Qual o Significado de Sacrifício na Bíblia?

Na Bíblia, sacrifício significa basicamente uma oferta oferecida a Deus. No contexto do culto judaico, por exemplo, essa oferta consistia de animais imolados, alimentos, bebidas e incenso. O sistema de sacrifícios era uma parte fundamental da adoração em Israel. Os crentes do Antigo Testamento ofereciam sacrifícios regulares ao Senhor. Mas no Novo Testamento, Cristo é apresentado como o nosso sacrifício perfeito.

Várias palavras hebraicas e gregas são usadas nos textos bíblicos para designar os diferentes tipos de ofertas que faziam parte do sistema de sacrifícios dos judeus. Os detalhes de como deveriam ser os sacrifícios oferecidos a Deus pelos israelitas está registrado no Pentateuco, sobretudo no livro de Levítico.

A origem do sistema de sacrifícios

O sacrifício não era uma exclusividade da nação de Israel. Isso significa que os sacrifícios também faziam parte da vida religiosa de outros povos. Mas é importante saber que toda regulamentação do sistema sacrifical de Israel foi ordenada pelo próprio Deus.

Isso quer dizer que, diferentemente de outros povos, o sistema de sacrifícios dos israelitas realmente possuía um significado com implicação eficaz no relacionamento entre o homem e Deus.

E outras palavras, os sacrifícios oferecidos por outros povos aos seus deuses faziam por aumentar o seu pecado diante de Deus. Esses sacrifícios configuravam idolatria e possuíam motivações pecaminosas. Nesse contexto havia até sacrifícios humanos que chegavam ao ponto de pais oferecerem seus próprios filhos em sacrifício aos deuses pagãos.

Mas o sistema de sacrifícios dos israelitas era exatamente o oposto disso. Os sacrifícios oferecidos pelos crentes hebreus tinham por finalidade expiar o pecado que destrói o relacionamento do homem com Deus e também agradecer ao Senhor pelas bênçãos derramadas.

Mas qual foi a origem dos sacrifícios em Israel? Essa pergunta pode ser respondida considerando dois aspectos. Em primeiro lugar, como já foi dito, o sistema de sacrifícios foi instituído em Israel pelo próprio Deus. Ele deu instruções para a construção de um santuário, designou sacerdotes e estabeleceu os diferentes tipos de ofertas e sacrifícios, cada qual com suas funções e características.

Em segundo lugar, precisamos considerar que antes mesmo da oficialização da religião judaica já havia a ocorrência de sacrifícios a Deus por parte de homens fieis. Pessoas como Noé, Abraão, Isaque e Jacó construíram altares e ofereceram sacrifícios ao Senhor (Gênesis 8:20; 12:6-8; 26:25; 33:20; etc.). Até mesmo Jó, que talvez tenha vivido no período patriarcal, também oferecia sacrifícios regulares (Jó 1:5).

Então parece que essas pessoas ofereceram sacrifícios a Deus em resposta a uma revelação divina sobre tal necessidade. Isso pode ter acontecido desde Adão, já que Abel e Caim aparecem na Bíblia envolvidos num ato de apresentação de uma oferta ao Senhor (Gênesis 4:3,4). Inclusive, muitos comentaristas bíblicos consideram que o primeiro sacrifício feito na História ocorreu na ocasião em que Deus providenciou peles de animais para servirem de roupas para Adão e Eva após o pecado (Gênesis 3:21).

Os tipos de sacrifícios em Israel

O sistema de sacrifícios em Israel englobava três aspectos: consagração, comunhão e expiação. Por causa do distanciamento linguístico, cultural e temporal, há certa dificuldade em interpretar alguns detalhes específicos de cada oferta e sacrifício que fazia parte da religião israelita.

1. Holocaustos

Parte importante do sistema de sacrifícios era o holocausto. Holocaustos faziam parte dos sacrifícios diários apresentados a Deus pelos sacerdotes duas vezes ao dia, um pela manhã e outro pela tarde (Levítico 1; 6:8-13; 8:18-21; 16:24). Nesses sacrifícios diários, era oferecido um cordeiro de um ano em holocausto, além de um décimo de um efa de farinha como oferta de manjares. Aos sábados as ofertas diárias eram dobradas (Números 28:9; Levítico 24:8).

Além disso, os israelitas também podiam oferecer a Deus um holocausto como sacrifício particular e voluntário através dos sacerdotes. Nesse caso podiam ser utilizados bezerros, carneiros e aves sem defeito. A escolha do animal também dependia da situação econômica do ofertante. Saiba mais sobre o significado do holocausto na Bíblia.

2. Ofertas de manjares

Havia também a oferta de manjares que era um tipo de sacrifício em que o ofertante oferecia a Deus certos alimentos como farinha, pão assado e grãos, com azeite, incenso e sal, acompanhados de vinho (Levítico 2:1-16; 23:13). Jamais deveria ser usado fermento e mel. Uma parte da oferta era queimada a Deus e a outra parte era dada ao sacerdote.

3. Ofertas pacíficas

Outro tipo de oferta que fazia parte do sistema de sacrifícios em Israel era a oferta pacífica. Nesse tipo de oferta era oferecido um animal do gado sem defeito. A oferta pacífica era uma “oferta de comunhão” e também era utilizada como uma oferta de ação de graças. É interessante saber que no caso da oferta pacífica o adorador também podia comer dela. Essa oferta ser em caráter voluntário ou obrigatório, caso estivesse atrelada a algum voto a Deus.

Também fazia parte do sistema de sacrifícios a oferta pelo pecado e a oferta pela culpa. Esses dois tipos de ofertas eram muito similares. Essas ofertas eram obrigatórias, pois obviamente todos os adoradores cometiam pecado. Entenda melhor o que eram as ofertas pacíficas.

4. Sacrifícios pelo pecado e pela culpa

Os sacrifícios pelo pecado e pela culpa diziam respeito aos pecados cometidos contra Deus e contra o próximo. O objetivo desses sacrifícios era restaurar o relacionamento do adorador com Deus que havia sido comprometido pelo pecado.

Na oferta pelo pecado podiam ser oferecidos novilhos, cabras, carneiros, aves e um décimo de um efa de flor de farinha. A escolha da oferta também estava relacionada a condição econômica do ofertante. Já na oferta pela culpa era sempre oferecido um carneiro sem defeito, além da restituição monetária para a parte ofendida, se fosse o caso.

5. O sistema de sacrifícios e as dadas e festividades nacionais

Dentro do sistema de sacrifícios também eram consideradas certas dadas especiais e festividades nacionais, chamadas de “santas convocações”. Nessas datas geralmente eram acrescidos certos sacrifícios àqueles já oferecidos diariamente. Isso ocorria na Páscoa, na Festa dos Pães Asmos, na Festas das Semanas, na Festas das Trombetas, na Festa dos Tabernáculos e no Dia da Expiação.

Aqui podemos destacar o Dia da Expiação como uma data de suma importância dento do sistema de sacrifícios. Essa celebração acontecia uma vez por ano. Nessa data todo o povo israelita devia se dedicar completamente a uma profunda análise de sua vida perante Deus, reconhecendo sua pecaminosidade e demonstrando verdadeiro arrependimento.

No Dia da Expiação eram oferecidos sacrifícios especiais para a expiação do pecado e o sumo sacerdote de Israel entrava no Santo dos Santos para aspergir sobre o propiciatório o sangue do animal sacrificado.

Cristo e os sacrifícios na Bíblia

Todo o sistema de sacrifícios do Antigo Testamento apontava para Cristo. Uma vez que Cristo veio e cumpriu de forma perfeita e definitiva o verdadeiro sacrifício em expiação pelo pecado de seu povo, o sistema sacrifical veterotestamentário não é mais necessário.

A Carta aos Hebreus trata de forma muito clara essa doutrina fundamental da Fé Cristã. O escritor bíblico explica que Antiga Aliança era temporária, enquanto a Nova Aliança é permanente, e torna a primeira obsoleta (Hebreus 7:22; 8:6,13; 10:20). Então os sacrifícios oferecidos na Antiga Aliança eram uma sombra da realidade que é Cristo e sua obra redentora (Hebreus 8:5; 9:23,24; 10:1).

Enquanto o sistema de sacrifícios da Antiga Aliança era mediado por um sacerdócio pecador e transitório, na Nova Aliança Cristo se apresenta como o Sumo Sacerdote eterno e sem pecado (Hebreus 7:16-27; 9:7).

Então não há mais a necessidade de sacrifícios de animais diários e contínuos. Cristo, o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo, se ofereceu em sacrifício de uma vez por todas. Agora o povo de Deus não depende mais uma expiação com validade de um ano, pois em Cristo a propiciação pelo pecado é eterna (Hebreus 7:25-27; 9:11-26; 10:4-19). Cabe aos crentes agora se oferecem a si mesmos como sacrifícios vivos de gratidão pelos maravilhosos atos redentores de Deus (Romanos 12:1).