Jesus disse: “Vós sois o sal da terra” e “Vós sois a luz do mundo” (Mateus 5:13,14). O ensino bíblico de que os seguidores de Cristo são sal da terra e luz do mundo significa que os cristãos são agentes que promovem a verdade do reino de Deus neste mundo.
O sal tem a função de preservar e dar sabor ao alimento. A luz, por sua vez, tem a função de iluminar as trevas. É interessante notar que Jesus não coloca o cristão como sendo o sal da terra e a luz do mundo de forma condicional. Ele não diz: “vocês serão sal da terra e luz do mundo”; ou “vocês devem ser sal da terra e luz do mundo”; mas Ele diz “vós sois salvo da terra e luz do mundo”.
Isso significa que todo aquele que verdadeiramente é nascido de Deus, necessariamente é sal da terra e luz do mundo. Se alguém se diz cristão, mas sua vida não revela que ele é sal da terra e luz do mundo, então há algo de muito errado nisso. Vejamos melhor neste estudo bíblico as implicações de ser sal da terra e luz do mundo.
Vós sois sal da terra
Vós sois o sal da terra; e se o sal for insípido, com que se há de salgar? Para nada mais presta senão para se lançar fora, e ser pisado pelos homens.
(Mateus 5:13)
Sabemos que o sal possui muitas características. Mas certamente ao dizer “vós sois o sal da terra” Jesus explora suas duas principais características. São elas: sabor e antisséptico.
Uma das funções mais importantes do sal nos dias de Jesus era justamente o poder de preservar os alimentos. O sal era a melhor solução para impedir a deterioração dos alimentos. Além disso, ele também servia como tempero.
Mas qual é realmente o objetivo de Jesus ao dizer que seus seguidores são o sal da terra?
Assim como o sal que possui a função de preservação, os cristãos verdadeiros devem estar constantemente combatendo a corrupção moral e espiritual da sociedade. De certa maneira o sal age secretamente, no sentido de que não podemos ver como sua ação preservativa age especificamente. Na maioria das vezes também não podemos distinguir pelo olhar um alimento que foi temperado com sal. Mas facilmente podemos senti-lo.
Assim também acontece com a presença da Igreja neste mundo. Muitas vezes parece que a ação dos cidadãos do Reino de Deus no mundo é nula ou quase invisível. Porém, somente Deus é quem sabe o quão mais perverso e depravado seria este mundo ímpio sem a presença, o exemplo e as orações dos santos que são sal da terra.
O sal da terra não pode ser insípido
Mas Jesus também deixa claro que se o sal se tornar insípido, ou seja, sem sabor, para nada servirá. Não temos muita familiaridade com essa observação, pois estamos acostumados a comprar o sal já selecionado. Mas nos dias de Jesus isso acontecia muito. O sal era retirado principalmente da região do Mar Morto. Porém havia alguns pântanos e lagoas naquela região que, pelo contato com o cálcio e outras substâncias, o sal retirado desses locais adquiria um sabor alcalino, tornando-o inútil. Sim, o sal insípido jamais poderia ser restaurado.
Naquela época havia muitos fariseus que se orgulhavam de sua religiosidade e legalismo. Mas nada disso tinha qualquer coisa a ver com a verdadeira essência das Escrituras anunciadas pelos antigos profetas. Esses religiosos tinham se misturado, perdido o sabor e não serviam para mais nada, a não ser para serem lançados fora (Mateus 8:12).
Este é um alerta importante e ao mesmo tempo aterrorizante. Que Deus possa nos guardar do farisaísmo e da religiosidade adultera que têm tomado conta de muitos que se dizem cristãos. Eles pensam que são sal da terra, mas não passam de uma mistura monótona e sem sabor. Nas palavras de Jesus, só há duas possibilidades: ou você é sal da terra ou é sal insípido.
Vós sois a luz do mundo
Vocês são a luz do mundo. Não se pode esconder uma cidade construída sobre um monte.
(Mateus 5:14)
A luz na Bíblia Sagrada aparece em diversas aplicações. De forma geral ela indica o genuíno conhecimento de Deus, a verdadeira felicidade, a justiça, a bondade, as bênçãos da salvação, o deleite etc. (cf. Salmos 27:1; 36:9; 97:11; Isaías 9:1-7; 60:19; Mateus 6:22,23; Lucas 1:77-79; Efésios 5:8,9).
A Bíblia declara que Deus é luz (1 João 1:5). Cristo é a manifestação plena dessa luz (João 1:4,5; 8:12; 9:5; Atos 26:13). Por isso o próprio Jesus se apresenta dizendo: “Eu sou a luz do mundo” (João 8:12). Contudo, a luz de Deus manifestada em Cristo é também refletida nos redimidos, tanto coletivamente como Igreja quanto individualmente. Daí vem a declaração de Mateus 5:14: “Vós sois a luz do mundo”.
Isso significa que os cristãos não são luz em si mesmos. Na verdade eles são luz no Senhor (Efésios 5:8). Eles não são a fonte da luz, mas são transmissores da luz. Quando Cristo declarou ser a luz do mundo, Ele mesmo explicou: “Quem me segue, nunca andará em trevas, mas terá a luz da vida” (João 8:12). Perceba que Ele diz que seus seguidores recebem a luz.
Então se Jesus Cristo é a verdadeira luz do mundo, os cristãos são também a luz do mundo por causa de sua conexão com Ele. Enquanto Cristo é a luz do mundo original, os crentes são a luz do mundo num sentido derivado. Um exemplo disso é a relação entre o sol e a lua. O sol é quem possui a luz, mas a lua brilha porque reflete a luz do sol. Os cristãos são luz porque refletem a verdadeira Luz do mundo.
Então ao dizer aos seus seguidores “vós sois a luz do mundo”, Jesus ensina que os cristãos são o instrumento que Deus usa para propagar a luz da salvação em Cristo diante do mundo que está em trevas.
A luz não pode ser escondida
Jesus não apenas diz aos crentes “vós sois a luz do mundo”. Ele também diz que a luz que eles receberam deve brilhar diante dos homens. Isso é inevitável na vida do verdadeiro cristão, da mesma forma com que é inevitável que uma cidade construída sobre uma colina seja visível a todos. Além disso, Jesus também diz que não faz sentido alguém ascender uma lâmpada e deixá-la escondida (Mateus 5:14,15).
Portanto, assim como a função de uma lâmpada acessa numa casa é a de iluminar todo o ambiente, a função do cristão como luz do mundo é brilhar essa luz diante dos homens para que eles vejam suas boas obras. Mas neste ponto há uma verdade fundamental que deve ser compreendida. As boas obras daqueles que são luz do mundo e que devem ser vistas pelos homens, jamais podem significar honra e glória para si mesmos.
Como já foi dito, o verdadeiro Cristão entende que sem Cristo ele não pode brilhar. Então ele não tem dificuldade em compreender que a finalidade dessas boas obras é trazer glória a Deus. Por isso Jesus diz: “Brilhe a luz de vocês diante dos homens, para vejam as suas boas obras e glorifiquem a seu Pai que está no céu” (Mateus 5:16).
Aqui fica o exemplo do profeta João Batista. O próprio Jesus testificou dele dizendo que João foi o maior homem nascido de mulher. Mas João Batista sabia que ele não era a luz, mas que havia sido chamado para testificar da verdadeira luz (João 1:8,9). Por isso ele não tinha dificuldade em dizer: “É necessário que Ele cresça e que eu diminua” (João 3:30).
Sal e luz
Quando Jesus diz que seus seguidores são o sal da terra e a luz do mundo, Ele indica qual deve ser a posição dos cristãos diante do mundo. Em primeiro lugar, Ele diz que os cristãos, como sal da terra e luz do mundo, são completamente diferentes desse mundo. Eles são o sal que tem sabor, e não o sal insípido. Eles são o sal da terra que jamais se conforma com o padrão deste mundo. Eles são a luz que se distingue das trevas.
Em segundo lugar, ao dizer “vós sois o sal da terra” e “vós sois a luz do mundo”, Jesus também indica o quão relacionados com o mundo seus seguidores estão. Eles são o sal da terra que combate a deterioração deste mundo pelo poder do Espírito Santo. Como luz do mundo, eles promovem a bondade, a paz e a verdade do Evangelho.
Comentado sobre o que significa ser sal da terra e luz do mundo, W. Hendriksen percebe algo muito interessante. Ele diz que o mundanismo é condenado por Jesus ao dizer que os crentes são o sal da terra e a luz do mundo. No entanto, a indiferença e o isolacionismo são igualmente condenados pelo Senhor. O sal deve ser colocado no alimento, e a luz deve brilhar na escuridão ao invés de ficar encoberta.
Ele também conclui dizendo que existem muitas pessoas que nunca abriram a Bíblia para ler, mas estão constantemente lendo as nossas vidas. Se nossos exemplos não refletirem um ser regenerado, então para nada servirá as nossas palavras.
Apropriadamente D. L. Moddy também diz que alguém pode pregar com a eloquência do anjo Gabriel, mas se essa pessoa vive como um demônio, sua pregação não servirá para nada. Lembre-se: somos o sal da terra e a luz do mundo! Esta não é só mais uma frase de efeito, mas é uma exortação à responsabilidade da vida cristã.