vinham tanto de fora da Igreja como de dentro da Igreja. Então os Apologistas combateram conceitos errados como o gnosticismo, o maniqueísmo, o neoplatonismo, o marcionismo, o ebionismo, o montanismo, etc.

Portanto, enquanto os primeiros Pais da Igreja, os Pais Apostólicos, produziram materiais focados na vida devocional da Igreja, os Apologistas produziram materiais para preparar os cristãos ao embate da defesa da fé. O período dos Apologistas como Pais da Igreja durou entre 150 e 300 d.C.

Entre os principais Apologistas, temos:

Os Pais Teólogos

Depois que os Apologistas introduziram uma reflexão teológica mais analítica, o terceiro grupo dos Pais da Igreja se ocupou de aprofundar esse assunto sistematizando as doutrinas teológicas.

Então foi com esse grupo de Pais da Igreja que entre 300 e 600 d.C. os cristãos começaram a pensar teologicamente de forma mais sistematizada e com uma análise teológica mais bem definida.

Naquele tempo, ensinos perigosos que atacavam principalmente a divindade de Cristo, a doutrina da salvação e a natureza da Trindade, começaram a ameaçar a Igreja. Mas Deus levantou homens que foram verdadeiros gigantes na exposição da doutrina bíblica correta acerca desses assuntos. Entre esses grandes pensadores cristãos, podemos destacar:

Devemos reconhecer os Pais da Igreja?

Infelizmente muitos cristãos da atualidade desprezam completamente as figuras dos Pais da Igreja. Já outros nem mesmo sabem quem foram esses homens. Os que rejeitam qualquer reconhecimento aos Pais da Igreja, frequentemente alegam que eles eram padres que não fizeram nada de bom para o Cristianismo.

Geralmente esse tipo de posicionamento é derivado do desejo de reprovar qualquer tipo de prática ligada à ortodoxia do catolicismo romano e seus santos. Mas a questão é que isso mostra a completa ignorância dessas pessoas com relação à própria história.

A importância dos Pais da Igreja

Em primeiro lugar, no tempo dos Pais da Igreja a Igreja ainda estava unificada, ou seja, a Reforma ainda não tinha acontecimento. Na verdade, naquele período a Igreja ainda estava sendo estruturada com o aprofundamento de suas principais doutrinas. Portanto, os Pais da Igreja eram as pessoas que Deus levantou para liderar sua Igreja naquele tempo marcado por tantos desafios. Inclusive, alguns deles foram mesmo pessoas que andaram e aprenderam diretamente dos apóstolos de Jesus.

Em segundo lugar, todo cristão verdadeiro jamais negará que a Trindade, a salvação pela graça, a realidade das duas naturezas de Cristo, a pessoalidade do Espírito Santo e a suficiência das Escrituras, são doutrinas centrais para a Fé Cristã. Mas foram exatamente os Pais da Igreja que desenvolveram essas doutrinas a partir da verdade bíblica. Então rejeitar a contribuição desses homens é o mesmo que rejeitar todo o corpo da teologia sistemática que temos hoje.

Em terceiro lugar, os Pais da Igreja não eram perfeitos. As obras que eles produziram também não são infalíveis. Apenas a Bíblia é perfeita, infalível, inerrante e autoritativa. Os Pais da Igreja eram homens como nós, sujeitos às mesmas falhas que nós. Inclusive, alguns de fato chegaram a falhar de forma grave. Mas em sua providência, Deus usou esses homens para instruir o seu povo durante os primeiros séculos da Igreja Cristã; mostrando que realmente o sucesso de sua obra não repousa sobre as habilidades humanas, mas sobre sua graça soberana.

Portanto, se por um lado jamais devemos olhar para os Pais da Igreja com algum tipo de idolatria, por outro lado não podemos nos esquecer de que esses homens piedosos foram levados à morte por sua fé em Cristo; eles dedicaram suas vidas à causa do Evangelho e ao ministério de auxiliar outros cristãos a estarem preparados para responder a qualquer um que lhes pedir a razão da esperança que há neles (1 Pedro 3:15).