Hulda foi uma profetisa, mulher de Salum, filho de Ticvá e neto de Harás. Apesar de não ser tão conhecida entre os cristãos como Débora, Miriã e algumas outras mulheres citadas na Bíblia, Hulda teve uma importante participação em determina ocasião durante o reinado do rei Josias. Neste texto, conheceremos mais sobre quem foi Hulda.
A história da profetisa Hulda
A profetisa Hulda é mencionada em dois livros do Antigo Testamento que relatam o reinado do rei Josias, 2Reis 22:14 e 2 Crônicas 34:22. Como já dissemos, Hulda era esposa de Salum, um homem ilustre e de família nobre, responsável pela guarda das roupas, ou do Templo (manutenção das vestes sacerdotais) ou da corte de Josias (alfaiate das vestes reais). Não é possível determinar com exatidão qual das duas opções é a correta.
Nada se sabe sobre a biografia de Hulda além do que é mencionado muito brevemente nessas passagens. Somos informados ainda que ela morava na cidade baixa de Jerusalém. A localização exata desse lugar é incerta, porém é bem provável que seja o segundo quadrante de Jerusalém (cf. Sf 1:10; Ne 11:9), isto é, a segunda fileira de edifícios a partir do palácio real.
Entre os judeus há uma tradição de que Hulda profetizava entre as mulheres, as senhoras da corte, porém a Bíblia não menciona nada acerca disso. O que está certo é que Hulda foi contemporânea dos profetas Jeremias e Sofonias.
Alguns intérpretes sugerem a possibilidade do marido de Hulda, Salum, ter sido o tio de Jeremias. A Bíblia cita cerca de 12 a 15 pessoas com este nome no Antigo Testamento, sendo o tio do profeta Jeremias uma delas, entretanto é impossível determinar ao certo se realmente se tratava do marido de Hulda (cf. 32:7; 35:4; 52:24).
A profecia de Hulda
Hulda aparece na narrativa sendo consultada pelo sacerdote Hilquias, pelo escriba Safã, Aicão, Acbor e Asaías, homens a favor de Josias, que se preocupou após a leitura do Livro da Lei descoberto na Casa do Senhor.
Josias havia introduzido reformas religiosas, e estava empenhado na restauração do Templo. Josias de certa forma sabia da situação lastimável de idolatria que havia tomado o povo. Entretanto, o rei teve a real noção de quão grave era a situação quando ouviu a leitura do Livro da Lei encontrado no Templo.
Ao ouvir as palavras do Livro, Josias temeu a ira do Senhor, pois teve consciência do estado de desobediência em que o povo havia andado desde os seus antepassados (2Rs 22:11-23:3). O rei rasgou suas vestes e prontamente ordenou que o Senhor fosse consultado.
A ordem de consultar o Senhor, naquele contexto significava pedir um parecer profético sobre aquela situação. Josias decidiu consultar um profeta, pois sabia que a nação merecia ser acometida por maldições divinas, porém ele não sabia exatamente como essas maldições se aplicavam naquela situação especifica. Para que pudesse entender perfeitamente a situação, ele precisava de um oráculo profético.
É nesse contexto que Hulda é consultada. Perceba que tal como Débora, Hulda foi procurada por aqueles homens, na ocasião, enviados por Josias. Isso significa que, diferente dos homens ordenados por Deus como profetas diante do povo no Antigo Testamento, não há registro bíblico dessas mulheres profetizando publicamente perante a nação, isto é, reunindo o povo para dizer: “Assim diz o Senhor”. Essas mulheres proclamaram a mensagem divina em particular, de modo que as pessoas foram até elas.
Outro ponto que certamente merece destaque é o fato de Hulda ter sido a pessoa procurada, mesmo tendo grandes profetas como Jeremias e Sofonias vivendo em seu tempo. Alguns estudiosos sugerem que isso aconteceu provavelmente devido ao espaço que seu marido, e talvez até ela própria, tinha no palácio.
Isso pode até fazer sentido, porém nada supera a verdade de que, sobretudo, foi ela a pessoa escolhida por Deus soberanamente para proclamar a sua vontade naquela ocasião. A resposta do Senhor pela boca de Hulda (2Cr 34:23-28), basicamente se divide duas partes.
Na primeira parte há duas sentenças. A primeira sentença consiste no aviso de que Deus traria o mal sobre aquele lugar, e sobre os seus habitantes. O próprio cronista explica que o mal se refere as “maldições que estão escritas no livro que se leu perante o rei de Judá” (2Cr 34:24).
O texto prossegue mostrando as acusações contra aquele povo: “porque me deixaram, e queimaram incenso perante outros deuses, para me provocarem à ira com todas as obras das suas mãos”. Então, temos o registro da segunda sentença: “portanto o meu furor se derramou sobre este lugar, e não se apagará” (2Cr 34:25).
Apesar dessa predição terrível contra Jerusalém e Judá, a segunda parte da profecia oferece certo alívio ao rei Josias (2Cr 34:26-28). Trata-se de um oráculo de livramento, onde basicamente foi garantido a Josias que, devido ao seu arrependimento sincero e preocupação com a situação da nação perante os mandamentos do Senhor, ele não testemunharia o juízo sobre Judá e a destruição de Jerusalém durante os seus dias, ou seja, o juízo contra aquele povo não seria revertido, mas adiado para uma geração futura.
Assim que aqueles homens trouxeram as palavras do Senhor ditas por intermédio de Hulda, Josias determinou renovar a aliança com o Senhor (2Cr 34:29-33).
Quando estudamos sobre quem foi Hulda, certamente percebemos que ela foi uma mulher usada por Deus para desempenhar um importante papel diante daquela situação. Ela transmitiu não sua opinião própria, nem qualquer tipo de especulação, mas a mensagem do Senhor.