Ter paz com Deus significa ter sido reconciliado com Ele por meio da obra redentora de nosso Senhor Jesus Cristo. Na Bíblia muitas passagens tratam acerca do que é ter paz com Deus, mas para estudarmos o assunto de forma bastante objetiva, vamos utilizar o capítulo 5 da Carta de Paulo aos Romanos.
Nesse capítulo o apóstolo tratou especialmente acerca da eficácia da justificação pela fé e dos frutos produzidos por ela. Para tanto, o apóstolo recorre a um paralelo entre Adão e Cristo, entre a condenação e a justificação. Com isso, Paulo conseguiu explicar de forma perfeita o que realmente significa ter paz com Deus.
A paz com Deus foi quebrada
Após o evento conhecido como A Queda da Humanidade, o homem foi separado de Deus, no sentido de que, por causa da desobediência do pecado, a comunhão que antes havia foi quebrada.
Pela desobediência de Adão o pecado entrou no mundo, e, consequentemente, a morte. Com a transgressão de Adão, toda a humanidade caiu em pecado. Isso significa que todos pecaram e assim estão destituídos da glória de Deus (Rm 3:23).
Em outras palavras, o pecado tornou o homem inimigo de Deus (Rm 5:10). Por si só, homem algum busca a Deus, pois todos se extraviaram e se fizeram inúteis (Rm 3:10-12). Esse estado de inimizade obviamente significa que não há paz, pois a justiça e a santidade de Deus exige a punição do pecado do homem.
A paz com Deus é restabelecida
O homem não é capaz de sozinho se reconciliar com Deus. Não há qualquer mérito ou justiça própria que nos credencie a desfrutar da comunhão com nosso Criador. Dessa forma, a paz com Deus só pode ser restabelecida através da obra expiatória de Cristo na cruz.
Isso implica na verdade de que só é possível ter paz com Deus quando se está vestido de justiça pelos méritos de Cristo. Dessa forma, a Palavra de Deus nos ensina que foi o sacrifício de Cristo que trouxe a reconciliação dos redimidos com Deus.
O homem não merecia ter paz com Deus
Já vimos que todos pecaram, e que ninguém poderia ser considerado justo por suas próprias obras perante Deus. A grande verdade é que Cristo morreu por ímpios (Rm 5:6), ou seja, não éramos pessoas dignas que mereciam um ato de compaixão. “Mas Deus prova o seu amor para conosco nisto: que Cristo morreu por nós, quando éramos ainda pecadores” (Rm 5:8).
Isso é o suficiente para entendermos que não merecíamos ter paz com Deus. Ninguém que é detestável merece ter qualquer tipo de benefício, e esse é exatamente o estado em que nos encontrávamos. Mas por sua infinita graça, através da morte de Cristo, Deus amou os detestáveis.
O que é ter paz com Deus?
Como já foi dito, ter paz com Deus é basicamente ter sido reconciliado com Ele por meio da obra de Cristo. Esse estado de reconciliação naturalmente nos conduz a uma condição de pleno contentamento, pois resulta na convicção inabalável de que tudo está bem, e na certeza de que, através de Cristo, nossa condição mudou de culpado para justo, de condenado para justificado, de merecedores do salário do pecado para recebedores do dom gratuito de Deus que é a vida eterna (Rm 6:23).
É claro que essa paz tem origem no próprio Deus, e é uma bênção a qual Cristo concedeu aos redimidos quando removeu o abismo que os separava de Deus. Ter paz com Deus é saber que a ira dele não está mais sobre nós, pois em Cristo somos aceitos.
O apóstolo Paulo escreveu aos cristãos de Roma dizendo: “Tendo sido, pois, justificados pela fé, temos paz com Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo” (Rm 5:1). Existe uma discussão entre os estudiosos se a frase “temos paz com Deus” deve ser entendida no indicativo, “temos”, ou no subjuntivo, “tenhamos”.
Todavia, o contexto do capítulo 5 de Romanos dá maior base para entendermos que o correto é o indicativo, pois o apóstolo está afirmando um fato, isto é, os justificados têm paz com Deus. Isso fica claro quando Paulo escreve no versículo 11 que “recebemos, agora, a reconciliação”, ou seja, já estamos em paz com Deus, e por isso temos acesso à sua presença.
Portanto, nos versículos 1 e 2 do capítulo 5, temos uma contemplação completa dos efeitos da justificação em relação ao passado, presente e futuro. Temos paz com Deus porque já fomos perdoados; agora, no presente, temos acesso pela fé à graça na qual estamos firmes; e, por fim, desfrutamos do privilégio de termos a convicção de que a glória futura está garantida.