O Que Significa “Peste Perniciosa” na Bíblia?

Na Bíblia, “peste perniciosa” significa basicamente doenças perigosas com potencial de se tornarem verdadeiras pragas e epidemias. Por isso alguns estudiosos interpretam a peste perniciosa como sendo uma referência a alguma doença infectocontagiosa. É o Salmo 91, em um de seus versos, que traz essa expressão: “Pois Ele te livrará do laço do passarinheiro e da peste perniciosa” (Salmo 91:3).

A palavra “peste” traduz um termo hebraico que significa “praga” ou “doença” que pode acometer humanos e animais. Esse termo hebraico vem de uma raiz que significa “falar”, “declarar”, “comandar”, “ameaçar”. Já a palavra perniciosa traduz um vocábulo que transmite um significado de “ruína”, “destruição” e “calamidade”. Então a expressão “peste perniciosa” diz respeito a uma praga mortal ou destruidora.

As pestes

As pestilências eram muito temidas nos tempos bíblicos. Os povos do antigo Oriente Próximo não contavam com água tratada e nem tinham um controle realmente eficaz de alimentos contaminados. Também não havia medidas apropriadas de higiene. Tudo isso facilitava a propagação de doenças a todo tempo.

Muitas vezes as pestes também serviam como instrumentos do juízo de Deus sobre os pecadores impenitentes. Nesse sentido, a primeira vez que o termo hebraico para pestilência aparece na Bíblia é em relação às pragas do Egito (cf. Êxodo 5:3). Os israelitas também foram avisados que a peste poderia ser enviada sobre eles caso desobedecessem aos preceitos do Senhor (Levítico 26:25) – o que de fato mais tarde acabou acontecendo algumas vezes (cf. 2 Samuel 24:13,15; 2 Crônicas 7:13,14; Habacuque 3:5).

Então nesses casos a peste era uma aflição vinda da mão de Deus sobre o povo rebelde e desobediente. Por isso o alívio de uma pestilência poderia ocorrer quando o povo se arrependesse, se humilhasse e buscasse a face do Senhor (2 Crônicas 7:13,14).

O significado da peste perniciosa

O salmista diz que Deus é quem livra o crente da peste perniciosa, mesmo daquelas que se propagam silenciosamente (cf. Salmo 91:6). O motivo para isso é que o crente habita no esconderijo do Altíssimo e descansa à sombra do Onipotente (Salmo 91:1,2).

Alguns comentaristas aplicam a expressão “peste perniciosa” para falar tanto de males físicos como de males espirituais, afinal a pestilência do pecado é realmente destruidora. Mas seja como for, Deus cuida do seu povo e o pode livrar de qualquer que seja a calamidade.

Além disso, alguns estudiosos observam que o fato de o salmista mencionar na mesma sequência o laço do passarinheiro e a peste perniciosa, indica que seu objetivo é enfatizar justamente o cuidado providencial de Deus cobre os Seus filhos diante dos diferentes tipos de males, sejam aqueles ocultos e sutis – como um laço do passarinheiro – sejam aqueles abertos, violentos e barulhentos, como uma peste perniciosa.

Isso, no entanto, não quer dizer que o crente é imune a qualquer calamidade física neste mundo. A Bíblia e a própria História trazem inúmeros casos de pessoas piedosas que foram atingidas por problemas assim. Na Idade Média, por exemplo, muitos cristãos tementes a Deus morreram pela peste; outros foram curados e sobreviveram; e outros nunca foram contaminados.

Então a questão aqui é que seja qual for a situação, o crente que está abrigado sob o cuidado do Senhor tal como os filhotes de uma águia se abrigam debaixo das penas das asas de sua mãe, não tem o que temer (Salmo 91:4). Ele pode ter calma onde outros de desesperam; ele sabe que tudo contribui para o seu bem – ainda que a situação não lhe seja prazerosa e confortável.

Portanto, na calamidade o crente caminha com calma e serenidade, afinal ele sabe que a peste perniciosa não está além do controle do Deus em quem ele deposita sua confiança. C. H. Spurgeon define muito bem esse ponto dizendo que a fé, alegrando o coração do crente, o mantém livre do medo que, em tempos de peste, mata mais do que a própria praga.