O Tabernáculo era o lugar onde Deus escolheu manifestar a sua presença de glória no meio de seu povo. O Tabernáculo também é chamado no Antigo Testamento de “santuário” e “tenda da congregação”. Essa designação indica seu propósito e significado em ser um lugar de reunião entre Deus e seu povo escolhido.
O Tabernáculo foi construído de acordo com as especificações que Moisés recebeu diretamente do próprio Deus (Êxodo 25:1-31:18). Isto teve lugar por ocasião da aliança que Deus estabeleceu com seu povo no Sinai. Então Israel deveria ser reconhecido como o povo pertencente ao Senhor, e o Tabernáculo serviu como símbolo claro da autoridade divina sobre aquele povo.
O Tabernáculo foi usado como santuário portátil durante a peregrinação pelo deserto. Os levitas eram os responsáveis por montar, desmontar e transportar o Tabernáculo. Depois, mesmo após os israelitas terem entrado em Canaã, o Tabernáculo continuou sendo utilizado por eles durante muito tempo.
Devido a sua portabilidade, o Tabernáculo esteve em diferentes locais da Terra Prometida, até chegar finalmente em Jerusalém, quando o rei Salomão construiu o Templo (cf. Josué 18:1; 1 Samuel 21; 1 Crônicas 16:39; 1 Reis 8:4). Depois da construção do Templo não havia mais a necessidade de se transportar o Tabernáculo como um santuário móvel.
Como era o Tabernáculo?
O Tabernáculo constituía uma estrutura de madeira de 13,5 metros de comprimento por 4,5 metros de largura. Sua altura também era de 4,5 metros. O Tabernáculo era cercado por dez grandes cortinas de tecido nobre bordadas com figuras de querubins. Havia dois conjuntos de cinco cortinas de linho fino, cada uma delas com 12,5 metros de comprimento por 1,8 metros de largura.
A fim de proteger essas cortinas mais internas, havia também dois conjuntos de cortinas de pelos de cabra que cobriam o Tabernáculo como uma tenda (Êxodo 26:7). O Tabernáculo ficava dentro de um espaço fechado de 45 metros de comprimento por 22 metros de largura. Esse local era chamado de átrio, onde ficava o altar do holocausto e a pia de bronze (Êxodo 27:1-8; 30:17-21; 38:1-8).
Além disso, no arraial dos israelitas o Tabernáculo era cercado primeiramente pelas tendas dos levitas, e depois pelas tendas das doze tribos. Três tribos armavam suas tendas no lado norte, outras três no lado sul, mais três a leste, e as três últimas a oeste.
O Tabernáculo, propriamente dito, era dividido em duas partes por um véu ou cortina interior (Êxodo 26:31). Esses dois compartimentos eram: o Santo Lugar e o Santo dos Santos (Êxodo 26:33). O Santo dos Santos tinha a forma cúbica, enquanto que o Santo Lugar tinha seu cumprimento duas vezes mais longo que sua largura.
Para falar sobre os detalhes do Tabernáculo, os textos bíblicos empregam termos técnicos muito específicos e particulares da arquitetura da época. Isso faz com que haja uma dificuldade em apresentar com exatidão a imagem do Tabernáculo.
Os móveis do Tabernáculo
Quando Deus deu as instruções para a construção do Tabernáculo, Ele também considerou seus móveis e utensílios. Cada detalhe tinha uma importância especial como símbolo da habitação de Deus com seu povo.
No Santo Lugar ficavam a mesa dos pães da proposição, o altar de incenso e o candelabro. Enquanto isso, no Santo dos Santos ficava exclusivamente a Arca da Aliança. Como já foi dito, no átrio também ficavam o altar do holocausto e o lavatório. Vejamos um pouco mais sobre esses móveis do Tabernáculo.
Altar do holocausto
O altar do holocausto também era chamado de “altar de bronze”. Esse altar ficava na parte externa, no átrio do Tabernáculo. Eram nesse altar que as ofertas trazidas para serem oferecidas a Deus eram completamente queimadas (Êxodo 27:1-19).
O lavatório
Era uma bacia de cobre ou bronze que ficava entre o altar do holocausto e a porta do Tabernáculo (Êxodo 30:17-21; 38:8; 40:30-32). Essa bacia armazenava a água que os sacerdotes usavam para se lavar. A Bíblia não fornece nenhum detalhe sobre seu tamanho ou capacidade de armazenagem.
Mesa dos pães da proposição
Todos os sábados eram colocados sobre essa mesa doze pães, como ofertas a Deus. Cada pão representava uma das doze tribos de Israel. Esses pães eram substituídos por outros pães semanalmente. Somente os sacerdotes tinham autorização para comer os pães velhos (Êxodo 25:23-30; Levítico 24:5-8; 1 Samuel 21:1-6).
Candelabro
Esse candelabro (ou castiçal) possuía uma haste central e seis braços, três de cada lado da haste principal (Êxodo 25:31-40). Em cada braço eram colocadas lâmpadas abastecidas com azeite de oliva puro. A figura desse castiçal possui ainda hoje um importante papel nas celebrações judaicas.
Altar do incenso
O altar do incenso ficava no Lugar Santo. Nele era queimado incenso continuamente. O sacerdote era o responsável por ascender o altar do incenso pela manhã e também à tarde (Êxodo 26:1-37; 30:1-10). Nenhum tipo de sacrifício era queimado no altar do incenso.
Arca da Aliança
Era o símbolo máximo da presença de Deus no meio de seu povo escolhido. A Arca era uma urna feita de madeira de acácia, revestida de ouro puro por dentro e por fora. Ela possuía argolas de ouro em cada lado que serviam de suporte para sua locomoção. A Arca possuía uma tampa chamada de “propiciatório”. Nessa tampa estavam as figuras de dois querubins, que provavelmente eram feitos de ouro batido.
A Arca também era chamada de “Arca do Concerto” ou “Arca do Testemunho”. Essa designação faz referência às tábuas da Lei que ficavam armazenadas dentro dela. Essas tábuas continham as prescrições da aliança do Sinai (Êxodo 24:12; 25:10-22; Deuteronômio 10:1-5).
O significado do Tabernáculo
Como já foi bem explicado, o significado do Tabernáculo dizia respeito à representação da própria presença de Deus habitando com seu povo. Sob esse aspecto, os estudiosos ressaltam que o Tabernáculo tinha a função de prover uma separação entre o povo e a sagrada presença do Senhor. Nesse sentido os limites do Tabernáculo protegiam o povo de ser consumido pela santidade indescritível de Deus. Por isso que ninguém não autorizado podia adentrar no Tabernáculo em si.
No entanto, o Tabernáculo também tinha a função de servir como o local de comunhão entre Deus e seu povo. Nesse aspecto seu significado indicava um meio de se aproximar do Senhor e se relacionar com Ele. Por isso o povo tinha acesso à área externa do Tabernáculo, onde podiam confessar seus pecados, orar a Deus e oferecer seus sacrifícios.
Os sacerdotes eram responsáveis por levar as petições dos adoradores até o Santo dos Santos. Anualmente o chefe dos sacerdotes (sumo sacerdote) era autorizado a entrar na sala do trono do Altíssimo levando uma oferta de sangue para expiação do pecado povo. Essa oferta era derramada sobre o propiciatório, a tampa da Arca da Aliança.
Cristo e o Tabernáculo na Bíblia
O Novo Testamento revela que Cristo veio para cumprir o simbolismo do Tabernáculo e do Templo. O escritor de Hebreus escreve que Cristo é o Mediador de uma aliança superior, com promessas superiores, fundamentada num sacrifício superior. Por isso Ele é o Sumo Sacerdote perfeito e definitivo, pertencente a uma ordem superior que ministra num santuário superior e garante também uma esperança superior ao seu povo (Hebreus 7-10).
A obra redentora de Cristo é perfeita, e por isso hoje não precisamos mais dos móveis e utensílios que serviam de símbolo da presença de Deus no Tabernáculo. Na Nova Aliança, a adoração a Deus não está mais centralizada num determinado Templo terreno, mas a própria Igreja é o templo onde a presença de Deus habita com seu povo através do Espírito Santo. Por isso a Igreja é designada como o templo do Espírito (1 Coríntios 3:16; 2 Coríntios 6:16; Efésios 2:21).
Não há mais a necessidade da Arca da Aliança, pois Cristo é a revelação final de Deus (Colossenses 1:15). Nele podemos contemplar a justiça e a santidade divina. Também não há mais a necessidade de um altar de holocausto, e nem do propiciatório, pois Cristo ofereceu-se a si mesmo uma vez por todas como propiciação definitiva pelos pecados de seu povo.
Cristo é a luz do mundo, e já não se faz mais necessário o simbolismo do candelabro. Ele também é o verdadeiro pão da vida que desceu do céu. Ele nos alimenta, nos purifica e nos leva à santificação enquanto aguardamos o maravilhoso dia de sua volta. Então também não precisamos mais do altar de incenso, da mesa dos pães e do lavatório. Tudo isso pode ser entendido no significado da verdade bíblica de que o véu foi rasgado. Agora Cristo nos leva consigo ao Santo dos Santos no céu, o verdadeiro Tabernáculo celestial (Hebreus 8:2).