Do começo ao fim a Bíblia fala sobre a necessidade de vivermos em santidade ao Senhor. Através de sua Palavra, Deus revela ao homem qual é o padrão de vida que o agrada. A santidade é um dos atributos de Deus. Isso significa que a fonte da santidade está no Deus que é santo.
A santidade de Deus fala de sua perfeição moral e sua grandeza transcendente. Nesse sentido, ninguém é como Ele. Por isto lemos a declaração bíblica: “Porque só tu [Senhor] és santo” (Apocalipse 15:4). Até mesmo suas criaturas que nunca pecaram, como os serafins, por exemplo, se prostram diante dele e o adoram por sua santidade. Eles exclamam: “Santo, Santo, Santo é o Senhor dos Exércitos” (Isaías 6:3). Sob esse aspecto, a santidade de Deus é singular e inigualável.
Mas a santidade é um de seus atributos comunicáveis, e isto implica na verdade de que o Senhor compartilha desse atributo moral com o homem, a fim de capacitá-lo a viver de uma maneira santa, de acordo com a sua vontade. Então nesse sentido, o homem pode ser santo de forma semelhante a como Deus é santo. Daí vem a ordem: “Sejam santos, porque eu, o Senhor, o Deus de vocês, sou santo” (Levítico 19:2).
A exigência de uma vida de santidade ao Senhor
Uma vida de obediência e santidade ao Senhor é exigida do ser humano desde o primeiro casal. Adão e Eva foram chamados a viver de acordo com os mandamentos divinos. Apesar de Deus ter criado eles moralmente puros, com tudo o que era necessário para cumprir sua ordem, eles fizeram uso de sua liberdade e caíram na armadilha do tentador (Gênesis 3).
A partir dali o pecado entrou na humanidade, contaminando e culpando a todos. Depois da Queda do Homem, nenhuma pessoa mais poderia ser pura ou mesmo neutra moralmente. Todos nasceriam com sua natureza corrompida pelo pecado e inclinada a transgredir a Lei de Deus. Isso explica por que uma vida de santidade ao Senhor não é uma aptidão natural da própria capacidade humana.
Depois da Queda Deus continuou alertando o homem a viver em santidade. Caim foi aconselhado a se apartar da iniquidade e viver uma vida de santidade ao Senhor. Mas sua própria natureza comprovou a verdadeira inclinação de seu coração. Ele rejeitou a exortação divina e se tornou o assassino do próprio irmão (Gênesis 4).
O tempo passou e a humanidade foi se distanciando cada vez mais de um padrão de vida de santidade ao Senhor. A depravação humana chegou a um nível tão grande, que Deus precisou mandar seu juízo sobre a terra através das águas do Dilúvio. Antes, porém, Deus levantou Noé para pregar a justiça e o arrependimento, mas ninguém o ouviu (Gênesis 6; 2 Pedro 2:5). Pela natureza humana, uma vida de pecado parece ser muito mais prazerosa do que uma vida de santidade ao Senhor.
Um povo separado para viver em santidade ao Senhor
Mais tarde Deus escolheu Abraão, um homem natural da cidade Ur dos Caldeus na Mesopotâmia, para dar origem a uma nação que deveria ser marcada por uma vida de santidade ao Senhor. Deus fez uma aliança com Abraão, e à sua descendência Ele confiou sua revelação especial.
Deus ensinou a nação de Israel sobre como ela deveria viver de forma separada das práticas pecaminosas e consagrada ao serviço do Senhor. Através de Moisés, Deus codificou suas ordenanças de forma detalhada e regulamentou a adoração em Israel. Ele estabeleceu o sacerdócio levítico para cuidar do serviço religioso na nação e servir como guardião do culto da Antiga Aliança.
O próprio sacerdócio deveria ser uma grande expressão acerca do que é uma vida de santidade ao Senhor. Os sacerdotes receberam de Deus uma série de restrições a fim de preservar a santidade do ministério para a qual foram chamados.
Os sacerdotes deveriam refletir uma vida de santidade ao Senhor tanto exteriormente quanto interiormente. Não é a toa que havia na mitra do sumo sacerdote uma lâmina de ouro com a inscrição: “Santidade ao Senhor” (Êxodo 28:36). Essa lâmina identificava o sumo sacerdote como alguém separado ao Senhor para servir como representante religioso de Israel.
O sumo sacerdote tinha a responsabilidade de uma vez por ano oferecer sacrifícios expiatórios pelo pecado de todo o povo, incluindo o seu próprio pecado; e entrar no lugar mais reservado do Tabernáculo onde ficava a Arca da Aliança; a representação máxima da presença de Deus habitando no meio de seu povo.
É verdade que em muitos aspectos o povo de Israel falhou em viver uma vida de santidade ao Senhor. A apostasia dos israelitas foi vividamente denunciada pelo ministério dos profetas, e sua idolatria foi vista como um adultério diante de Deus. Até mesmo os sacerdotes que deveriam refletir claramente o padrão de santidade ao Senhor, acabaram se corrompendo.
O cristão e uma vida de santidade ao Senhor
Mas o propósito de Deus jamais foi frustrado. As promessas acerca de um povo santo, uma nação de reis e sacerdotes, separada e consagrada para o serviço ao Senhor, se cumprem na Igreja através de Cristo. Por isto o apóstolo Pedro escreve: “Mas vós sois a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido; para que anuncieis as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz” (1 Pedro 2:9).
O mesmo apóstolo também relembra a ordem dada no Antigo Testamento acerca da exigência de uma vida de santidade ao Senhor. Ele escreve: “Mas, assim como é santo aquele que os chamou, sejam santos vocês também em tudo o que fizerem; pois está escrito: Sejam santos, porque eu sou santo” (1 Pedro 1:15,16).
Portanto, o chamado a uma vida de santidade ao Senhor é feito com a mesma frequência no Antigo e no Novo Testamento (cf. Levítico 11:44,45; 19:2; Deuteronômio 30:1-10; Mateus 5:48; Efésios 4:17-5:14; 1 Pedro 1:13-22).
Os redimidos são santos porque foram separados para Deus através de Cristo. Essa santidade flui da cruz de Cristo porque ali Deus os comprou e os tomou para si. Cristo é o perfeito e eterno Sumo Sacerdote que concede ao seu povo livre acesso ao trono da graça de Deus no santuário celestial.
Mas se por um lado o cristão está completamente santificado, por outro ele deve viver uma vida de santidade ao Senhor num processo continuo e progressivo. Esse processo de santificação só encontrará seu cumprimento pleno na glorificação por ocasião da volta de Cristo.
Essa santificação flui da obra do Espírito Santo no cristão. Como ninguém é santo por si mesmo, é o Espírito Santo que provê o poder necessário para que o cristão possa obedecer ao chamado de uma vida de santidade ao Senhor, e vencer os conflitos interiores que marcam sua vida terrena (cf. Romanos 8:13; Gálatas 5; Filipenses 2:12,13). Saiba mais sobre o que é a santificação.