O Que Significa Sinagoga de Satanás na Bíblia?

Sinagoga de Satanás é uma expressão utilizada duas vezes na Bíblia no livro do Apocalipse para se referir à oposição judaica que tomou forma contra a comunidade cristã. Essa expressão aparece nas cartas às igrejas de Esmirna e Filadélfia (Apocalipse 2:9 e 3:9).

A oposição dos judeus contra os cristãos

Depois do Pentecostes, nas primeiras décadas do Cristianismo, o Evangelho rapidamente começou a ser pregado em todo Império Romano. Os romanos não distinguiam exatamente os cristãos dos judeus. Isso significa que os cristãos eram vistos no mesmo nível dos judeus. Por isso eles desfrutavam de certa proteção, já que o Judaísmo era tolerado.

Todavia, após queda de Jerusalém em 70 d.C., a distinção entre o Cristianismo e o Judaísmo passou a ser mais clara e evidente. Isso ocorreu especialmente porque os judeus começaram a ameaçar a Igreja. Eles passaram a acusar os cristãos diante dos romanos a fim de promoverem uma perseguição.

Os judeus realmente se concentraram em se opor ao Cristianismo. Inclusive, eles expulsavam e proibiam os cristãos de frequentaram suas Sinagogas, amaldiçoando-os e negando qualquer tipo de proteção civil. A acusação dos judeus contra os cristãos basicamente consistia em afirmar que os cristãos desonravam César ao honrarem Jesus como Senhor.

Essa grande perseguição ocorreu na última década do primeiro século. Nesse período muitos cristãos foram presos, cruelmente torturados e brutalmente mortos. Foi exatamente nesse período que o livro do Apocalipse foi escrito.

O significado das Sinagogas de Satanás

Como grandes e intensos perseguidores dos seguidores de Cristo, os judeus passaram a atuar como verdadeiros agentes de Satanás. Por isso Jesus, através do apóstolo João, associa as Sinagogas judaicas das cidades de Esmirna e Filadélfia com a ação de Satanás. Daí se explica o significado da expressão “Sinagoga de Satanás”.

Os dois versículos em que essa expressão aparece enfatiza muito claramente a oposição e o comportamento hostil dos judeus contra os cristãos:

Conheço as tuas obras, e tribulação, e pobreza (mas tu és rico), e a blasfêmia dos que se dizem judeus, e não o são, mas são a sinagoga de Satanás (Apocalipse 2:9).

Eis que eu farei aos da sinagoga de Satanás, aos que se dizem judeus, e não são, mas mentem: eis que eu farei que venham, e adorem prostrados a teus pés, e saibam que eu te amo (Apocalipse 3:9).

A Sinagoga de Satanás em Esmirna

A carta à Igreja em Esmirna destaca a comunidade judaica daquela cidade como uma força que se opunha a comunidade cristã ali. Os judeus se negavam a reconhecer Jesus como sendo o Messias prometido. Na verdade eles faziam questão de amaldiçoá-lo juntamente com seus seguidores.

Tempos depois, um episódio caracterizou a grande oposição dos judeus naquela cidade. Policarpo, um líder cristão que havia sido bispo da igreja de Esmirna, foi condenado à morte com notória participação dos judeus nessa sentença. Registros indicam que eles foram os primeiros a ajuntar a lenha para a fogueira em que Policarpo foi queimado.

Mesmo conhecendo as Escrituras que testificam de Cristo, e mesmo tendo acesso à verdade acerca de Deus, os judeus preferiam intencionalmente negá-la, e assim cometiam blasfêmia. Por isso, enquanto os cristãos eram identificados como filhos espirituais de Abraão, os judeus de Esmirna foram associados à Satanás.

A Sinagoga de Satanás em Filadélfia

A carta à igreja de Filadélfia também traz a repreensão contra os judeus na expressão “Sinagoga de Satanás”. A situação era exatamente a mesma que ocorria em Esmirna. Ali os judeus que se orgulhavam em afirmar ser o povo eleito do Senhor tinham se tornado instrumentos nas mãos de Satanás. Eles negavam as Escrituras, blasfemavam contra Deus e se empenhavam em destruir a Igreja.

Esses judeus são chamados de mentirosos porque eles reivindicavam ser o povo de Deus, mas na verdade agiam como agentes do diabo. Na sentença contra eles, Jesus afirma que esses judeus opositores confessariam que Cristo ama o seu povo. Esse povo é o verdadeiro Israel formado por judeus e gentios, redimidos em Cristo, a Igreja santa.

Para entender melhor essa oposição, é interessante saber que na década de 90 d.C., os líderes judaicos se reuniram no Concílio de Jamnia. Nesse concílio eles reconheceram o cânon do Antigo Testamento e oficializaram ainda mais a oposição aos cristãos.

Eles também formularam entre as chamadas Dezoito Bênçãos recitadas na liturgia judaica, a que veio a ser a décima segunda bênção, que constitui uma maldição contra os apóstatas. Os estudiosos concordam que essa maldição era direcionada especialmente contra os cristãos. De certa forma ela visava reprimir os judeus convertidos que ainda se infiltravam nas Sinagogas.

Todas as Sinagogas são Sinagogas de Satanás?

Também é importante entender que a expressão “Sinagoga de Satanás”, referindo-se à oposição judaica, não significa que todos os judeus rejeitavam Jesus e empenhavam-se em uma intensa perseguição contra os cristãos.

Também a expressão “Sinagoga de Satanás” também não significa que todas as Sinagogas eram governadas por Satanás. As cartas direcionadas as outras igrejas da Ásia Menor não fazem qualquer referência direta ao estabelecimento de Satanás nas Sinagogas judaicas.