Os amonitas eram os descendentes de Ben-Ami, filho de Ló com sua filha mais nova (Gênesis 19:38). O povo amonita era aparentado dos israelitas. Este parentesco se devia ao fato de Ló ser sobrinho de Abraão, o grande patriarca do povo de Israel.
Israel recebeu ordens divinas para tratar os amonitas com misericórdia (Deuteronômio 2:19). Apesar disto, os textos bíblicos revelam que muitas vezes os amonitas foram um problema para os israelitas. Em diversas ocasiões eles aparecem associados a outros povos em oposição ao povo de Deus.
Os amonitas invadiram e ocuparam a território dos zanzumins. Esse território ficava a nordeste de Moabe, localizado entre os rios Arnom e Jaboque (Deuteronômio 2:20-37; 3:11). Os amonitas e os moabitas eram povos irmãos, pois Moabe era o outro filho de Ló. O território dos amonitas era protegido por fortificações.
Os amonitas na Bíblia
Na Bíblia os amonitas são descritos repetidas vezes como inimigos dos israelitas, apesar de seu parentesco. Seguindo as ordens do Senhor, o povo de Israel não lutou contra os amonitas durante o tempo do Êxodo (Deuteronômio 2:19,37; Josué 11:15).
Mas os amonitas, juntamente com os moabitas, demonstraram desprezo pelos israelitas enquanto eles peregrinavam pelo deserto. Parece que eles também estiveram envolvidos no plano de Balaque, rei de Moabe, em associação com os midianitas, para prejudicar Israel. Eles contrataram Balaão para amaldiçoar os israelitas. Por tudo isto, os amonitas foram condenados a não poder entrar na congregação de Israel até a décima geração (Deuteronômio 23:3-6).
No tempo dos juízes de Israel, os amonitas se aliaram aos amalequitas e aos moabitas com o objetivo de subjugar o povo de Israel (Josué 3:13). Essa opressão sobre Israel durou dezoito anos, e chegou ao fim quando Eúde matou Eglom, o rei de Moabe (Juízes 3:15).
Não muito tempo depois, mais uma vez os israelitas pecaram contra Deus. Eles começaram a adorar outros deuses, inclusive as divindades amonitas, e abandonaram o Senhor. Então os amonitas atravessaram o Jordão e invadiram o território dos israelitas, trazendo a eles grande angustia. A opressão estrangeira sobre Israel chegou ao fim quando Deus levantou Jefté como libertador (Juízes 10:6-11:33).
Os amonitas no tempo da monarquia em Israel
Logo depois de ter sido ungido rei de Israel, Saul derrotou e expulsou os amonitas que, sob a liderança de Naás, tinham cercado Jabes-Gileade (1 Samuel 11:1-11; 12:12). Tempos depois, Naás é citado na Bíblia como tendo sido amigo de Davi (2 Samuel 10:1,2). Talvez essa amizade tenha nascido durante o período em que Davi teve de fugir do rei Saul.
Depois da morte de Naás, seu filho Hanum assumiu o poder e rejeitou a bondade do rei Davi. Ele insultou os servos de Davi e ainda por fim declarou guerra aos israelitas recrutando milhares de guerreiros sírios. Contudo, os amonitas foram derrotados quando Davi enviou exércitos contra eles sob a liderança de Joabe e Abisai. Na sequencia os israelitas também capturaram a capital amonita Rabá (1 Samuel 11:1-11; 12:12-31).
Mas parece que alguns amonitas permaneceram amigos do rei Davi. Inclusive um de seus homens valentes chamado Zeleque, era um amonita (2 Samuel 23:37). Quando Davi precisou fugir de Absalão, o outro filho de Naás, Sobi, lhe prestou auxílio (2 Samuel 17:27-29).
O rei Salomão se envolveu com as mulheres amonitas. Uma delas, por nome de Naamah, foi mãe de seu filho Roboão (1 Reis 14:21,31; 2 Crônicas 12-13). Mas o envolvimento de Salomão com as mulheres estrangeiras, incluindo as amonitas, foi desastroso. Para agradá-las, ele acabou adorando a falsos deuses. Entre essas divindades estava Milcom (ou Moloque), o deus nacional dos amonitas (1 Reis 11:1-33). Salomão chegou a construir altares dedicados a esses falsos deuses que foram destruídos somente com as reformas do rei Josias (2 Reis 23:13).
Na época do rei Josafá os amonitas formaram uma coalizão com os moabitas e edomitas para atacar Judá. Todavia, Deus os confundiu, e eles acabaram se destruindo uns aos outros (2 Crônicas 20:1-23).
Tempos depois, os filhos de uma mulher amonita conspiraram a morte de Joás, rei de Judá (2 Crônicas 24:26). Durante os reinados de Uzias e Jotão, os amonitas pagavam tributos a Judá (2 Crônicas 26-27). Os amonitas também estavam entre os invasores estrangeiros de Judá nos dias do rei Jeoaquim (2 Reis 24:1-4). Vários profetas do Senhor profetizaram o juízo divino contra os amonitas (Jeremias 49;1-6; Ezequiel 21:20; 25:1-7; Amós 1:13-15; Sofonias 2:8-11).
Os amonitas no período pós-cativeiro de Israel
Mesmo depois do período do cativeiro babilônico, os amonitas continuaram sendo um problema para os judeus. A contínua oposição amonita fica evidente na tentativa de Sambalate e Tobias em impedir que Neemias reconstruísse os muros de Jerusalém. Tobias naquela época era o governador de Amom (Neemias 2:10,19; 4:3,7).
Ainda na época de Esdras e Neemias, o povo judeu praticou casamentos mistos com mulheres amonitas. Esta prática foi duramente reprovada (Esdras 9:1,2; Neemias 13:1,23-31; Malaquias 2:11-15).
Os amonitas continuaram a existir pelo menos até o segundo século antes de Cristo. Alguns estudiosos acreditam que, inclusive, a casa de Tobias continuou governando Amom durante boa parte desse tempo. Eles aparecem em algumas inscrições desse período e são citados em obras apócrifas. É dito que Judas Macabeu, por exemplo, precisou atacar um forte exército amonita (1 Macabeus 5:6).