Os amorreus eram um povo que habitava as regiões de Cannã. Eles são mencionados na Bíblia desde muito cedo, no período patriarcal. Segundo a lista das nações de Gênesis 10, os amorreus descendiam de Canaã (Gênesis 10:15). Na maioria das vezes os amorreus aparecem aliados a outros povos em oposição aos israelitas (cf. Êxodo 33:2).
Mas a narrativa bíblica do Antigo Testamento também aplica o termo “amorreus” de uma forma genérica. Algumas vezes os amorreus significam todos os povos pagãos que habitavam a Palestina em geral (Gênesis 15:16; Josué 10:5; 24:25). Outras vezes, o mesmo termo se refere especificamente ao povo das regiões montanhosas da Palestina (Números 13:29; Josué 5:1).
Estudiosos acreditam que num período muito recuado, os amorreus eram contados entre os povos nômades semitas. Seja como for, os amorreus se espalharam por toda região montanhosa que circunda o Jordão.
Entre o terceiro e o segundo milênio antes de Cristo, os amorreus acabaram entrando no sul da Babilônia. Ali eles fundaram uma poderosa dinastia e passaram a dominar várias vilas, cidades e centros importantes. Nesse período, Hamurábi foi o rei amorreu mais poderoso.
Os amorreus na Bíblia
Conforme já foi explicado, os amorreus eram um povo descendente de Canaã, o neto de Noé que foi amaldiçoado por ele por conta de seu comportamento pecaminoso (Gênesis 9:25). Nos dias de Abraão, alguns amorreus que habitavam na área de Hebrom eram seus aliados (Gênesis 14:13).
No período do êxodo de Israel, os amorreus estavam entre os povos que Deus prometeu entregar nas mãos dos israelitas em conexão com a conquista da Terra Prometida (Êxodo 33:2). Naquele tempo os amorreus dominavam boa parte da Transjordânia (Josué 12:1-6). Havia, principalmente, um grupo de amorreus que habitava ao norte dos rios Arnom e Jaboque.
Moisés solicitou ao rei amorreu Seom, de Hesbom, que deixasse os israelitas cruzarem seu território. Porém o rei amorreu se recusou a conceder a permissão, e ainda juntou seu exército para fazer guerra contra os israelitas. Então os amorreus foram derrotados pelo povo de Israel, que tomou posse de toda sua terra (Números 21:21-26).
Na sequência, Ogue, rei de Basã, também designado como amorreu, igualmente acabou derrotado pelos israelitas (Números 21:31-35). Tais feitos foram muito importantes para a história do povo de Israel. Por isto foram lembrados muito tempo depois (cf. Amós 2:9; Salmos 135:11; 136:19).
Na época em que Israel invadiu Canaã sob a liderança de Josué, uma confederação de cinco reis amorreus lutou contra o exército israelita perto de Gibeão (Josué 10). É possível que nessa passagem o termo amorreu tenha sido aplicado de modo mais amplo.
O fim dos amorreus
Quando os israelitas se estabeleceram na Terra Prometida, os amorreus e outros remanescentes de povos estrangeiros foram submetidos à servidão (cf. 1 Reis 9:20,21). Com o tempo eles foram sendo gradualmente absorvidos e incorporados por outros povos e pelos próprios israelitas. Essa mistura, principalmente trazendo reflexos de idolatria entre os israelitas, foi severamente denunciada e lembrada desde a época de Josué até o período pós-exílio no tempo de Esdras (cf. Josué 24:15; 1 Reis 21:26; 2 Reis 21:11; Esdras 9:1-3).
Ao profetizar contra a infidelidade de Jerusalém, o profeta Ezequiel relembrou a origem pagã daquela cidade, dizendo que seu nascimento se devia a união entre os amorreus e os heteus, que estavam entre os primeiros habitantes daquela região. Na mesma profecia o profeta indicou a depravação moral característica entre os amorreus (Ezequiel 16:3,45). Nesse tempo os amorreus já tinham desaparecido como um povo específico da Palestina.