A rosa de Sarom era uma planta que crescia na Palestina nos tempos bíblicos do Antigo Testamento. Embora sua identificação seja incerta atualmente, parece que essa planta era bem conhecida entre o povo de Israel.
A rosa de Sarom, como seu nome indica, era proveniente de uma planície conhecida como Sarom. Essa planície costeira se estendia por oitenta quilômetros, indo do sul do monte Carmelo até Jafa, formando uma faixa estreita com cerca de quinze quilômetros de largura. Nos tempos bíblicos, em Sarom havia várias áreas pantanosas que eram formadas em terrenos impermeáveis que resistiam à drenagem das águas de alguns rios que corriam naquela planície.
Além disso, o tipo de solo de Sarom favorecia o crescimento de grandes carvalhos que formavam uma verdadeira floresta. Então Sarom não era uma área densamente habitada pelos israelitas. Na verdade, muitos deles usavam as terras de Sarom como pastagem para seus rebanhos.
Por isso o Sarom é citado em algumas passagens bíblicas de modo a destacar sua fertilidade e suas características adequadas para a agricultura e o pastoreio (cf. 1 Crônicas 27:29; Isaías 33:9; 35:2; 65:10).
A rosa de Sarom
No meio das imensas árvores da região verde de Sarom, brotava uma delicada flor que é chamada em nossas traduções da Bíblia em português como “rosa de Sarom”. Contudo, é amplamente aceito entre os estudiosos que a rosa de Sarom não era exatamente uma rosa.
O que acontece é que a rosa de Sarom é citada uma única vez no texto bíblico. E nessa referência a palavra “rosa” traduz um termo original que provavelmente tem a ver com um verbo hebraico que significa “formar bulbos”, indicando assim que a rosa de Sarom era uma planta de raiz bulbosa ou tuberosa.
É claro que é possível que na Palestina crescesse algumas espécies de rosa, e que o arbusto da roseira também produz um tipo de bulbo. Mas as características da região de Sarom parecem favorecer outro tipo de planta. Por isso a maioria dos estudiosos sugere que talvez a rosa de Sarom fosse o açafrão, ou o narciso, ou ainda a anêmona, etc.
Também vale saber que a planta chamada de “rosa de Sarom” atualmente é um hibisco que tem origem na China e nada tem a ver com a planta que crescia na Palestina nos dias em que os textos bíblicos foram escritos.
O significado da rosa de Sarom
Como já foi dito, a rosa de Sarom é citada uma única vez em toda a Bíblia. Isso ocorre no livro poético de Cantares de Salomão, que descreve, em poesia, a bênção do amor conjugal. E num diálogo entre o esposo e sua amada no capítulo 2, a esposa declara: “Eu sou a rosa de Sarom, o lírio dos vales” (Cantares 2:1).
Ao fazer essa declaração, de forma modesta a esposa estava se comparando a flores silvestres. Mas o esposo também responde de forma figurada dizendo que de fato a esposa pode ser comparada a uma flor, mas sua beleza supera todos os arbustos espinhosos que estão ao seu redor, indicando que ela se destaca entre outras donzelas (Cantares 2:2).
Com o tempo, tornou-se popular entre os cristãos o costume de atribuir ao Senhor Jesus Cristo a referência da rosa de Sarom. No entanto, em nenhuma parte da Bíblia há essa conexão entre Jesus e a rosa de Sarom. Em outras palavras, Jesus não é a rosa de Sarom na Bíblia.
Mesmo que o livro de Cantares também seja considerado por muitos estudiosos como uma referência alegórica do relacionamento de Cristo com a sua Igreja, ainda assim a rosa de Sarom é uma descrição da esposa e não do esposo.