Qual é a Origem e o Significado da Cruz?

De forma geral, o significado da cruz fala de morte. Durante todo período em que a cruz foi utilizada como forma de execução, ela sempre foi identificada como um símbolo de condenação pela maior culpa que deveria ser punida com a pena capital. Sob esse aspecto, o significado da cruz também deixa claro a ideia de maldição.

Para os cristãos, a figura da cruz também implica nessa mesma ideia, mas seu significado não se resume apenas a uma forma antiga e cruel de execução. A cruz foi o instrumento pela qual o Filho de Deus foi sacrificado para expiar o pecado de seu povo.

Na cruz, Jesus Cristo se fez maldito ao tomar sobre si a iniquidade daqueles que mereciam a morte. Ele recebeu o castigo da ira divina e morreu em lugar de pecadores. Por isto para os seguidores de Cristo o significado da cruz fala principalmente de redenção.

O que é uma cruz? Quais os tipos de cruzes?

A forma mais conhecida de cruz é aquela que possui uma viga horizontal fixada próxima ao topo. Esse tipo de cruz é chamado de cruz latina, crux immissa. Embora a Bíblia Sagrada não diga explicitamente, a tradição cristã desde muito cedo testemunha que Jesus foi crucificado numa cruz assim.

A informação bíblica de que uma placa foi colocada sobre sua cabeça também parece indicar isto (Mateus 27:37). Acredita-se que essa também era a forma principal de cruz utilizada pelos romanos em suas execuções.

Outro tipo de cruz é a cruz simples, crux simplex. Trata-se de um tipo de estaca única, ou seja, um pilar vertical. Há também a cruz em que o pilar horizontal é colocado no topo do pilar vertical formando um “T”. Essa forma de cruz é chamada de crux commissa, conhecida popularmente como cruz de Santo Antônio.

Outro tipo é a cruz em forma de “X” chamada de crux decusata, conhecida como cruz de Santo André. Uma tradição que não conta com evidências, afirma que o apóstolo André teria morrido nesse tipo de cruz. Por último há também a cruz que é formada por duas traves de madeira de mesmo comprimento.

A origem da cruz como forma de execução

A cruz sem dúvida foi o instrumento de execução mais cruel utilizado pelo homem de forma legalizada. Estudiosos concordam que a execução por crucificação era a mais vergonhosa e terrível que alguém poderia ser submetido. O costume de utilizar cruzes em execuções é bastante antigo, e acredita-se que teve sua origem na Pérsia e foi emprestado aos gregos e romanos.

Eram condenados à morte de cruz os escravos e os piores criminosos da época, principalmente aqueles que eram culpados de incitar a revolta contra o Estado. Em Roma, pelo menos oficialmente, era proibido executar cidadãos romanos através da cruz.

Antes de ser crucificado, o condenado era espancado ou violentamente açoitado. No caso dos açoites, isto era feito com um chicote que geralmente possuía peças de chumbo e pedaços pontiagudos de ossos em suas pontas. Depois de ser torturada, a vítima, despida de seus trajes principais, era forçada a carregar sua própria cruz.

No local da execução, o condenado era lançado ao chão e tinha seus braços esticados sobre a viga horizontal. Então os carrascos pregavam suas mãos usando pregos suficientemente grandes para atravessar o braço e a madeira. A maioria dos estudiosos acredita que esse prego era fincado na altura do pulso da pessoa, rompendo o nervo mediano.

Os pés do condenado também eram pregados sobre um tipo de degrau. Talvez o enorme prego fosse colocado numa posição diagonal que transpassava do segundo metatarso até atingir o calcanhar. A morte através da cruz era muito lenta e dolorosa, podendo chegar a dias, e acontecia por asfixia. Durante a crucificação a pessoa sentia fortes dores de cabeça e uma sede intensa.

No caso dos judeus, um condenado não poderia atravessar o período de um dia para outro crucificado (cf. Deuteronômio 21:23). Então era solicitado que suas pernas fossem quebradas (cf. Deuteronômio 21:23). Sem a sustentação das pernas, a asfixia ocorria mais rapidamente. Jesus não precisou passar por isto, pois ao fim do dia Ele já havia morrido.

O significado da cruz na Bíblia

A cruz aparece somente no Novo Testamento. No Antigo Testamento nenhuma referência é feita à cruz e a execução por meio de crucificação. Segundo a Lei de Moisés, a forma de execução no Antigo Testamento era por apedrejamento.

Mas o corpo do condenado era pendurado sobre um madeiro (uma árvore ou estaca) para servir de advertência às pessoas. Esse ato era considerado extremamente vergonhoso e identificado como uma marca de maldição. Por isto é dito que aquele que for pendurado no madeiro é maldito de Deus (Deuteronômio 21:22,23). O apóstolo Paulo interpretou esse texto de Deuteronômio ao falar sobre como Cristo nos resgatou da maldição da Lei, fazendo-se maldição por nós (Gálatas 3:13).

Em outras passagens do Novo Testamento a cruz mantém essa concepção do Antigo Testamento de extrema vergonha e humilhação com relação a quem ficasse exposto nela (cf. Atos 5:30; 10:39; 1 Pedro 2:24. Hebreus 12:2).

No Novo Testamento a cruz também é aplicada em algumas passagens de forma figurada. Assim ela aparece na condição de que todo seguidor genuíno de Cristo deve tomar a sua própria cruz, indicando um estado de completa renuncia diante da causa do reino de Deus (Mateus 16:24; Marcos 8:34; Lucas 9:23).

Mas sem dúvida o maior significado da cruz no Novo Testamento, é como uma expressão de todo o conceito da obra redentora de Cristo. Dessa forma a cruz aponta para a realidade da expiação substitutiva que o Filho de Deus realizou para redimir o seu povo (1 Coríntios 1:18; Gálatas 6:14; Filipenses 3:18). Foi na cruz que Cristo reconciliou o pecador com Deus (Colossenses 1:20).

Consequentemente, a cruz também é utilizada no Novo Testamento como um símbolo da união do redimido com seu Salvador. É dessa forma que Paulo declara já estar crucificado com Cristo, de modo que é o próprio Cristo que vive nele (Gálatas 2:20).

A cruz como símbolo do cristianismo

Todas as religiões do mundo possuem símbolos que as identificam. Com o cristianismo isto não é diferente, e com o tempo a cruz tornou-se seu principal símbolo. Acredita-se que já no primeiro século a figura da cruz passou a ser utilizada para identificar os cristãos.

Estudiosos apontam para a possibilidade de antes mesmo da queda de Jerusalém em 70 d.C., a cruz já ter sido utilizada como forma de identificação dos cristãos daquela cidade. Inclusive, alguns túmulos de cristãos que datam dessa época trazem a figura da cruz impresso neles.

Aqui é importante entender que o Novo Testamento não deixa nenhuma recomendação com relação ao uso de símbolos e figuras por parte dos cristãos. Não há um versículo se quer que encoraje o uso da cruz ou qualquer outro símbolo. Portanto, isto significa que quando os cristãos primitivos adotaram o uso da cruz como representação de sua Fé, eles o fizeram simplesmente com o objetivo de servir de identificação.

É errado usar a cruz?

Exclusivamente como um símbolo que identifica o cristianismo, não há um problema no uso da cruz. Mas é inegável o fato de que posteriormente foi atribuído um significado à cruz que é estranho às Escrituras e que deve ser rejeitado. Ela passou a ser vista e utilizada como um objeto que supostamente teria poderes místicos, e assim foi adotada como um tipo de relíquia sagrada.

Esse tipo de interpretação errada e supersticiosa sobre o significado da cruz, fica claro no fato de que até supostas lascas da cruz já foram vendidas a fieis. Esse tipo de coisa não apenas é um erro, como também um desvio de seu verdadeiro significado.

Por este motivo os reformadores procuraram evitar o uso da cruz. Eles não achavam que a cruz como um símbolo de identificação tinha algo de errado. Eles queriam apenas suprimir qualquer tipo de idolatria que pudesse surgir da má interpretação desse símbolo.

A cruz em si não tem nada de especial ou poderoso. Pessoas eram crucificadas pelos romanos frequentemente. O próprio Jesus foi crucificado no meio de outras duas pessoas que também morreram numa cruz. Isto significa que o ponto central não é exatamente a cruz, mas quem estava nela. O significado da cruz ainda remete a ideia de maldição e morte, a menos que Cristo seja reconhecido como Aquele que se fez maldito para, através da cruz, prover redenção ao seu povo.