O terceiro céu é o paraíso. A expressão “terceiro céu” aparece uma única vez em toda a Bíblia. Ela foi empregada pelo apóstolo Paulo para falar sobre uma experiência que ele havia tido em sua vida. O apóstolo diz que foi levado ao terceiro céu de uma forma extraordinária (2 Coríntios 12:1).
Por que “terceiro céu”?
Muito provavelmente a expressão “terceiro céu” foi usada por Paulo para garantir que seus leitores realmente entendessem o que ele estava dizendo. Então ao falar em “terceiro céu” ele estava estabelecendo uma clara diferença entre esse lugar para onde ele foi arrebatado e os níveis inferiores do céu.
Embora o texto não especifique, havia uma enumeração comum que dividia o céu em três níveis. O primeiro céu seria a atmosfera terrestre. É o céu onde estão as nuvens e onde os pássaros voam. O segundo céu seria o firmamento, o espaço. É no segundo céu que estão as estrelas e os corpos celestiais.
Então nesse raciocínio, o terceiro céu é o lugar mais exaltado. A ideia do apóstolo não é estabelecer noções físicas de altitude, mas apontar para o céu que é lugar da habitação de Deus. Quando ele fala do terceiro céu, seu objetivo é falar de um lugar tão elevado que a mente humana não consegue compreender plenamente. Isso significa que não há um lugar mais sublime que o terceiro céu, e ninguém pode ir acima dele.
O que Paulo viu no terceiro céu?
O apóstolo Paulo não explica o que ele viu no terceiro céu. Na verdade ele nem queria falar que esteve no terceiro. Ele só resolveu contar essa experiência porque foi constrangido a isso. Naquele tempo alguns falsos apóstolos estavam tentando obter autoridade sob a igreja em Corinto.
Eles chegavam contando supostas experiências sobrenaturais e os coríntios ficavam impressionados com isso. Consequentemente, a pessoa do apóstolo Paulo era diminuída e desprezada. Parece que ele começou a ser visto como alguém menos espiritual e com menor autoridade do que aqueles pregadores impostores que anunciavam um evangelho falso.
Os falsos apóstolos diziam ter muitas revelações e visões. Então em 2 Coríntios 12 Paulo resolve registrar uma de suas experiências. Se os falsos apóstolos tinham suas supostas revelações, o verdadeiro apóstolo de Cristo também tinha a sua.
Paulo ficou até relutante em dizer o que aconteceu com ele. Ele se gloriava na cruz de Cristo e não nas em suas experiências, ainda que elas fossem legítimas. Por isso ele fala de si mesmo na terceira pessoa.
Ele diz conhecer um homem que havia sido arrebatado ao terceiro céu há quatorze anos da data em que estava escrevendo. No terceiro céu esse homem ouviu palavras inefáveis, coisas impronunciáveis que ao homem não é permitido falar.
Um indício do que o apóstolo teria visto pode ser entendido pela forma com que ele aplica a expressão “terceiro céu” como sinônimo de “paraíso”. Isso significa que Paulo foi levado ao lugar onde Deus habita; o lugar onde Ele se assenta em seu trono e governa todo o universo e dirige a História. Paulo não explica como é o terceiro céu, mas ele diz que ali é o paraíso.
Em outras palavras, se os falsos apóstolos diziam ter experiências sobrenaturais para contar, Paulo podia dizer que esteve na presença do próprio Deus. Ele foi ao lugar mais elevado que alguém poderia ir. Ainda assim ele preferia muito mais falar sobre seus sofrimentos por amor a Cristo.
Quantos céus existem segundo a Bíblia?
A expressão “terceiro céu” tem levado algumas pessoas a perguntarem quantos céus existem segundo a Bíblia. Como já foi dito, de forma geral a Bíblia aplica a palavra “céu” em três sentidos diferentes: o céu atmosférico, espacial e espiritual. Então nessa mesma linha, é possível dizer que a Bíblia fala apenas em três céus.
Os judeus costumavam dividir o céu em sete diferentes níveis. Influenciado por esse tipo de pensamento, alguns cristãos também sugerem uma divisão do céu espiritual. Mas interpretações assim não encontram base nas Escrituras.
De fato a Bíblia fala em diferentes graus de glória para os salvos, mas jamais fala da existência de níveis superiores ou inferiores no céu. Todos os salvos habitarão por toda a eternidade junto com Deus no novo céu e nova terra, independentemente de seus galardões.