Aquele Que Habita no Esconderijo do Altíssimo

A declaração “Aquele que habita no esconderijo do Altíssimo à sombra do Onipotente descansará” fala das bênçãos da proteção e do cuidado divino que os crentes podem desfrutar (Salmo 91:1). O esconderijo do Altíssimo é o lugar secreto na presença do Senhor onde há comunhão íntima entre Deus e seu povo.

Não conhecemos a identidade do salmista que escreveu essas palavras; nem mesmo a ocasião em que isso aconteceu. Alguns estudiosos sugerem que talvez ele estivesse atravessando dias perigosos e de dificuldades – quem sabe uma guerra. Mas seja como for, o que de fato sabemos é que ele não estava amedrontado. Ele tinha certeza de que “Aquele que habita no esconderijo do Altíssimo à sombra do Onipotente descansará”.

Aquele que habita no esconderijo do Altíssimo: o que isso significa?

Habitar no esconderijo do Altíssimo significa estar sob a proteção divina. Um esconderijo transmite a ideia de segurança e abrigo longe das ameaças. Mas a verdade é que nem todo esconderijo é seguro. Algumas pessoas buscam se esconder em suas próprias riquezas, força, fama e prestígio social; e assim elas vivem iludidas desfrutando de uma falsa segurança.

No entanto, o salmista não fala de qualquer esconderijo. Ele fala do “esconderijo do Altíssimo”. A palavra “esconderijo” traduz um termo hebraico que significa “cobertura”, “refúgio” ou “lugar secreto”. Então quando o salmista diz: “Aquele que habita no esconderijo do Altíssimo”, ele está contrastando o poder infinito de Deus e a frágil defesa humana.

Isso está em plena harmonia com a verdade bíblica acerca de quem é o nosso Deus. Como escreve o outro salmista: Deus é o nosso refúgio e fortaleza, socorro bem presente na hora da angústia (Salmo 46:1).

Na adoração do Antigo Testamento o Santo dos Santos no Santuário era o símbolo máximo da habitação do povo fiel em comunhão com Deus, e de Deus com seu povo. Quando o Templo de Jerusalém foi destruído, muitos judeus tiveram dificuldade de entender que habitar em Deus era algo muito mais profundo do que simplesmente morar na capital de Judá diante do Templo. Por isso muitos pensavam que não podiam cantar longe de Sião (Salmo 137).

Mas o Deus Altíssimo não é uma divindade territorial; Ele é o Deus de toda a terra. José do Egito, o profeta Daniel e seus amigos, o profeta Ezequiel e tantos outros crentes verdadeiramente habitaram no esconderijo do Altíssimo apesar de estarem em terras estranhas.

Hoje, em Cristo, através do poder do Espírito Santo, a Igreja habita no esconderijo de Deus, e Deus habita na Igreja (1 Coríntios 3:16). Como diz Agostinho de Hipona, “o Espírito Santo nos faz habitar em Deus, e Deus em nós”.

À sombra do Onipotente descansará

O salmista diz que aquele que habita no esconderijo do Altíssimo descansa à sombra do Onipotente. O escritor bíblico aplica a palavra “sombra” como uma metáfora para proteção e cuidado. Ele estava acostumado com regiões desérticas onde o sol escaldante podia ser muito perigoso.

Então a “sombra do Onipotente” é uma expressão que representa a extensão, a eficácia e o alívio que há na abundante proteção de Deus. Como diz W. Wiersbe, o lugar mais seguro da terra é uma sombra, se essa sombra for do Deus Onipotente.

Mas o salmista não apenas diz: “Aquele que habita no esconderijo do Altíssimo à sombra do onipotente descansará”. Ele também completa: “Direi ao Senhor: Meu refúgio e meu baluarte; Deus meu, em quem confio” (Salmo 91:2).

O reformador João Calvino observa muito bem quando diz que “o crente faz mais do que simplesmente resolver tomar Deus como sua fortaleza; ele se achega para mais perto na confiança das promessas divinas, e fala com Deus de forma familiar” (Comentário dos Salmos). É realmente significativo o modo como o salmista diz a Deus: “Meu refúgio e meu baluarte; Deus meu”. Isso é intimo, é pessoal, é familiar.

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Altíssimo, Onipotente, Senhor e Deus meu

Aqui não podemos ignorar os quatro nomes divinos que o salmista usa para se referir a Deus. Primeiro ele fala do “esconderijo do Altíssimo” – no original Elyon – que é uma designação que enfatiza a supremacia de Deus sobre tudo e sobre todos. Concordo com Derek Kidner quando diz que “Altíssimo” é um título que reduz todas as ameaças ao seu tamanho certo.

Depois ele fala da “sombra do Onipotente” – no original Shadday, que significa Todo-Poderoso. Esse é o nome que foi revelado aos patriarcas que peregrinavam em fidelidade à promessa divina (Êxodo 6:3). Ele também escreve: “Direi ao SENHOR” – no original Yahweh, “Eu Sou o que Sou”, o nome pessoal do Deus da aliança (Êxodo 3:14).

Por último, o salmista usa o termo geral “Deus” – no original Elohim. Mas ainda assim ele o faz de uma forma muito especial. Ele não apenas aplica o substantivo “Deus”, mas acrescenta o possessivo “meu”.

Com isso ele enfatiza que não é de qualquer divindade que ele está falando; ele não está se referindo aos muitos deuses falsos que eram conhecidos no antigo Oriente Próximo. Ele está falando de forma íntima do Deus verdadeiro, que apesar de ser o Altíssimo, o Onipotente, o Eu Sou, é também o Deus que cuida providencialmente do seu povo de forma tão pessoal que o crente pode se achegar a Ele dizendo: “Deus meu”.

Então Aquele que habita no esconderijo do Altíssimo e descansa à sombra do Onipotente, tem paz com Ele; por mais adversas que sejam as circunstâncias. E essa paz que resulta em segurança e satisfação só é possível por meio de Jesus Cristo.

Se podemos nos aproximar de Deus, a ponto de dizermos que habitamos no esconderijo do Altíssimo e descansamos confortavelmente à sombra do Deus Todo-Poderoso, é porque Cristo conquistou esse direito por nós.

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