Ciro foi o rei da Pérsia que governou aproximadamente entre 559 e 530 a.C. A história do rei Ciro ficou conhecida na Bíblia por ele ter sido o instrumento que Deus usou para libertar o povo judeu do cativeiro babilônico. Por esse motivo seu reinado foi profetizado muito antes pelo profeta Isaías.
Na história, Ciro é conhecido como Ciro, o Grande, e como Ciro II. Então é importante não confundi-lo com Ciro I que reinou na região da Pérsia antes dele. Na verdade Ciro I foi o pai de Cambises I e, portanto, avô de Ciro II.
A história do rei Ciro
A biografia de Ciro é amplamente referenciada em fontes históricas. Mas ainda assim é bem difícil saber certos detalhes de sua via. Isso porque a história de Ciro é cercada por lendas. O que de fato se sabe é que ele era descendente de Teipes de Ansã e filho de Cambises I. O rei Ciro foi o fundador do Império Persa.
De acordo com Heródoto – historiador grego que viveu a cerca de um século da época de Ciro – a mãe do rei persa foi Mandane, filha de Astíages, rei da Média. Inclusive, Heródoto conta uma história curiosa sobre o início da vida de Ciro. Ele diz que o rei da Média concedeu sua filha como esposa a Cambises para evitar supostos futuros conflitos pelo trono da Média, já que Cambises era um governante persa.
Ainda de acordo com Heródoto, Astíages teve um sonho, que ele considerou ter implicações proféticas, que o motivou a destruir a descendência masculina do casamento entre Cambises e Mandane. Então nesse contexto o pequeno Ciro foi salvo e educado por um pastor, até que suas qualidades extraordinárias chamaram a atenção a ponto de ele ser descoberto e ter de retornar à sua família.
Mas não é possível afirmar com exatidão se de fato esse relato é verdadeiro. Apesar de Heródoto ter vivido pouco tempo depois de Ciro, sua narrativa pode ter sido fortemente influenciada pelas lendas envolvendo o imperador persa.
Inclusive, Ctésias, outro historiador grego que viveu na corte persa pouco depois, afirma que na verdade a relação entre Ciro e Astíages se dava pelo casamento de Ciro com Amitis, supostamente filha de Astíages. Mas outros historiadores dizem que é possível que Amitis fosse neta de Astíages. Seja como for, isso revela que de fato a história de Ciro é cercada de mistérios e fábulas.
O reinado de Ciro
Ciro ascendeu ao poder de forma surpreendente apoiado por partidários persas e medos. Naquele tempo a Média era regida de forma tirana por Astíages. Primeiro, Ciro começou a governar em Ansã após o falecimento de seu pai, e rapidamente seu governo se estendeu pela Pérsia.
Então quase dez anos depois, por volta de 550 a.C., Ciro derrotou Astíages e assumiu o trono da média dando início ao grande Império Persa. Algo que contribui muito para sua ascensão foi o fato de ter havido uma grande deserção do exército de Astíages da Média.
Depois disso o rei Ciro começou sua campanha de expansão do império, capturando várias cidades. Um dos embates mais notáveis durante o reinado de Ciro foi entre ele e Croesus, o rei de Lídia na Ásia Menor. Croesus pensou que poderia derrotar Ciro e fez uma série de alianças com o objetivo de tomar territórios medo-persas, mas acabou sendo subjugado por Ciro.
Por volta de 549 a.C. Ciro avançou pela Assíria. Mas sem dúvida o grande acontecimento do reinado de Ciro foi sua estratégica conquista da Babilônia.
A conquista da Babilônia por Ciro
Naquele tempo o rei Nabucodonosor já havia morrido, e a Babilônia era governada por Nabonido e Belsazar – a que tudo indica num regime de co-regência.
Babilônia era uma cidade muito fortificada, com muralhas intransponíveis. A Babilônia era tão rica e fértil – com o rio Eufrates passando por dentro da cidade – que poderia produzir alimentos internamente, tornando qualquer sítio da cidade algo praticamente inútil. Mas de forma muito inteligente Ciro conseguiu conquistar a cidade sem sofrer qualquer resistência.
Os estudiosos dizem que o rei Ciro posicionou seu exército tanto na entrada como na saída do rio que atravessava a cidade. Seus homens conseguiram desviar o curso do rio possibilitando que os soldados medo-persas entrassem na Babilônia com o leito do rio praticamente seco.
Então enquanto os babilônios davam uma festa, o exército medo-persa marchava silenciosamente pela cidade. Assim, em outubro de 539 a.C., a Babilônia caiu perante o exército persa liderado pelo general Gobryas.
Aqui vale lembrar que a queda da Babilônia foi avisada por Deus. Inclusive, a Bíblia diz que durante a noite em que a Babilônia foi conquistada, a festa blasfema de Belsazar foi interrompida quando apareceram dedos de uma mão que escreveram na parede a misteriosa inscrição: “Mene, Mene, Tequel e Parsim”.
Coube ao profeta Daniel esclarecer o significado da mensagem divina que basicamente dizia: “Contou Deus o teu reino, e o acabou. Pesado foste na balança, e foste achado em falta. Dividido foi o teu reino, e dado aos medos e aos persas” (Daniel 5:25-28). Naquela mesma noite Belsazar foi morto e a o governo da cidade da Babilônia foi ocupado por Dario, o medo.
Os estudiosos se dividem a respeito da identidade de Dario. Alguns acreditam que Dario era um nome alternativo para Ciro, enquanto outros acreditam que Dario era uma pessoa de confiança de Ciro que foi colocado por ele como governante da cidade.
Os babilônios não apresentaram qualquer resistência contra a ofensiva medo-persa, talvez porque eles julgaram mais prudente garantir a paz do que defender o governo decadente de Nabonido e Belsazar.
O rei Ciro e a libertação dos judeus
Ciro é chamado no livro do profeta Isaías de “servo de Deus”. Isso porque ele foi o instrumento que Deus levantou para colocar fim ao período de exílio dos judeus na Babilônia (cf. Isaías 44:28; 45:1; etc.). Ele foi um tipo de Messias que trouxe libertação ao povo judeu. Por isso ele também é chamado por Deus de “seu ungido”, e a Bíblia deixa claro que todo o poder alcançado por Ciro foi concedido por Deus (Isaías 45:1).
O livro de Esdras registra que durante o primeiro ano do reinado de Ciro após tomar a Babilônia, ele emitiu um decreto que permitiu o retorno dos judeus à cidade de Jerusalém para reconstruir o templo (Esdras 1).
Apesar de o rei Ciro ser descrito em documentos históricos como um governante carismático que permitiu que exilados de várias nacionalidades retornassem a suas pátrias, a Bíblia enfatiza que a atitude de Ciro se deu em cumprimento das profecias bíblicas. Inclusive o livro de Esdras registra que foi o Senhor quem despertou o espírito de Ciro para que ele fizesse tais coisas (Esdras 1:1).
Assim como Deus havia usado o rei Nabucodonosor para ser o seu instrumento de juízo sobre o povo rebelde, Ele também usou Ciro para seu o seu instrumento de livramento para o remanescente. Em ambos os casos o que fica claro é o governo soberano de Deus conduzindo a história. Conforme escreveu o profeta Daniel, Deus é Aquele que “muda os tempos e as horas; Ele remove os reis e estabelece os reis” (Daniel 2:21).
Também é amplamente aceito pelos estudiosos que Ciro é diretamente referenciado na visão do profeta Daniel sobre um carneiro que tinha dois chifres altos, embora um dos chifres fosse bem mais alto que outro. Essa visão retratava o Império Medo-Persa, e o chifre que cresceu mais que o outro dizia respeito à superioridade persa sob o comando de Ciro. O profeta Daniel teve essa visão no terceiro ano do reinado de Belsazar (Daniel 8:1).
Sobre a morte de Ciro, há poucas informações disponíveis, mas acredita-se que ele acabou morrendo numa batalha. Ele reinou por vinte e nove anos e foi sucedido por seu filho Cambises II em 530 a.C., que parece ter sido seu co-regente antes disso.