O Que é a Lei de Deus?

A lei de Deus pode ser definida como uma expressão de seu caráter justo e santo. Deus criou o homem para viver sob a sua lei. Isso significa que o homem não foi criado para viver segundo o seu próprio padrão moral, mas segundo o padrão moral exigido por Deus.

Essa lei moral de Deus é comunicada ao homem de várias formas. Ela está impressa na consciência do homem, na obra da criação e, especialmente, nas Escrituras. Ninguém pode alegar desconhecer a lei de Deus, pois em menor ou maior grau, todos recebem conhecimento sobre sua vontade.

A transgressão da lei de Deus

Logo que criou Adão e Eva, Deus deu instruções específicas sobre como eles deveriam viver. Eles receberam de Deus informações sobre o que podiam e não podiam fazer. A mensagem era muito clara: obedecer significaria viver e desobedecer significaria morrer (Gênesis 2:17; 3:3).

Isso não significava uma privação do homem como agente livre, mas uma preservação. Ao cumprir a lei de Deus, o homem desfrutaria da mais plena alegria e Deus seria glorificado.

O primeiro casal tinha condições de poder cumprir a lei de Deus. Sua vida dependia simplesmente de sua obediência à lei do Senhor. Eles foram criados absolutamente livres no sentido de poder fazer escolhas que agradavam a Deus. Mas eles desobedeceram, transgrediram a lei de Deus e por isso a morte entrou no mundo. A Bíblia chama essa transgressão da lei de Deus de “pecado”.

Adão era o cabeça da raça humana diante de Deus, isto é, ele era o representante da humanidade. Quando ele quebrou a lei de Deus, toda a humanidade também quebrou com ele. Quando Adão caiu, toda sua descendência caiu junto com ele. Assim, a natureza humana foi corrompida pelo pecado. Saiba o que significa pecado na Bíblia.

Aquela capacidade natural de poder obedecer à lei de Deus foi perdida. O coração do homem passou a ser inclinado ao mal. Por causa do pecado, o homem passou a odiar as coisas de Deus, e em sentir prazer em ofendê-lo. Por sua própria natureza, ninguém é capaz de fazer o bem diante de Deus.

A lei de Deus ao longo da História

No decorrer do tempo, Deus foi revelando sua lei de forma especial. Por exemplo, Ele comunicou sua vontade a Noé e aos patriarcas do povo de Israel. Essa revelação da vontade Deus foi sendo feita de forma progressiva na História.

Já nos dias de Moisés, Deus deu instruções bastante especificas e detalhadas ao seu povo. Essas ordenanças foram codificadas, e estavam em harmonia com o estágio da história da redenção naquele momento. Essa descrição da lei de Deus é chamada também de lei mosaica. Saiba quem foi Moisés.

A lei mosaica é bastante ampla e complexa, e abrange vários aspectos. Normalmente esses aspectos são classificados em três tipos na teologia:

  1. Lei Moral: indica o comportamento que Deus exige ao homem, e proíbe aquilo que lhe desagrada. A lei moral é sintetizada nos Dez Mandamentos.
  2. Lei Cerimonial: se refere a todo sistema religioso praticado no Antigo Testamento (cultos, rituais, etc.).
  3. Lei Civil: tinha o objetivo de regular a vida em sociedade da nação de Israel (regras sociais e criminais).

A vigência da lei de Deus

Engana-se quem pensa que a lei de Deus não é mais vigente. Na verdade, são os aspectos cerimoniais e civis da lei que não são mais aplicados a nós. O aspecto cerimonial da lei regulava o culto no Antigo Testamento, a adoração no Tabernáculo e no Templo. Já o aspecto civil da lei, servia para conduzir judicialmente a nação de Israel como o povo de Deus.

Tanto o aspecto cerimonial como o civil apontavam diretamente para Cristo. Eles tinham propósitos específicos e limitados, de acordo com as circunstâncias da época. Os rituais, cerimônias, sacrifícios e símbolos, eram temporários e foram cumpridos plenamente em Cristo.

No entanto, o aspecto moral da lei de Deus, que inclusive serviu de fundamento para os aspectos cerimonial e judicial, continua vigente. O padrão moral exigido por Deus não foi alterado e jamais será, pois seu caráter é imutável.

Essas ordenanças do Senhor são aplicáveis a todas as pessoas, em todos os lugares e épocas. A lei moral de Deus está expressa nas Escrituras, ela é sua Palavra que jamais passa. O que era pecado diante de Deus no tempo do Antigo Testamento continua sendo nos dias de hoje.

As funções da lei

A teologia reformada aponta três funções principais da lei de Deus. Em primeiro lugar, ela revela a justiça de Deus e aponta a pecaminosidade humana. A lei de Deus realça o pecado do homem, visto que ela expressa seu padrão moral. Por isso Paulo escreve que quando veio a lei o pecado aumentou (Romanos 5:20).

Aqui entendemos que o problema não é a lei, mas o pecado. A lei, em si, é boa, pois expressa a vontade de Deus e revela sua perfeição. Mas por causa do pecado, todos se tornaram transgressores dessa lei, e por ser uma lei, ela cumpre sua função: condenar o transgressor. Assim, a lei que foi dada para a vida, se torna ocasião de morte.

Em segundo lugar, a lei cumpre a função de refrear o mal moral. Ao mesmo tempo em que a lei aponta o erro, ela também traz ameaças de julgamento. Em certo sentido, ela acaba inibindo que a pecaminosidade do homem se agrave ainda mais. Isso não significa que a lei muda o coração do homem, pois isto ela é incapaz de fazer. O que a lei faz é coagir o homem, e causar-lhe certo temor do castigo.

Em terceiro lugar, a lei de Deus serve de orientação e exortação para o cristão. Ela ensina qual é a vontade de Deus para sua vida, e o adverte acerca do pecado. Assim, capacitado pelo Espírito Santo, aquele que foi regenerado procura guardar com zelo a lei de Deus (Salmo 19:7-14).

O cristão guarda a lei de Deus

O cristão verdadeiro não deseja guardar a lei de Deus por obrigação, mas como expressão de sua gratidão. Deus o salvou, o ressuscitou dos mortos, e agora ele sente prazer em agradá-la. Então ele se pergunta: “Como agradar a Deus?” Nesse sentido, a própria lei de Deus responde esta pergunta, e o Espírito Santo faz com que o regenerado compreenda sua resposta.

Uma função que a lei não possui é a de salvar. Ela aponta o pecado, mas não confere ao pecador o poder de cumprir suas exigências. Como ninguém é capaz de cumpri-la, ninguém pode ser salvo por ela (Gálatas 2:16). É por isto que a letra mata, mas o Espírito vivifica (2 Coríntios 3:6). Portanto, a salvação é pela graça, mediante a fé em Jesus Cristo (Efésios 2:8).

Deus aplicou a maldição da lei à pessoa de seu Filho Unigênito. Ele se fez maldito em lugar de seu povo. Os redimidos são justificados pelos méritos de Cristo, e não por suas boas obras e obediência à lei de Deus.

Mas como já foi dito, aquele que nasceu de novo agora possui uma nova natureza. Essa nova natureza deseja e ama as coisas do Senhor. Jesus disse que o amor de seus discípulos por Ele é provado pela obediência de seus mandamentos (João 14:15). Assim, os cristãos não estão sob a maldição da lei, mas estão sob a lei de Cristo, e tem nela sua regra de vida. A lei de Cristo é a mesma lei de Deus interpretada e aplicada pelo próprio Cristo (1 Coríntios 9:21).