Êxodo 6 registra a promessa de Deus a respeito do livramento dos israelitas da mão de Faraó. O estudo bíblico de Êxodo 6 ainda mostra as genealogias de Moisés e Arão, fazendo uma identificação formal de sua linhagem que culminou na casa sacerdotal de Israel.
O esboço de Êxodo 6 pode ser organizado em três partes principais:
- Deus promete livrar os israelitas do Egito (Êxodo 6:1-7).
- O desânimo dos israelitas (Êxodo 6:8-13).
- Genealogias de Moisés e Arão (Êxodo 6:14-30).
Deus promete livrar os israelitas do Egito (Êxodo 6:1-7)
Êxodo 6 começa como uma continuação direta do registro de Êxodo 5. Em Êxodo 5 lemos sobre como os israelitas foram oprimidos pelos egípcios após Moisés e Arão se apresentarem diante de Faraó para pedir que ele liberasse o povo para ir adorar no deserto. E a parte final do capítulo traz o relato da queixa dos israelitas contra Moisés e Arão, pois consideraram que eles eram culpados pelo aumento do trabalho forçado (Êxodo 5:15-21).
Então Moisés, por sua vez, se queixou com o Senhor questionando o fato de o sofrimento dos israelitas no Egito só ter aumentado desde que ele havia chegado naquela terra (Êxodo 5:23). Mas o problema é que Moisés não havia entendido ainda o propósito do Senhor. Nesse ponto a narrativa de Êxodo 6 tem inicio mostrando que aquela situação simplesmente preparava a manifestação da poderosa mão de Deus no livramento do seu povo (Êxodo 6:1).
Naquele contexto Deus reafirmou sua aliança inviolável (Êxodo 6:2-8). Deus explicou a Moisés que havia se revelado a Abraão, a Isaque e a Jacó como o Deus Todo-Poderoso, no hebraico El-Shaddai, mas agora havia se revelado por seu nome pessoal, Yahweh (Êxodo 6:3). O Senhor também relembrou que desde o tempo dos patriarcas Ele havia estabelecido sua aliança de dar-lhes a terra de Canaã (Êxodo 6:4).
A aliança de Deus com Abraão, Isaque e Jacó expressava o seu propósito para com Israel, ou seja, a aliança abraâmica incluía todo o povo israelita. Deus estava vendo a opressão sobre os israelitas e estava disposto a agir de acordo com essa aliança. Nesse ponto o texto bíblico diz que Deus se lembrou de sua aliança (Êxodo 6:5). Essa é uma linguagem antropopática que não significava que Deus havia se lembrado de algo que estava esquecido, mas que havia chegado o tempo oportuno de Ele agir conforme a sua promessa.
Então mais uma vez Deus ordenou que Moisés falasse aos israelitas que Ele haveria de tirá-los de debaixo das cargas do Egito. Deus livraria os israelitas da servidão e os resgataria “com braço estendido e com grandes manifestações de julgamento” (Êxodo 6:6).
A palavra “resgate” nesse texto traduz um termo hebraico que indica o restabelecimento dos direitos de uma pessoa mediante um resgate pago por um parente próximo. Deus já havia falado de Israel como seu “filho primogênito”; e agora Ele estava afirmando que resgataria Israel para que ficasse claro que aquela nação era o seu povo exclusivo (cf. Êxodo 4:22).
O desânimo dos israelitas (Êxodo 6:8-13)
Moises falou aos israelitas o que Deus havia lhe ordenado. Ele explicou a eles que Deus haveria de tirá-los do Egito para levá-los à terra que Ele mesmo prometeu dar a Abraão, a Isaque e a Jacó. Porém, os israelitas não atenderam a Moisés “por causa da ânsia de espírito e da dura escravidão” (Êxodo 6:8). A palavra “ânsia” traduz um termo que significa literalmente “pequenez”. O povo estava desanimado e incrédulo!
Contudo, Deus falou a Moisés que ele se apresentasse novamente diante de Faraó e lhe comunicasse mais uma vez a exigência divina para que o povo israelita fosse liberado para sair do Egito (Êxodo 6:10). Diante da ordem do Senhor, Moisés também se mostrou desanimado. Ele argumentou que se nem mesmo os filhos de Israel lhes davam ouvido, que dirá então Faraó? Além disso, mais uma vez Moisés alegou não saber falar (Êxodo 6:11,12).
Porém, Deus manteve a sua ordem a fim de tirar os filhos de Israel da terra do Egito. O desânimo e a incredulidade do povo e também de Moisés apontavam para o fato de que o livramento de Israel do Egito teria de ser realizado totalmente pelo Senhor. Do começo ao fim, a libertação dos israelitas seria uma obra inteiramente do Senhor.
As genealogias de Moisés e Arão (Êxodo 6:14-27)
A segunda parte do capítulo 6 de Êxodo traz as genealogias de Moisés e Arão (Êxodo 6:14-27). Essas genealogias recuam até Rúben, o filho primogênito de Jacó, Simeão e Levi (Êxodo 6:14-16). Essa seção é importante porque mostra o parentesco entre Moisés e Arão e também a legitimidade das lideranças civil e sacerdotal que eles desempenharam. Inclusive, vale lembrar que entre os levitas a casa de Arão foi escolhida para constituir a linhagem sacerdotal de Israel.
É essa genealogia de Êxodo 6 que informa os nomes dos pais de Moisés que ficaram ocultos no registro de seu nascimento em Êxodo 2. Seu pai se chamava Anrão e sua mãe Joquebede (Êxodo 6:20).
Alguns comentaristas sugerem que talvez essa seja uma genealogia apenas representativa ou simbólica que não deve ser interpretada de forma direta e literal. Em outras palavras, eles pensam que Anrão e Joquebede, por exemplo, são apenas nomes de ancestrais de Moisés, e não literalmente os nomes de seus pais.
Mas o fato de a genealogia trazer o detalhe de que Anrão era sobrinho de Joquebede parece desacreditar esse tipo de possibilidade. Isso porque uma genealogia representativa ou simbólica dificilmente registraria esse tipo de união que, inclusive, mais tarde foi proibido na Lei (cf. Levítico 18:12).
A genealogia de Êxodo 6 também não registra os descendentes de Moisés. A genealogia, que não é exaustiva, se concentra em aprofundar a genealogia de Arão para estabelecer a sucessão sacerdotal.
Por fim, Êxodo 6 termina novamente relembrando a convocação de Moisés para ser o instrumento que Deus haveria de usar na libertação de seu povo do Egito. Os versículos finais de Êxodo 6 servem de introdução para a história registrada em Êxodo 7 que mostra Moisés falando novamente a Faraó (Êxodo 6:28-30).